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Irrigação correta garante vitalidade do jardim e economia de água; conheça sistemas

LAURIMAR COELHO

Colaboração para o UOL

19/12/2010 09h00

A beleza de um jardim não se restringe apenas à escolha das plantas. A irrigação na medida certa é que vai definir não só a vitalidade da paisagem por muitos anos, como garantir a economia de água. O engenheiro agrônomo e paisagista Rodolfo Geiser explica que, em geral, o solo supre as necessidades das plantas: “Ele permanece úmido por conta das águas que vem das partes mais profundas e sobem por percolação [de grão em grão do solo] e também pelas águas das chuvas”.

Mas há momentos em que uma complementação da irrigação se faz necessária. “Cada espécie vegetal, fruto de ecossistemas diferentes, necessita de uma determinada quantidade de água para exercer suas funções. Se falta água, as plantas murcham e, caso não sejam irrigadas a tempo, morrem. Existe um ‘ponto de murchamento’ a partir do qual as plantas não se recuperam mais, mesmo que sejam irrigadas. Por isso, uma irrigação equilibrada é fundamental,” diz o profissional. O excesso de água também é prejudicial porque causa a proliferação de fungos e bactérias.

Geiser dá uma dica bastante lógica: usar plantas nativas da região onde o jardim está sendo cultivado e, portanto, adaptadas ao ecossistema local, facilita o controle de pragas e da necessidade de irrigação.

Não se pode esquecer também de irrigar plantas em vasos. Há um mineral chamado vermiculita que, ao ser misturado na terra, armazena mais água e supre aos poucos as deficiências de umidade do solo. “Mas é uma solução temporária que não dispensa o controle constante da irrigação”, afirma o engenheiro. Portanto, fique atento. Plantas sem viço, murchas ou com folhas e ramos herbáceos tombados mostram sintomas de irrigação deficiente.

Métodos eficazes

Em geral, para a irrigação de pequenas áreas ou de plantas em vasos, o processo manual com o uso de regadores e esguichos simples é uma boa escolha. Para jardins maiores existem os aspersores que são ligados ao esguicho e funcionam pela pressão da água nas torneiras. “São úteis para gramados pequenos. Mas a pessoa vai mudando o aspersor de posição na medida em que vai regando. Existem também processos automáticos com controladores, bombas e sistema de canos e aspersores embutidos”, diz Geiser.

Há aspersores para as mais variadas situações, como para raio de rega de um metro, de dois metros e até raio de nove metros. Eles são colocados alinhados em função da dimensão da área a ser irrigada.

  • Arte/UOL

    A irrigação por gotejamento permite maior controle da umidade, porque a água é vagarosamente fornecida a uma área específica, próxima às raízes da planta, por uma rede de gotejadores


Nos modernos sistemas automáticos a irrigação é feita com controle eletrônico, que usa sensores de umidade, de chuva, de vento, bombas, controladores e dispensam a ação humana. Alguns utilizam aspersores “pop-up”, que quando acionados pelo controlador automático, emergem do solo, irrigando as áreas pré-estabelecidas em projeto. Após o tempo de rega, eles se recolhem automaticamente, permanecendo imperceptíveis abaixo do nível do solo. Para cada projeto, o instalador deverá ver a propriedade para determinar condições locais, fontes de água e pressão, e o que nela está plantado. Vale salientar que sistemas sofisticados podem contar até mesmo com o uso de satélites, decodificadores, linha telefônica, rádio ou cabo de dados para o controle de funcionamento.

O paisagista João Jadão é adepto do sistema de irrigação automática. “São muito eficientes, mas cada jardim deve ser analisado cuidadosamente. Na instalação dos equipamentos é preciso verificar qual o raio de jato que se pode ter e locamos os aspersores da periferia para dentro. O que vai garantir a boa homogeneidade da distribuição da água é a sobreposição de 100%”, afirma.

Segundo Danny Braz, proprietário da empresa de irrigação Regatec, o sistema mais utilizado é o bombeado ou por pressão de rua, com um controlador digital e um sensor de chuva, acionando uma série de válvulas solenóides –elas funcionam como um registro, regulando a vazão de água. “Cada uma comanda um setor e, dependendo da região onde estão, é necessária uma quantidade maior ou menor de água, uma breve irrigação ou uma irrigação mais intensa. O controlador digital comanda esses quantitativos nos possibilitando irrigar da maneira adequada”.

A automação da irrigação também permite utilizar fertilizantes. Mas Braz alerta que é preciso assegurar na instalação que não há como o produto voltar para a rede de água potável. Para um bom funcionamento, o especialista dá dicas: “o controlador deve estar instalado numa área de fácil acesso e o sensor de chuva o mais exposto possível. A bomba precisa ficar abaixo do nível de água do reservatório e os aspersores nem acima da terra e nem muito fundos”.

