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Depilação íntima: conheça os prós e os contras de adotar o look natural

Manequins com pelos pubianos fartos e aparentes causaram polêmica na vitrine da loja American Apparel, no bairro do Soho, em Nova York - REUTERS/Brendan McDermid
Manequins com pelos pubianos fartos e aparentes causaram polêmica na vitrine da loja American Apparel, no bairro do Soho, em Nova York Imagem: REUTERS/Brendan McDermid

Isabela Leal

Do UOL, em São Paulo

13/02/2014 08h00

Depois de reinar durante, pelo menos, três décadas, a depilação total ou quase total da região pubiana – conhecida como Brazilian Bikíni Wax – parece perder força, principalmente nos Estados Unidos, onde dominou os salões de beleza e a preferência popular das mulheres durante muitos anos.

Alguns fatos recentes, registrados pela mídia internacional, mostram que começa a surgir uma preferência por um look mais natural, com pelos generosos. A tendência começa a pegar força especialmente por conta do aval de famosas como Lady Gaga, que foi fotografada para a capa da revista "Candy" com pelos púbicos plenos; a atriz americana Gwyneth Paltrow, de "Homem de Ferro 3", que revelou sua preferência por um visual mais natural, estilo anos 70; e da atriz Cameron Diaz, que em seu livro "The Body Book", lançado recentemente, dedica um capítulo exclusivo ao assunto, onde diz que é contra a depilação íntima e enaltece os pelos pubianos, sob o argumento de que servem como uma linda cortina ao galanteio masculino, atiçam a imaginação dos amantes e criam um certo ar de mistério sobre “os tesouros privados”.

E no Brasil – a onda pega?
Por aqui, a polêmica ficou por conta da atriz Nanda Costa, que na capa da Playboy de agosto do ano passado, posou com pelos pubianos fartos e causou alvoroço, mais do que tudo por ser uma escolha fora do senso comum. No entanto, essa tendência de resgatar um visual mais natural parece estar distante dos hábitos das brasileiras. “Não percebemos nenhuma mudança nesse sentido. Isso é folclore. Algumas mulheres não depilam mesmo, por medo, por desconhecer o benefício, pelo custo ou por vergonha. Mas quando o fazem pela primeira vez, dificilmente deixam o método de lado. A região fica mais bonita, com um aspecto de pele bem cuidada e a sensação de limpeza e higiene é indiscutível”, declara Regina Jordão, diretora da rede Pello Menos, com 49 lojas distribuídas no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba e Amazonas, que conta com uma clientela de 100 depilações por dia.  

Depilar ou não depilar?
Eis a questão. Além dos fatores estético e cultural, essa decisão é muito subjetiva. Mas é quase impossível falar de depilação sem associar ao aspecto da higiene, apesar dessa ligação dividir a opinião dos médicos. “O fato de algumas mulheres não se depilarem não significa que tenham menos higiene. Desde que façam higienização regularmente com sabonetes comuns ou específicos para esta região”, diz a dermatologista Luciana Abbade, da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp).

Já, para a ginecologista Rose Amaral, do Ambulatório de Infecções Genitais e Vulvares do Hospital da Mulher, da Unicamp, a depilação é um fator que favorece, sim, a higiene. “Porque não retém resíduos de soluções biológicas, como suores e urina, assim como resíduos de produtos usados para higiene pós miccional, como papel higiênico, que podem acumular com mais frequência quando existe uma quantidade maior de pelos na região”.

Look natural requer cuidados
O fato de adotar um visual mais primitivo, sem se depilar, não significa uma carta de alforria em relação aos cuidados. O conforto de não precisar fazer a depilação é uma vantagem, sem dúvida, mas ao contrário do que parece, adotar o “estilo natural” também exige manutenção – simples, mas necessária. “É importante manter os pelos curtos, para isso, basta cortá-los cuidadosamente com uma tesoura”, declara Rose Amaral. Além disso, a ordem é caprichar na higiene.

Proteção natural
Assim como os cílios e as sobrancelhas, os pelos pubianos têm a função de, entre outras coisas, serem para-raios de impurezas e até prevenir doenças. “Todos os pelos têm função de proteção contra agentes nocivos externos, como produtos químicos, fungos e bactérias. Infecções sexualmente transmissíveis como herpes genital e verrugas genitais, causadas por HPV, podem ter uma "porta de entrada" facilitada nas pessoas que se depilam totalmente, uma vez que a barreira natural está ausente. Além disso, os pelos pubianos protegem contra vulvovaginites e outras infecções cutâneas desta região”, afirma Luciana Abbade.