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Ladrilhos hidráulicos são duráveis e dão toque de exclusividade aos espaços

O arquiteto Roberto Migotto utilizou ladrilhos hidráulicos com formas geométricas no hall de entrada da Casa de Praia, na Casa Cor SP (2013). O revestimento, da Dalle Piagge, forma um requadro entre piso e parede - Divulgação
O arquiteto Roberto Migotto utilizou ladrilhos hidráulicos com formas geométricas no hall de entrada da Casa de Praia, na Casa Cor SP (2013). O revestimento, da Dalle Piagge, forma um requadro entre piso e parede Imagem: Divulgação

Juliana Nakamura

Do UOL, em São Paulo

15/10/2013 07h02

Ornamentais acima de tudo, os ladrilhos hidráulicos estão entre os revestimentos mais tradicionais que existem. Derivados do mosaico bizantino, são produzidos artesanalmente, um a um, a partir de moldes metálicos e de uma mistura de matérias primas como o cimento. Nos últimos anos, o resgate da estética do passado aliado à busca por soluções para revestimento exclusivas deu um novo impulso à produção desse material. Hoje é possível encontrar ladrilhos cobrindo paredes, pisos e até móveis, tanto em áreas internas quanto externas.

Mas, o que torna esse revestimento tão interessante é, em primeiro lugar, a infinidade de estilos, desenhos e cores que pode ser aplicada em sua superfície. As possibilidades vão desde as peças sóbrias em branco e preto para passeios públicos, àquelas com motivos geométricos e florais encontradas nas cozinhas de antigamente. Em cada quadrado é possível combinar até cinco tons diferentes.

Além da estética, há qualidades técnicas que justificam o uso dos ladrilhos, como a elevada durabilidade (algumas peças resistem a 100 anos de uso) e o aspecto ecológico, já que a produção dos ladrilhos, por dispensar a queima em fornos, não consome energia, nem emite gases.

Como usar?

"A possibilidade de personalização das peças é um ponto forte desse material", comenta a arquiteta Alice Miglorancia, do escritório SM2. Na produção dos ladrilhos podem ser utilizados moldes prontos, disponíveis nos catálogos dos fabricantes. Nesse caso, o cliente pode escolher as cores que irão preenchê-lo. Também podem ser empregados moldes novos, produzidos sob encomenda para quem busca um desenho exclusivo. "Daí a imaginação é o limite", diz Divo Picazio Júnior, diretor da Dalle Piagge, lembrando que o ladrilho pode reproduzir, inclusive, logomarcas.

"Podemos criar combinações diversas. A escolha vai depender do gosto do cliente", acrescenta a arquiteta Teresa Simões, que recorda que as versões com arabescos são bastante pedidas. Outra tendência é a que cria uma “colagem” de ladrilhos de cores e padrões aleatórios formando painéis tipo patchwork.

Diante de tantas opções, é importante considerar algumas estratégias para evitar sobrecarregar visualmente os ambientes. Nesse ponto, a dica dada por Simões é a de adequar os ladrilhos às cores que já estão presentes no espaço ou agregá-los aos tons e materiais mais neutros, como placas cimentícias e madeira.

"Esses revestimentos podem ser utilizados como elemento decorativo em cozinhas e áreas gourmet, podendo até ser aplicados em local de uma circulação maior de pessoas. Eles só não são indicados para áreas onde há sobrepeso elevado como, por exemplo, em garagens", explica a arquiteta.

Outra restrição ao uso em larga escala desse material é o alto custo, que acaba induzindo a aplicação em áreas pequenas. O diretor da Dalle Piagge revela que o preço varia de acordo com a complexidade da fabricação do produto, partindo de R$ 42 o metro quadrado (modelos simples, para calçadas) e chegando a R$ 300 (modelos estampados multicoloridos). "Uma peça com mais cores e desenho rebuscado tende a custar mais. Da mesma forma, pesará mais no bolso se o cliente quiser desenvolver seu próprio molde em vez de utilizar um pronto", informa Picazio.

Os ladrilhos hidráulicos podem ser divididos em três tipos principais: lisos, decorados e antiderrapantes. Conheça-os.

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    Aplicados em ambientes internos e externos, os lisos podem ser utilizados sozinhos, para quem busca um efeito visual mais limpo, ou em composição com peças estampadas

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    Os ladrilhos decorados podem ser utilizados para compor tapetes, bordas e rodapés, também em áreas internas e externas.

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    Com relevos em sua superfície, os ladrilhos antiderrapantes são indicados para calçadas, pátios, bordas de piscinas e áreas molháveis.

Produção secular

Inteiramente artesanal, a produção dos ladrilhos utiliza cimento branco, areia fina ou média bem lavada, eventualmente pó de mármore e pigmentos inorgânicos. Cada peça é composta por três camadas: a decorativa, com cerca de 2 mm de espessura, o miolo constituído por cimento, e a terceira, composta por argamassa.

Para realização dos diferentes desenhos, a produção utiliza um conjunto de moldes de ferro, cobre ou latão. Após a moldagem e o endurecimento da massa, a peça é retirada da forma e submetida à cura por imersão em água. Daí o nome ladrilho hidráulico. Em seguida, o ladrilho é colocado para secagem, processo que pode demorar até dez dias.

Em função do processo manual, a altura das peças pode apresentar variações. O nivelamento é feito durante o assentamento com argamassa. "Por isso, é importante que a aplicação seja feita por um profissional experiente, sobretudo quando a paginação do piso é elaborada", salienta a arquiteta Alice Miglorancia. "Também indicamos o uso de argamassa branca quando se for trabalhar com ladrilhos claros”, orienta Divo Picazio Júnior.

Quanto à manutenção, três cuidados simples são necessários, segundo os fabricantes, para manter o ladrilho hidráulico bonito por muito tempo. O primeiro é lavar a superfície somente com água e sabão neutro. Também recomenda-se aplicar cera líquida ou em pasta a cada 15 dias. Por fim, jamais devem ser usados produtos ácidos sobre as peças, já que eles podem corroer o cimento.