Ricardo Lopes, da empresa de irrigação AquaSystems, diz que a irrigação deve ser programada no logo pela manhã ou no final do dia, quando as plantas têm uma melhor absorção da água. “Sob sol forte, as plantas podem ser ‘queimadas’ na rega”, afirma.

Gota a gota

O gotejamento é outro sistema eficaz e também pode ser feito por bomba. “Em chácaras ou áreas maiores, onde podemos colocar uma caixa de água com altura superior a 15 metros, o sistema de gotejamento pode funcionar por gravidade sem a utilização de bomba”, diz o engenheiro Geiser. Segundo ele, o bom funcionamento do sistema depende de cálculos efetuados por engenheiros especializados.

Em geral, o bom planejamento da irrigação pode reduzir em três vezes o custo com o consumo de água se comparado à irrigação manual. Já o custo de instalação varia muito de jardim para jardim, pelo tipo de sistema adotado e de acordo com sua dimensão.

Segundo Geiser, os sistemas de irrigação por gotejamento são os mais econômicos, pois pingam diretamente água no solo e não há praticamente perda por evaporação ou mesmo pela ação do vento. Em seguida, vêm os aspersores, que perdem uma boa quantidade de água por evaporação e não são indicados para regiões onde há ventos fortes. No caso de um jardim de 100 m² com sistema automatizado, estima-se um custo médio de R$ 1.400 e em uma área verde de aproximadamente 500 m², por volta de R$ 7 mil.

Para a instalação dos equipamentos necessários, boa parte dos sistemas não exige amplo espaço. Juntos, controladores e bombas ocupam, em média, 2,5 metros quadrados no mínimo.

“É importante investir em um bom projeto, que considere as particularidades de cada jardim, como áreas sombreadas, áreas ensolaradas, taludes, etc. Em relação aos equipamentos, é vital utilizar conectores blindados nas emendas dos fios, aspersores e tubos de qualidade, flexíveis embaixo dos aspersores e valetas profundas”, afirma Jadão.
 

  • Arte/UOL

    A irrigação subsuperficial é similar ao sistema de gotejamento, porém, utiliza dutos de irrigação cerca de 12,7 cm abaixo da superfície bem mais próximos das raízes, reduzindo a evaporação

Conheça os sistemas

Irrigação por aspersão: indicada para grandes áreas. A água é bombeada sob pressão e espalhada nas plantas pelos pequenos orifícios achatados. Os aspersores podem ser montados em uma rede suspensa de canos de alumínio ou na parte superior de uma estaca. Alguns sistemas oferecem pivô suspenso móvel para cobrir toda a área com maior eficiência. Outro tipo de aspersor, o oscilante, borrifa uma cortina de água em forma de leque que se desloca à medida que o braço metálico oscila de um lado para outro atingindo assim uma área retangular de cerca de 6 por 9 m.

Há ainda os que contam com canhão hidráulico, que dispara a água pelo ar e sobre a vegetação. Alguns canhões podem cobrir muitos acres de terra sem serem deslocados. Este sistema, além de irrigar o solo, mantém as folhas das plantas molhadas por longos períodos (até 24 horas), o que exige cuidado na escolha das espécies que podem ser vulneráveis à ação de fungos ou bactérias.

Microaspersão: Este sistema oferece eficiência maior que a aspersão convencional (90%). A vazão dos emissores (chamados microaspersores) é maior que a dos gotejadores.

Irrigação por gotejamento: este sistema permite maior controle da umidade, porque a água é vagarosamente fornecida a uma área específica, próxima às raízes da planta, por uma rede de gotejadores, que são distribuídos ao longo do solo. Os gotejadores têm pequenos orifícios e são ligados a uma fonte apropriada de água por uma mangueira alimentadora principal. A vazão é lenta e, portanto, mais controlada. Enquanto um aspersor de grama comum oferece vazão de água em litros por minuto, o gotejador é de litros por hora.

Irrigação subsuperficial: é similar ao sistema de gotejamento, porém, utiliza dutos de irrigação cerca de 12,7 cm abaixo da superfície bem mais próximos das raízes. A evaporação é bastante reduzida e não há chance de escoamento na superfície. Em geral, usa-se uma cobertura protetora de material orgânico colocada ao redor de plantas para evitar a evaporação, impedir o crescimento de ervas daninhas e auxiliar na proteção das raízes contra os danos causados por congelamento.

Pivô central: o sistema consiste de uma tubulação (ou tubagem) metálica onde são instalados os aspersores. A tubulação que recebe a água de um dispositivo central sob pressão, chamado de ponto do pivô, se apoia em torres metálicas triangulares, montadas sobre rodas, geralmente com pneu. As torres movem-se continuamente acionadas por dispositivos elétricos ou hidráulicos, descrevendo movimentos concêntricos ao redor do ponto do pivô. Em geral, os pivôs são instalados para irrigar áreas de 50 a 130 hectares, sendo o custo por área mais baixo à medida que o equipamento aumenta de tamanho.