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Paraíso particular, casa tem fachada dupla e vista para trilhos do metrô

No estar, a linguagem da fachada é mantida com o guarda-corpo de gradil metálico - Bruce Buck/ The New York Times
No estar, a linguagem da fachada é mantida com o guarda-corpo de gradil metálico Imagem: Bruce Buck/ The New York Times

Tim McKeough

The New York Times, em Nova York (EUA)

31/01/2015 09h00

O terreno fica às margens de uma área residencial de Carrol Gardens, no Brooklyn, em Nova York, e está próximo a um misturador de concreto e ao canal Gowanus. No lote havia ainda uma velha garagem e, perto dele, muita gente. Este cenário jamais pareceria um lugar óbvio para se construir a casa dos sonhos, mas quando Philippe Baumann e Lisa Sardinas viram a propriedade, souberam que a queriam.

“Eu gostei desta condição fronteiriça do residencial contrastando com o industrial”, conta Baumann, arquiteto, dono de sua própria firma em Manhattan e professor no Instituto Pratt. Ao mesmo tempo, diz ele, “havia essa mistura incomum de uma ótima escola rua acima” para o filho do casal, Oskar, e o grande apelo do arenito para a sua esposa, uma escritora.

As construções em redor também não são muito altas, o que era importante para Baumann visto que ele pretendia projetar uma casa com um pátio interno e não queria sombras invadindo seu espaço ao ar livre. “As coisas irão mudar”, afirma o arquiteto, reconhecendo a inevitabilidade do desenvolvimento, “mas por um bom tempo, nós teremos este céu”.

No limite

Depois de comprar a propriedade em 2009 por US$ 700 mil, o casal demoliu a garage a fim de abrir espaço para o sobrado de 325 m² que Baumann projetou. Além de três quartos e quatro banheiros, a casa tem um grande espaço ao ar livre: um pátio ao nível da rua e dois níveis de jardins de cobertura.

Entretanto, o elemento mais impressionante é o toque de modernidade conseguido com o uso de barras de segurança de ferro forjado que dá corpo à pré-fachada, feita a partir de telas de aço galvanizado com persianas e portas de vidro automatizadas. Atrás dela, está a fachada secundária em madeira de cipreste.

“A ideia é envolver a rua ao projeto, mas ainda assim estar um pouco separado dela”, explica Baumann, acrescentando que o espaço entre as duas fachadas serve como um pórtico, e o projeto permite que a família deixe portas e janelas abertas para ventilação cruzada no verão, pois a tela fornece segurança.

Lá dentro, inspirado pelas “velhas ideias modernistas sobre a integridade dos materiais”, o arquiteto deixou muitas superfícies inacabadas, incluindo partes da estrutura de aço, paredes de pedra calcária e pisos de concreto. Mas tais materiais são aquecidos por pontos de cor na marcenaria e na pintura alaranjada na cozinha e no hall de entrada, nos revestimentos de madeira reciclada da antiga garagem, no pátio, e nas obras de arte dos amigos que vieram na forma de presentes, empréstimos ou trocas pelos serviços de arquitetura de Baumann.

Contenção de gastos

Para manter os custos abaixo de US$ 2,5 mil por metro quadrado, Baumann foi o empreiteiro , organizando os fornecedores e supervisionando a construção. (“Foi quando meu cabelo ficou grisalho”, brinca). Ele mesmo também fez uma parte do trabalho com a ajuda dos amigos: “Não parece o tipo de casa que você mesmo faria, mas tanto amor e suor foi dedicado a ela”, disse Sardinas, que cozinhou elaboradas refeições para agradecer a todos que os ajudaram.

A família se mudou em 2010, embora a construção tenha terminado apenas em 2013. Agora que estão estabelecidos, uma de suas coisas favoritas é a vista da parte de trás, que se tem a partir dos jardins da cobertura e do quarto principal, de uma porção dos trilhos elevados  do metrô das linhas G e F. “Eu nunca imaginei que avistar o metrô seria considerado ter uma grande vista. Mas é uma paisagem em movimento”, diz a escritora. Ao que o marido acrescenta: “É nosso rio urbano”.