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Com 220 m², apartamento moderno em Manhattan é refúgio urbano para designer

A cobertura da designer Barbara Littman, em Nova York, tem jardim de vasos vazios em seu amplo terraço - Bruce Buck/ The New York Times
A cobertura da designer Barbara Littman, em Nova York, tem jardim de vasos vazios em seu amplo terraço Imagem: Bruce Buck/ The New York Times

Tim McKenough

Do The New York Times, em Nova York

26/05/2012 10h00

Nova York - New Jersey não é longe da cidade de Nova York, mas em termos de lifestyle, parece que existe um mundo inteiro separando as duas. É por isso que Barbara Littman, uma designer de interiores que mora no Highland Park, em New Jersey, insiste em ter um cantinho urbano na grande maçã.

“Nasci e fui criada em New Jersey e é uma sensação [uma atmosfera] muito diferente”, conta Littman, que sempre se interessou pela movimentação da cidade “grande”. “Quando era adolescente, pegava o trem e vinha para Nova York. Fui uma novaiorquina adotiva por muito tempo”, lembra.

Agora, Barbara tem 69 anos, é mãe de três e avó de seis e possui uma ensolarada cobertura de 220 m² na região de Chelsea, em Manhattan. “Esta é minha válvula de escape”, classifica.

Tudo bem que seu marido, Leonard, de 75 anos, passa a maior parte do tempo em New Jersey. “Meu marido é um filho de Jersey sem tirar nem por – ele deveria fazer parte de um musical da Broadway”, diz a designer de interiores. “Ele vive na mesma rua há 70 anos.”

O casal também possui uma casa de praia em Deal, New Jersey, que frequentemente funciona como o refúgio dele, como conta o próprio Leonard. “Eu sempre me sinto muito mais confortável em New Jersey”, afirma. “Sem dúvidas a praia me encanta mais e adoro a grama e as árvores”.

Quando ele quer visitar a esposa na cidade, marca um horário. “Não é tão ruim assim”, conta Barbara. “Mas ele vai sempre dizer algo como ‘gostaria de ir aí para almoçar’. É a nossa piada interna”.

Longe de ser a “casa de vovózinha”

Os Littman compraram o apartamento por pouco menos de US$ 4 milhões em 2009, e Barbara gastou cerca de US$190 mil transformando-o no espaço minimalista de seus sonhos, com a colaboração do arquiteto Robert D. Henry.

  • Bruce Buck/ The New York Times

    Passarela de vidro branco perpassa o apartamento em NY, da entrada à escada que leva ao terraço

E, enquanto muita gente da sua idade prefere uma casa acolhedora e aconchegante, seu apartamento esbarra na austeridade. “O conforto não tem sido meu ponto forte”, avalia Barbara, que dá aula de design de interiores e mobiliário na Universidade de Kean, o Instituto de Tecnologia e Escola de Estudos Profissionais da NYU, em New Jersey.

Sua principal preocupação foi criar um espaço claro, com frescor e modernidade, onde a pureza das linhas prevalecesse. Ela nunca enxergou a idade como um impedimento. Littman conheceu Henry – o arquiteto que a auxiliou - com 50 e poucos anos, depois de buscar o mestrado em arquitetura no Instituto de Tecnologia de New Jersey, onde ele era professor. E agora, assim como naquela época, um dos papéis principais dele tem sido criticar as decisões que ela toma no design, inclusive sua tendência a evitar as cores.

 “Com Barb, as coisas são geralmente cinzas, preto e branco. Este é o barato dela”, conta Henry. “Adoro sua casa de praia, porque é a única casa escura do local. Mas aqui combinamos: ‘vamos trazer um pouco de cor para a sua vida’”.

Mais cor, para alegrar os olhos

E logo na entrada da casa fica evidente que ele teve sucesso ao persuadi-la – há uma longa parede, que percorre todo o apartamento, pintada de amarelo vivo. Mas o resultado foi à custa de muitas tentativas e erros.

“Passamos por sete ou oito diferentes tons de amarelo antes de encontrar o certo”, rememora o arquiteto. “Eu não teria feito isso sozinha”, admite Barbara. Entretanto, ela acrescenta, “eu sinto um prazer imenso quando chego e olho para ela. É uma afirmação forte, porém concomitantemente tranquila”.

Sob os pés, uma faixa de vidro branco cristalizado indica o caminho para a escada que vai até o terraço no telhado. Ela também cria, para Barbara, uma sensação moderna e “na moda”. 

A cozinha e a sala de estar – escassamente mobiliadas com itens de sua coleção de móveis e esculturas, entre eles peças de Ettore Sottsass, Michele De Lucchi e Ron Arad – estão em um dos lados da passarela. A área íntima, incluindo dois quartos e um escritório, fica do outro lado.

Renovado para refletir os gostos de Barbara, o apartamento agora é “meu canto, de verdade”, conta a designer. “Quando olho pela janela, adoro como me sinto parte da cidade. É a energia daqui que sempre foi importante pra mim.”