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Nesta Páscoa, conheça alguns dos perfumes mais doces do mercado

Dênis Pagani

Do UOL, em São Paulo

18/04/2014 07h00

No espírito da Páscoa e da temporada de chocolates e doces, o UOL Beleza estendeu o prazer calórico para outras delícias de dar água na boca, só que na forma de perfume: baunilhas opulentas, geleias de frutas e flores e tudo o mais para atiçar seu lado guloso. Os perfumes com notas gustativas e doces dividem opiniões, pois são amados ou detestados. Mas uma coisa é fato: eles estão presentes ao seu redor, seja por vontade própria ou no elevador do serviço, naquele momento em que um colega chega ao trabalho com um perfume superdoce.

Nessa linha, impossível não pensar em Angel. O perfume lançado em 1992 foi o primeiro de Thierry Mugler e não conheceu o sucesso logo de cara. O estranhamento do mercado foi tanto que foi preciso insistir alguns anos até que as vendas explodissem, a ponto de ser quase impossível desconhecer o perfume.

Angel foi atípico ainda antes disso: em vez de pedir aos perfumistas que desenvolvessem uma ideia, qualquer coisa como “um perfume que traduza uma caminhada na praia ao por do sol”, o time de criadores inverteu o processo. Pediu aos perfumistas que enviassem suas sugestões: queriam algo forte, que não fosse baseado no que já havia no mercado. O mesmo para o frasco, nada que já tivesse sido feito seria aceitável.

A resposta, evidente, veio em forma de estrela --símbolo da marca Thierry Mugler. Para desespero da companhia, os custos de fabricação eram altíssimos, uma situação que não poderia ser resolvida, mas contornada. Para isso, os frascos seriam reabastecidos em estações localizadas em lojas selecionadas ou através de um refil, diluindo, assim, o custo do frasco-estrela.

Clássico, esse perfume é uma mistura explosiva de mundos. Da tradição masculina, veio o patchouli, o responsável pela sensação que pinica o nariz, pelo frio canforado que aparece quando se borrifa o perfume e por um amargor parecido com chocolate escuro. Depois, uma combinação de flores. Além disso tudo, acordes para fazer salivar: chocolate, algodão doce e caramelo. Dessa batalha de opostos --“é de comer, não é de comer?”-- nasce a graça de Angel. Um resultado poderoso, em amplo sentido: potência artística e sua famosa potência de ação. Esse tipo de criação ousada, que divide opiniões, virou a marca registrada dos perfumes Thierry Mugler.

Opções mais suaves
Quem acha Angel excessivamente doce pode usar o masculino, A*Men, variação que reforça as notas escuras de cacau e chocolate, o que o torna um pouco (mas só um pouco) mais versátil. Para quem não está disposto ao tipo de comprometimento que esses perfumes exigem, mas não quer passar sem chocolate, ainda tem outra opção na prateleira masculina. Dior Homme Intense trilha o caminho da elegância.

É um masculino cheio de códigos tradicionais da perfumaria feminina. Está lá a íris, que dá a nota sóbria, talcada e envolvente, e que é tão amada pelas mulheres. Ao longo do uso, fica cada vez mais evidente uma fantástica impressão de chocolate feita em excelente medida --nem muito doce nem muito amargo. O Dior Homme tem essa nota, mas menos evidente. Também é um ótimo perfume.

Para a turma que prefere a baunilha também há várias opções. Hypnotic Poison, da Dior, é puro prazer. O Poison original é um floral opulento com aspectos frutados, Hypnotic usa a mesma flor, a tuberosa, e a angélica comprada em buquês, como um acento que interfere na sensação comestível. Se por um lado lembra um creme amanteigado muito rico, com um acento de amêndoas, em alguns momentos fica evidente um aspecto ligeiramente metálico da tuberosa. Através da amêndoa, mantém a linha sombria e quase vampiresca da marca --Poison significa veneno, em inglês. Afinal, é da amêndoa amarga que se extrai o veneno cianureto.

Já o Madonna Truth or Dare vai por outros caminhos. A cantora já declarou usar Fracas (Robert Piguet), um floral grandioso, centrado na tuberosa. E seu perfume claramente faz uma citação a este frasco, que é considerado emblemático. A tuberosa é uma flor que atrai os perfumistas por sua complexidade: além da beleza floral, ela trás tons escuros que lembram borracha ou plástico, algo de metálico, e também qualquer coisa cremosa e tropical parecida com coco. No perfume Truth or Dare, esse creme é enriquecido com açúcar, a ponto de parecer marshmallow. É um perfume grandioso, tanto no aspecto floral quanto no gourmand. E possui um preço ótimo para a qualidade que tem.

Quem prefere a baunilha com menos adereços e mais delicadeza deve testar o Kenzo Amour. As notas parecem se acomodar na pele, em vez de se agarrarem a ela. Kenzo Amour lembra um bolo simples saindo do forno e dá aquela sensação protetora, envolvente, que é tão gostosa em um perfume. Prato cheio para uma Páscoa ainda mais adocicada.