Dar dicas sobre aparelhos de som é bem arriscado. Aliás, nem sou especialista no assunto. Mas o problema é que a tecnologia se renova a cada seis meses, pelo menos. E o que pode ser de última geração hoje vira obsoleto amanhã. Essa é a ideia da coluna desta semana. Gastar uma fortuna nestes equipamentos pode ser uma roubada. Veja aqui como escolher o aparelho certo para sua casa -e evitar ser engolido pelo furacão tecnológico- e, ainda, saiba onde e como instalar o som e as caixas, sem estragar a sua decoração.

• No Brasil, quase toda casa metida a sofisticada tem um sistema de som complexo, espalhado por toda a residência, com caixinhas embutidas no forro de gesso e todas as traquitanas que fazem os amigos high-tech ficarem babando. Eu, particularmente, acho tudo isso uma bobagem. A menos que você more em um lugar enorme e tenha um sistema fácil de usar, controlado pelo celular. Se sua casa tem menos de 200 metros quadrados, esqueça.

• Com a tecnologia sem fio, a vida ficou mais fácil. Não é mais necessário ter cabos  para conectar um aparelho a outro. Aposte no Wi-Fi. Há muitos aparelhos de som que se comunicam com computador, celular e caixas de som sem a necessidade de fios. A vantagem é que você não precisa furar móveis ou quebrar as paredes para embutir as caixinhas. É o fim daquela “fiarada” feia. Mas essa dica só vale para casas menores e sistemas menos complexos.

• Para quem tem uma sala ou apartamento compacto, a melhor solução é o iPod ou outro tocador de mp3. As mini-estações de som, onde você acopla este tipo de aparelho, resolvem o problema da música. São esteticamente bacanas e ocupam pouco espaço. E o som gerado é bem razoável. Outra vantagem é que são portáteis. Você pode levar para outros cômodos ou para a casa de praia nos finais de semana.

• Se você tem um iPhone, recomendo criar uma rede sem fios em casa, usando o computador e uma central de roteador ligada às caixas de som. Assim, você controla a música usando o celular ou o computador. Nada mais simples! Para isso, você precisa ter as músicas em formato digital (mp3 ou outro formato eletrônico). Mas digitalizar seus antigos CDs é simples. E isso ainda vai economizar um bom espaço na sua casa.

• Outra dica mais simples ainda: hoje em dia, existem muitos sites de música que criam a trilhas sonoras para várias ocasiões. Basta ligar seu computador a caixinhas de som de boa qualidade e tudo está resolvido.

• Se você está projetando um home theater que será ligado ao sistema de áudio da sala, cuidado! Lembra da última vez que você gastou uma fortuna em móveis planejados para abrigar sua televisão gigante? Pouco tempo depois inventaram os aparelhos de tela plana (e os preços caíram) e você ficou com aquele buraco imenso na sala. Como os avanços da tecnologia estão cada vez mais rápidos, melhor não inventar moda. Compre aparelhos compactos, que certamente vão virar sucata eletrônica em alguns anos. É melhor que o sistema de áudio se adapte a sua casa atual e não o contrário.

• Se você faz questão de ter um incrível sistema de áudio e televisão na sala, antes de comprar os aparelhos, pense na acústica do ambiente. Nada adianta ter um sistema potente se a sala não houver um tratamento acústico adequado. A maneira como os móveis estão dispostos e a presença de tapetes e cortinas influenciam muito na qualidade do som do ambiente. Uma dica para quem quer melhorar o áudio na sala é ter tapetes de pelo alto, cortinas nas paredes e móveis estofados. Como nos cinemas e teatros, eles evitam que o som reverbere. Tecidos nas paredes também são úteis para absorver o som e garantir boa qualidade acústica.

• Idealmente, uma sala de TV ou de som deve ser um ambiente fechado. Eu não gosto de casas compartimentadas. Prefiro a integração dos espaços. Por um lado, você perde em qualidade acústica, mas ganha na dinâmica residencial.

• Menos é mais. Isso também vale na hora de decidir qual aparelho de som comprar. Mas se sua casa for grande e você quiser um sistema mais sofisticado, contrate um uma empresa especializada para fazer o projeto. Mas não se esqueça que você terá que quebrar paredes para a passagem dos fios, fazer um forro de gesso para embutir caixinhas -e você ainda corre o risco de inventarem algo mais simples daqui a pouco e perceber que toda aquela trabalheira poderia ter sido evitada.

 

Para finalizar, uma história muito boa que me contaram neste ano: um amigo foi visitar uma casa do século XV na Itália, suntuosa e deslumbrante. Mas a maior extravagância dos proprietários foi ter optado por não ter lâmpadas. A casa inteira é iluminada com velas, como no século XV. Claro que a residência possuía energia elétrica, para ligar aparelhos necessários ao conforto do século XXI. Mas luz mesmo, só das chamas. E o melhor: a casa inteira tinha um sistema de áudio embutido, que tocava Maria Callas no último volume para os convidados.