Número maior de aparelhos ligados demanda rede de energia forte

DANIEL VASQUES

Folha de S. Paulo

21/11/2014 13h07

Com a alta no consumo de energia elétrica nos edifícios, o risco de acidentes ou de apagões nas unidades e na área comum aumenta, principalmente nos mais antigos.

Em São Paulo, 53% dos edifícios de mais de 20 anos apresentavam aquecimento excessivo dos condutores e 79% mantinham acessíveis partes energizadas dos quadros de distribuição, segundo o programa Casa Segura (dados de 2005 e 2006), do instituto Procobre.

Quando o prédio apresenta problemas, a solução, em vez de gambiarras, é colocar a mão na massa, contratando bons profissionais.

Raquel Cunha/Folhapress
O síndico profissional Marcelo Lopes, 45, conta que renovar estrutura elétrica levou à economia de 10% na energia
O síndico profissional Marcelo Lopes, 45, conta que renovar estrutura elétrica levou à economia de 10% na energia

O custo é dividido entre os condôminos, e os benefícios de uma reforma bem-feita costumam ser a maior segurança, o fim dos apagões e a economia de energia.
Em um condomínio na zona oeste de São Paulo, não havia interrupções de luz, mas, por orientação da concessionária de energia, foi reformada a estrutura elétrica.

Alguns componentes estavam obsoletos, e o quadro de energia, feito de madeira e com a presença de cupins, ampliava o risco de acidente.

O síndico Marcelo Lopes,45, conta que o custo da obra, de cerca de R$ 300 mil, foi dividido entre os proprietários em seis parcelas mensais de R$ 240 para cada um.

Além da segurança, houve economia de R$ 2.500 por mês –ou 10% das despesas de luz da área comum. "É um empreendimento de uns 30 anos. Renovamos os equipamentos e reduzimos o consumo e o risco de acidentes."

SOBRECARGA
Entre as razões apontadas para os problemas nos edifícios estão a sobrecarga, a falta de manutenção e a desatualização de equipamentos.

Os prédios antigos quase sempre foram concebidos para suportar uma carga menor que a de hoje, já que o leque de aparelhos na rotina das famílias não previa, por exemplo, celulares, computadores e tablets.

Além disso, TVs e equipamentos campeões de consumo, como o ar-condicionado, existiam em número reduzido dentro das unidades.

Uma solução encontrada nos edifícios é trocar os disjuntores por outros de maior potência. Eles servem para desligar a energia quando o consumo ultrapassa uma margem de segurança.

Com a mudança, mais energia entra no prédio. Só que, se os cabos não suportam a demanda, o risco de curto-circuito e incêndios cresce.

 Karime Xavier/Folhapress 
No condomínio onde vive Márcia Coelho, orçamento apertado impediu reforma completa da estrutura elétrica
No condomínio onde vive Márcia Coelho, o orçamento apertado impediu uma renovação completa da estrutura elétrica

"É como trocar de termômetro. Pode parecer que isso vai resolver o problema, mas a febre continua", diz Fernando Bacellar, coordenador de usos finais de energia da concessionária AES Eletropaulo.

Antes de executar qualquer mudança, deve-se dimensionar se o cabeamento aguenta a carga. Muitas vezes a única saída segura é renovar toda a estrutura.

Em razão do caixa apertado, porém, a proposta nem sempre é levada adiante.

No condomínio onde Márcia Coelho mora, em São Bernardo do Campo (Grande SP), o orçamento pesou, e o eletricista se limitou a trocar os disjuntores para dar um fim nos apagões frequentes.

O próximo passo, segundo o síndico Mauricio Nogueira, será renovar a estrutura do empreendimento. Para isso, os moradores devem organizar um rateio. "Foi uma solução emergencial diante da falta de luz", diz Nogueira.

MÃO DE OBRA
Um dos grandes desafios para construir ou renovar a estrutura elétrica é achar mão de obra qualificada.

O diretor-executivo do instituto Procobre, Antonio Maschietto, propõe que haja provas teóricas e práticas de certificação aos profissionais. Ele defende também a criação de leis que obriguem os condomínios a seguir as normas em vigor.

Segundo o estudo "Panorama da situação das instalações elétricas prediais no Brasil", organizado pelo Procobre e apresentado na terça-feira (11), em São Paulo, 75% das novas construções unifamiliares feitas por conta própria não têm projeto elétrico.

"Muitas vezes se pensa no preço de contratar um bom profissional e se esquece do custo alto que se vai ter porque foi contratado alguém sem qualificação", diz Hilton
Moreno, consultor do Programa Casa Segura.

Marcelo Mahtuk, diretor da administradora Manager, recomenda que ocorra uma análise profunda da situação elétrica dos prédios a cada década. Segundo ele, hoje já deve ser feita uma vistoria a cada dois anos nos empreendimentos.

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