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Cozinhas integradas ao convívio ganham cada vez mais adeptos

Marta Sá Oliveira projetou cozinha integrada com ilha de cocção central e ligada à mesa para refeições - Celina Germer/ Divulgação
Marta Sá Oliveira projetou cozinha integrada com ilha de cocção central e ligada à mesa para refeições Imagem: Celina Germer/ Divulgação

Silvana Maria Rosso

Do UOL, em São Paulo

12/01/2013 08h40

A cozinha americana ou integrada, como agora é chamada, está prevista em grande parte das plantas dos novos empreendimentos imobiliários e tornou-se trunfo para a interação sem barreiras, o convívio e a racionalização do espaço doméstico.

Com a gastronomia em alta, cozinhar virou sinônimo de confraternização, fazendo com que o espaço social incorporasse a cozinha, que ganhou status e sofisticação. Assim, para atender a demanda desse novo ambiente, o mercado vem diversificando suas ofertas com multiplicidade de acabamentos, equipamentos e mobiliários.

Integração funcional

Porém, lembre-se que apesar de ter se tornado um ambiente social, a cozinha continua com foco na cocção. Para que a integração seja eficaz, é importante seguir alguns princípios. O primeiro é o de garantir a ventilação e a exaustão adequados, evitando que o cheiro ou a fumaça produzidos pela feitura da comida se alastre para os ambientes vizinhos.

Ter uma coifa potente e silenciosa é o primeiro passo para se obter um espaço agradável e que realmente cumpra sua função, principalmente em apartamentos e áreas sem janelas ou portas. A arquiteta Maximira Durigan recomenda o equipamento eletrostático, cujo sistema atrai facilmente as moléculas de gordura e as partículas que produzem odores.

Para não ter surpresas durante uso cotidiano da cozinha, a arquiteta Marta Sá Oliveira ensina que vale a pena superdimensionar a coifa. E caso a fritura seja uma constante em seu cardápio, ela indica algum elemento que separe fisicamente o living nesses momentos, como portas de correr.

Ideias para decorar
a cozinha integrada

- Materiais de superfície lisa e não porosos são indicados para facilitar a limpeza. Alguns exemplos são granito, vidro, papeis vinílicos, laminados e pintura
- Marcenaria em MDF não risca, permite a higienização com pano úmido, até, a utilização de alguns produtos de limpeza
- Em bancadas, use materiais que não tenham muita absorção para evitar manchas - como o granito e o aço inox - e ofereçam resistência, como as superfícies que associam rocha e resina
- No piso, o porcelanato não escorrega e não mancha, mas tapetes de pastilhas podem resolver o revestimento, especialmente de pequenas áreas

Pontos que permitam a ventilação natural da cozinha, como janelas e portas do tipo veneziana, também ajudam a controlar a temperatura e a concentração de odores.  Se possível, "instale o fogão em área de ventilação cruzada (uma janela em frente a outra, por exemplo)", acrescenta o arquiteto Walter Fagundes.

Ambientes bonitos e harmoniosos

O espaço está ventilado e os cheiros fortes longe da sala, mas o que fazer para que a cozinha e o living tenham a mesma linguagem? "O jeito mais fácil é seguir o mesmo estilo de decoração", aconselha a arquiteta Deborah Roig.

Uma das dicas básicas é dar continuidade aos revestimentos de piso e parede, assim como aos seus complementos (como rodapé, rodateto, faixas, entre outros) e à iluminação.  Da mesma forma, atente-se às proporções: use tons mais neutros nas peças maiores e as cores mais fortes nos detalhes, isso facilitará a leitura visual, aconselha Sá Oliveira. Para o arquiteto Marcos Contrera, porém, o segredo está no equilíbrio das cores: "Tenha o cuidado de fazer com que elas se harmonizem".

Outro recurso é o uso da bancada centralizada para o fogão ou cooktop, a chamada ilha, em que o cozinheiro fica de frente para o estar. Tal posicionamento tende a dar unidade ao "layout", como orienta a arquiteta Paula Andrade, da ALN Arquitetos.

De toda forma, se por um lado a integração traz a padronização, por outra requer a sutil delimitação dos espaços, seja pelo tipo de uso ou pela linguagem visual. Nestes casos detalhes podem ajudar a distinguir os ambientes, como a variação no material dos móveis. Uma separação mais radical e física, porém, pode ser conseguida pelo simples emprego das já citadas portas corrediças.

Praticidade com design

Para conseguir funcionalidade na cozinha, mas não interferir no desenho da sala, "adicione design à praticidade", ensina o arquiteto Ivo Mareines. Opinião compartilhada pela arquiteta Camila Gazola: "Faça uma troca: leve um pouco da decoração, das cores da sala para a cozinha e vice-versa".

A arquiteta Cinthia Garcia e a designer Andréia Karalkovas aconselham acabamentos funcionais e de fácil limpeza, mas que ao mesmo tempo tenham apelo estético pouco comum para a cozinha, ou seja, não tenha medo de ousar.

Com o intuito de possibilitar diferentes os usos nos espaços, é valido recorrer a elementos multifuncionais como uma bancada de cozinha que vira mesa de jantar; cadeiras que servem a área de refeições, mas podem ser usadas na sala; aparadores e bufês que armazenam, dão suporte extra às refeições e, ainda, dividem os cômodos.

Ordem e progresso

A última dica é sobre a organização dos utensílios: em uma cozinha sem armários, a bagunça instaura-se facilmente, portanto são eles que garantirão um ambiente menos poluído visualmente. Uma saída que assegura a ordem sem interferir no design geral são móveis planejados, de preferência, com acabamentos mais limpos que tenham a ver com a decoração dos ambientes integrados no eixo social da casa.

Caso deseja manter louças, serviços e outros elementos à mostra, crie uma disciplina para arrumação e limpeza mais rigorosa. Para a pia vale o mesmo, segundo Fagundes, as cubas industriais, mais profundas que as tradicionais, são as mais indicadas, pois podem disfarçar a louça por lavar deixada ali por um momento. Um cuidado simples, mas que faz toda a diferença.