Topo

Especialistas contestam estudo que questiona ação do ácido retinoico contra o envelhecimento

Segundo especialistas ouvidos por UOL Mulher, o ácido retinoico continua sendo o principal tratamento tópico para combater os sinais do envelhecimento da pele  - Thinkstock
Segundo especialistas ouvidos por UOL Mulher, o ácido retinoico continua sendo o principal tratamento tópico para combater os sinais do envelhecimento da pele Imagem: Thinkstock

Isabela Leal

Do UOL, em São Paulo

11/04/2012 08h30

No final de 2011 um estudo publicado pelo British Journal of Dermatology (Jornal Britânico de Dermatologia) gerou polêmica entre os dermatologistas de todo o mundo. A pesquisa mostrou que o ácido retinoico –queridinho entre os médicos para tratar sinais de envelhecimento– pode não ser assim tão eficiente quanto se acreditava até então. Segundo o estudo, doses elevadas do ácido levam a uma irritação que pode evoluir para uma inflamação e, em vez de estimular a produção de colágeno (uma das fibras de sustentação da pele), causar sua destruição, levando ao envelhecimento.

Para a maioria dos médicos ouvidos por UOL Mulher, as premissas do estudo não são válidas, visto que a prática clínica comprova que a tretinoína (princípio ativo do ácido retinoico) é eficiente no combate ao envelhecimento e a irritação é um sintoma normal do tratamento (desde que não seja intensa e nem se manifeste por tempo prolongado). Os dermatologistas também argumentam que todo médico consciente e sério controla as concentrações e, consequentemente, as reações adversas.  “O processo inflamatório da tretinoína é auto-limitado, dose-dependente e totalmente reversível, sem respaldo de que tenha a capacidade de envelhecer a pele, pois a avaliação clínica em três décadas de prática mostra exatamente o contrário”,  diz o dermatologista Adilson Costa, chefe do serviço de dermatologia da PUC-Campinas. “Este estudo é o único que contradiz todos esses anos de pesquisa que comprovam o efeito do ácido retinoico em relação à proliferação de fibras colágenas e reorganização de fibras elásticas”, ressalta o especialista.

Para o dermatologista João Carlos Lopes Simão, coordenador do ambulatório de cosmiatria do Hospital das Clínicas da USP, de Ribeirão Preto (SP), o efeito prejudicial do ácido só foi observado nesse estudo quando havia irritação na pele do paciente. “Mas os dermatologistas já têm por hábito suspender, reduzir ou orientar o uso em dias alternados quando o paciente apresenta irritação", diz Simão. Para ele, não há dúvidas: as pessoas que usam ácido retinoico têm uma pele saudável e o estudo veio corroborar a prática adotada pelos médicos ao londo dos anos: diminuir o uso da substância quando ocorre irritação. "Agora sabemos que essa irritação pode ser um sinal de dano ao colágeno. Nesse caso, como ocorre nos peelings e lasers fracionados, ao terminar a inflamação o organismo responde fazendo novo colágeno e de melhor qualidade, consequentemente isso combate os efeitos do envelhecimento”, pontua o professor.

Em tempo: mesmo sendo aplicado à noite, o tratamento com ácido retinoico exige o uso regular de protetor solar. “Isso é imprescindível para que o efeito do tratamento seja pleno e seguro. Não existe nenhuma alternativa nesse sentido, caso contrário, as consequências podem ser danosas para a pele”, destaca a dermatologista Maria Fernanda Gavazzoni, professora do curso de pós-graduação em dermatologia do Instituto Professor Azulay, da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.

  • Arte/UOL