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Perfume do passado: cultive o manacá-de-cheiro e atraia borboletas

Divulgação
Imagem: Divulgação

Simone Sayegh

Do UOL, em São Paulo

19/10/2012 07h02

O manacá de cheiro era presença certa nos quintais das casas das vovós do início do século 20. Hoje não é tão fácil encontrar essa espécie nativa da Mata Atlântica em quintais, porque boa parte desses lotes cheios de pomares e flores deu lugar a apartamentos. “Vintage”, esses arbustos de flores brancas e roxas ou azuis podem ser cultivados em vasos.

“Porém, como seu perfume é bem forte, deve-se ter o cuidado de não plantá-lo próximo a dormitórios de crianças e de pessoas mais sensíveis”, explica o paisagista João Jadão, da Planos e Plantas.

Além de disseminar seu odor característico, o manacá é conhecido por atrair borboletas, a “borboleta do manacá” (Methona themisto), que se desenvolve exclusivamente nas folhas dessa planta. Portanto não se assuste se “brotarem” lagartas, além de flores de sua arvorezinha. Elas não fazem mal a planta, portanto, evite destruí-las.

Senhoras e senhores, o manacá

O manacá-de-cheiro (Brunfelsia uniflora) é um arbusto lenhoso da família das Solanaceaes, da qual também fazem parte o tomate, a batata e o tabaco. Seus nomes populares mais comuns são: manacá-de-jardim, garetataca, mercúrio-vegetal e romeu-e-julieta.

Parecido com uma pequena árvore, detém copa que pode atingir de 2 a 3 metros de altura e até 2 m de diâmetro. Seus ramos são densos e suas folhas ovaladas, lisas e verde escuras. “Se podado, o arbusto toma a forma de arvoreta”, explica Jadão. É uma planta de zonas tropical e subtropical, adaptada a climas quentes. Mas tem um melhor desenvolvimento em zonas onde há grandes diferenças de temperaturas (dias quentes e noites frias).

De acordo com o paisagista Paulo Cezar Heib, as flores do manacá nascem nas extremidades de seus ramos e passam do azul violeta ao branco, durante a floração, principalmente na primavera e verão. “A beleza e o perfume conferem à planta um grande valor ornamental”, avalia.

Cultivo

No mercado é possível encontrar desde pequenas mudas com cerca de 50 cm até plantas já formadas com quase 2 m de altura. A escolha do tamanho dependerá do projeto paisagístico e do espaço disponível.

O cultivo do manacá é feito através sementes, por estaquia ou - simplesmente – pelo transplante de mudas que surgem das raízes de um exemplar maior, o que torna o manacá-de-cheiro uma espécie entouceirada.

  • Arquivo Jardim Botânico de São Paulo/ Divulgação

    Menor que o "de cheiro", o manacá-da-serra tem menos perfume e flores mais violáceas

Para o bom desenvolvimento, o manacá precisa de muito sol. Versátil, a planta pode ter cultivo isolado ou em grupo, inclusive na forma de renques (as populares cercas-vivas). Quando em vasos, cuide para que os recipientes sejam profundos e com grande diâmetro para não sufocar as raízes e dar boa sustentação ao arbusto.

Para o plantio, a melhor época é o final do inverno ou início da primavera, em solo rico em matéria orgânica. O substrato farto geralmente é suficiente para suprir os nutrientes pedidos pelo manacá, mas isso não impede a adubação química (adubo com enxofre e potássio). Todavia, neste caso, é fundamental seguir a recomendação via embalagem quando do preparo da terra virgem. Depois dessa primeira adubação, repita o processo a cada três meses.

Manutenção

Para manter a boa hidratação e evitar apodrecimento, as regas em canteiros devem ser diárias durante o período de floração, regulares em época de poucas chuvas e moderada em períodos chuvosos, em todos os casos, porém, a terra deve ser regularmente drenada. No caso dos vasos, as regas devem ser sempre regulares (2 a 3 vezes semanais) e a terra que envolve a planta deve ser trocada a cada dois anos.

De acordo com Heib, o manacá-de-cheiro é uma planta que aceita muito bem as podas. O arbusto pode ser limpo após o outono, quando a planta se prepara para entrar em dormência. “Essa limpeza consiste na retirada dos galhos secos e folhas amarelas”, explica.

Pragas

Se encaradas como pragas, as lagartas amarelas e pretas são a ocorrência mais comum nesse arbusto lenhoso, pois depositam seus ovos nas folhas do manacá. Porém, as lagartas e borboletas não trazem dano à planta.

De outro modo, os fungos tendem atacar o manacá nos períodos mais úmidos do ano. Tais microrganismos podem ser eliminados sem grandes dificuldades com uso de fungicida, sob recomendação de um paisagista ou engenheiro agrônomo.

Além dos fungos, o arbusto também é suscetível à ação de cochonilhas e pulgões, mas esses insetos só devem ser combatidos com repelentes quando o manacá não estiver no período de floração.