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Casa "movida" a energia solar tem aquecimento e luz a custo (quase) zero

Arquitetos projetam casa autossuficiente em energia e adaptável à velhice (dos moradores e seus cães) - Trevor Tondro/ The New York Times
Arquitetos projetam casa autossuficiente em energia e adaptável à velhice (dos moradores e seus cães) Imagem: Trevor Tondro/ The New York Times

Sandy Keenan

The New York Times, de Santa Monica, Califórnia (EUA)

04/03/2014 07h08

Tina Beebe, arquiteta, pintora e paisagista, e Buzz Yudell, arquiteto premiado, têm uma maneira furtiva de transformar tudo o que tocam em algo simples e convidativo. Mas transições podem ser difíceis, mesmo para aqueles que se sentem realizados na arte do bem viver em casas projetadas por si próprios.

O casal, que está junto desde a época em que cursava a Universidade de Yale, tem sido parceiro tanto no trabalho, quanto na diversão durante a maior parte da vida. Ainda assim, mudar de sua residência mais célebre - uma casa de veraneio em níveis e com vista para o mar - para um terreno mais fechado em Santa Monica não tem sido totalmente tranquilo.
Ela sente falta do seu jardim, das estrelas e de ver as tempestades se aproximando no horizonte. Ele tem saudade da paisagem acidentada e da sensação de amplitude. Isso sem dizer que Zephyr e Phoebe, seus golden retrievers, sentem falta da antiga vida sem coleiras. “Buzz sempre foi mais urbano do que eu”, conta Tina, que cresceu no Oregon. “Eu choro quando penso em meu antigo jardim. Nós podíamos comer o que vinha dele”, acrescenta.
 
Do que eles não sentem saudade é de toda a manutenção que tinham que fazer, além da constante preocupação com os incêndios. Ou dos motoristas malucos no trajeto errático ao longo da estrada Pacific Coast 1 até os escritórios Moore Ruble Yudell em Santa Monica, onde trabalham durante a semana.
 
A nova casa
 
Não, nada há de remoto ou recôndito na arejada e moderna construção que Buzz projetou a fim de maximizar cada raio de sol e cada mínimo espaço no lote de 18 m x 15 m que o casal ocupa agora, em um bairro de casas californianas multimilionárias. Os arquitetos optaram por derrubar a casa em estilo Tudor, datada de 1924, que compraram por US$ 2,75 milhões, em 2007, e que estava em péssimo estado. Em seu lugar, foi erguida a residência com 418 m², cujo metro quadrado custou cerca de US$ 5 mil – uma soma considerável, com certeza, mas que resultou em uma obra “net-zero”, o que significa que ela produz quase toda a energia que consome.
 
A morada conta com um sistema movido à energia solar que aquece os pisos radiantes (com um circuito embutido de tubos de polietileno reticulado), a água para uso doméstico e a piscina. Outro sistema supre as necessidades elétricas da casa, enviando o excedente para a rede de uso comunitário. Não há necessidade de ar-condicionado, porque Buzz incorporou muitas das características de uma casa passiva ao projeto e, dessa forma, a casa permanece em habitáveis 26º a 27º C, mesmo quando a temperatura exterior atinge mais de 32º C.
Sem excessos
 
O interior é livre e organizado graças - em partes - aos armários da Henrybuilt, fabricados em Seattle. Tina, aliás, gosta de provocar o marido sobre todo o combustível fóssil necessário para levar os armários para o sul da Califórnia: "É ótimo que você tenha economizado todo aquele CO2", alfineta. 
 
Também, há um armário que esconde alguns maquinários de que a casa necessita, assim como uma cavidade que liga os dois andares e pode acomodar um elevador, caso necessário e que, por hora, está sendo usada como armário. “São coisas”, Buzz acrescenta, “nas quais você não pensa quando é um jovem arquiteto”.
 
Os cachorros, que estão ficando velhos também, foram levados em consideração. Para eles há áreas mais rasas na piscina, o que facilitam a natação.
 
Na casa, há uma notável falta de quartos além da suíte master. Aliás, a única contingência não providenciada nesta simpática morada foi para acomodar os hóspedes que insistam em passar a noite. Bem, nada além de um sofá conversível, escondido em uma alcova da biblioteca, que Tina chama de "quarto de hóspedes esperamos-que-você-não-fique".