Sócio da Sephora no Brasil defende redução de impostos para que preços sejam competitivos

SIMONE SERPA E ISABELA LEAL

Colaboração para o UOL

Com o anúncio, em julho passado, da compra de 70% da Sack’s pela Sephora e, assim, do início da vinda da gigante francesa de varejo de cosméticos ao Brasil por meio da maior empresa de venda de beleza online no país, as especulações começaram entre mercado e consumidores. Como será a versão brasileira da Sephora, a empresa do grupo LVMH que tem mais de 900 pontos de venda em 24 países, dos Estados Unidos à Croácia, em regiões glamourosas como a 5ª Avenida nova-iorquina e a Champs Elysées parisisense? Os preços serão tão atraentes como os de fora do país? Quais das centenas de marcas comercializadas pela Sephora - entre famosas e descoladas - desembarcarão aqui? Quando será inaugurada a primeira loja física, e onde?

  • Divulgação

    Prateleiras com maquiagens da loja Sephora em Fort Lauderdale, nos EUA

Procurados pelo UOL Estilo, representantes da Sack's e da Sephora continuam a fazer mistério sobre os detalhes da instalação do verdadeiro oásis de produtos de beleza no Brasil. Se ele não passará de miragem para a maioria, dependerá basicamente da diferença entre o preço cobrado aqui e no resto do mundo. A linha que leva o nome da Sephora, por exemplo, costuma ser mais acessível, com valores que competiriam com produtos do Boticário e da Natura. Já um batom da Chanel é mais caro. Mas custa, para a norte-americana, 25 dólares. Será que a brasileira pagará os mesmos cerca de R$ 50 por ele?

Um dos sócios da Sack’s, Carlos André Montenegro diz que pretende, com a força que o grupo terá, levar às autoridades brasileiras uma proposta de redução da carga tributária. "Hoje, as lojas nos Estados Unidos estão lotadas de brasileiros comprando os mesmos produtos vendidos aqui só que a preços bem mais baixos. O governo precisa entender que, se reduzisse os impostos, arrecadaria muito mais porque aumentaria significativamente o volume de vendas", acredita o empresário.

Recém-chegado de uma reunião com a Sephora nos Estados Unidos, ele afirma que a ampliação do portfólio de marcas é uma das prioridades estratégicas. "Para se ter uma idéia, das top 20 comercializadas nas lojas da Sephora, apenas três – Dior, Chanel e Lancôme – são vendidas pela Sack’s. Isso demonstra o quanto será possível crescer", diz.

Outra informação preciosa é sobre o ponto de vendas físico da empresa francesa. Segundo o empresário, a busca por lugares onde instalar as lojas Sephora no Brasil já começou junto aos grandes shoppings. "Mas esse é um trabalho que leva tempo. Acredito que ainda esperaremos de 12 a 24 meses", afirma. Enquanto isso, o que deve acontecer aos poucos é a migração do endereço do site: www.sacks.com.br para www.sephora.com.br. "Teremos muito cuidado para fazer isso, porque, a partir de uma pesquisa que encomendamos ao Ibope, constatamos que o nome Sack’s é mais conhecido do brasileiro do que o da loja francesa", conta. Durante um bom tempo os dois endereços coexistirão. Quem entrar na Sack’s será redirecionado para a Sephora.

Em entrevista ao UOL Estilo por meio de um porta-voz oficial da marca, a Sephora não fala em loja física mas defende a ampliação do portfólio de beleza da Sack's no curto prazo. A proposta é fazer com que as marcas ampliem a gama de produtos comercializados aqui. Há itens, por exemplo, que circulam em outros países mas não chegam ao Brasil.

Entre as grifes, as especulações já começaram. A Neutrolab, que representa 14 grifes de cosméticos e maquiagem internacionais – entre eles Chanel, Guerlain, Clarins, Carolina Herrera e Bourjois – levanta, sim, a possibilidade de trazer uma gama de produtos que o mercado brasileiro não tem tido condições de assimilar na distribuição física. "São as edições limitadas, que são lançadas a toda hora lá fora. O site talvez seja uma boa chance de conseguir trazer esses produtos", diz Viviane Soares, diretora de marketing da empresa.

Atualmente o setor de perfumes é o maior negócio da Sack’s, responsável por 50% das vendas. Mas Montenegro já começa a enxergar uma inversão. Desde que fechou contrato com a MAC e a Chanel, a compra de produtos de maquiagem cresceu e já deve representar 25% das vendas em 2010. Os outros 25% são divididos entre os produtos de pele e cabelos.

Hoje, a principal concorrente da Sack’s é a Renner, pelo alcance de suas 120 lojas. O mérito das duas está justamente em conseguir chegar à população do interior do Brasil. Na Sack’s, 55% das vendas são para as pessoas que moram longe das capitais. “É um mercado que não pode ser desprezado”, defende Montenegro.
 

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