Em uma fachada de vidro, bate um sol forte que ofusca e esquenta muito. Como resolver?

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

  • Daniel Marenco / Folhapress

    Detalhe da fachada do edifício Copan, em São Paulo, projeto de Oscar Niemeyer.

    Detalhe da fachada do edifício Copan, em São Paulo, projeto de Oscar Niemeyer.

Uma forma eficiente de resolver esse problema é instalar brises junto à fachada do edifício. Também conhecidos pela expressão francesa brise-soleil, os brises são elementos sombreadores utilizados nas construções. Uma tradução direta do francês seria algo como "quebra sol". Esses elementos possuem diversos formatos e podem ser feitos dos mais variados tipos de material e aplicados de muitas maneiras em projetos de arquitetura. Existem brises de aletas verticais, horizontais, fixos e móveis; há os em colméia, inclinados, feitos de cobogós, perfurados e em inúmeros outros formatos e materiais. Existem até brises orientados por computador, que abrem ou fecham conforme a incidência solar.

  • Nelson Kon / UOL

    Além de funcionais, os brises definem a estética da fachada do Palácio Gustavo Capanema, no Rio

Ainda que existam há muitos séculos, em diversas arquiteturas mundo a fora, como as clássicas tramas da arquitetura mourisca, por exemplo, os brises foram amplamente divulgados e utilizados no mundo durante o modernismo, e se tornaram um dos ícones da arquitetura moderna.

Sua função básica é dupla: proteger o interior e/ou a fachada das edificações do sol excessivo, controlando, assim, a temperatura no interior da construção e também evitando o ofuscamento que a iluminação abundante pode causar. Às vezes pode ter outras funções secundárias, como prover privacidade: podem ser usados para sombrear resguardar um ambiente envidraçado.

Exemplos de utilização

Os brises foram largamente utilizados no Brasil. Um dos grandes exemplos da utilização inovadora desses elementos é o prédio do Ministério da Educação e Cultura no Rio de Janeiro, o conhecido Palácio Capanema, projeto realizado por uma equipe de arquitetos liderada por Niemeyer, Le Corbusier e Lucio Costa. Nesse edifício dos anos 30, brises móveis contornam a fachada do edifício. O edifício Copan, em São Paulo, também tem sua expressividade amplificada pelo uso intenso de brises.

Mas não só na arquitetura modernista do inicio do século podemos encontrar os brises-soleil. Eles são comumente encontrados na boa arquitetura contemporânea, como pode ser observado na fantástica obra de João Filgueiras Lima, o Lelé, no edifício da Fnac, em São Paulo, desenhado por Paulo Bruna, e no famoso Instituto do Mundo Árabe de Jean Nouvel.

  • Stock Image

    Como diafragmas de máquinas fotográficas, os brises do Instituto do Mundo Árabe (de Jean Nouvel, em Paris) abrem e fecham conforme a incidência de luz

Como os brises são elementos que ajudam a controlar a insolação nas construções, esse tipo de solução vem de encontro às recentes preocupações com a sustentabilidade das construções. Ora, se a fachada de um prédio pode ser sombreada por interessantes brises, preservando a transparência desejada, porque aplicar apenas vidro e depois gastar uma quantidade imensa de energia com ar-condicionado? Esse tipo de questão é importante se fazer ao realizar sua obra, ou mesmo observar a cidade ao seu redor. Se o movimento moderno deixou uma lição relevante para os conceitos de sustentabilidade, certamente é a larga e inteligente utilização de brises, pois eles aumentam muito a eficiência energética das construções.

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)

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