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Aliando cores, texturas e estilos, Rosenbaum cria um doce lar ao reformar casa dos anos 1960

Do UOL, em São Paulo

19/12/2012 12h26Atualizada em 21/04/2015 18h35

Uma casa com cara de casa, com detalhes cuidadosos e coloridos, mas que não se bastam na posição dos móveis na sala de estar ou nas elaboradas peças chamadas “de design”. Quintal com plantas que remetem à infância, casa na árvore, cores e uma profusão de experiências estéticas compõem a residência onde vive o designer Marcelo Rosenbaum, conhecido por fazer grandes reformas no quadro “Lar Doce Lar” do programa “Caldeirão do Huck”.

A casa de Rosenbaum não foi projetada por ele, a construção antiga data dos anos 1960 e foi parcialmente transformada em um reforma finalizada em 2010 e capitaneada pelo designer. Com um desenho inteligente e confortável como ponto de partida, a morada bem iluminada ganhou alguns cômodos integrados e vários pontos de aconchego usados pela família em uma vida dinâmica de convívio e celebrações.

A reforma desafiou o conceito de morar do próprio designer e instaurou mudanças na atitude dos moradores na forma de ocupar os espaços generosos e que acabaram crescendo através de “puxadinhos” - como diz o designer - que melhor aproveitaram o terreno de 457 m² e os espaços antes disperdiçados. “Não existe um centro, os ambientes foram criados cada um para seu momento. Passamos muito tempo em casa e a usamos com a família e os amigos. No quintal, fazemos festas e almoços de domingo. Na sala de estar e varanda ficamos à noite, quando temos convidados para o jantar. As crianças adoram a sala de TV – que tem um deck para brincar -, mas usamos também esse cantinho, quando o encontro com nossos amigos é para um jogo ou filme”, conta Rosenbaum.

Retalhos afetivos

Diferentes inspirações, materiais e texturas povoam a construção dividida em três pavimentos. "A ideia é colecionar histórias e memórias”, diz o designer, “me interesso pelo que é bonito”. Assim, como em uma colcha composta em patchwork, elementos improváveis vão sendo colados. “Gosto de misturar, sempre gostei. E misturo com liberdade, procurando uma composição de planos arquitetônicos”, define.

Na casa que se tornou um laboratório de experimentações, o piso mais baixo, engloba as áreas de lazer externas como piscina e jardim, além das dependências de empregados. Este espaço nos fundos da casa, antes da reforma, era um quintal cimentado que servia apenas para secar as roupas estendidas no varal.  E agora, ali, na quina que se forma entre o muro dos fundos e o lateral mais comprido – o lote é irregular – está uma casinha de madeira, distante do chão.

Clique e veja o projeto

  • Paulo Pereira / UOL

    Biblioteca para Todos, no Pq. Santo Antonio (SP), tem projeto de Marcelo Rosenbaum

“Criamos jardim, piscina, churrasqueira e a casinha suspensa que é artesanal, em madeira, coberta por um telhado verde ecológico. A rede para escalar (além dela, há uma escadinha que dá acesso à lúdica estrutura) quem fez foi meu amigo Lao, da Lao Engenharia, que projeta e constrói parquinhos de madeira super legais”, explica o designer.

No corpo principal da residência, chama a atenção a área da churrasqueira que ganhou cara de cozinha rústica e conta com mesa ampla, uma área para descanso com rede e móveis de cana-da-índia e um lounge com teto de vidro, sombreado pela sibipiruna que estica os galhos sobre o cômodo desde seu canteiro, lá na calçada.

No térreo, as áreas sociais diferem entre si. Na sala de estar, o preto amarra a decoração em algumas peças sóbrias como o sofá do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, enquanto uma das paredes é revestida em madeira de demolição, assim como parte da garagem.  Na cozinha o armário antigo é combinado às cadeiras industriais assinadas por Konstantin Grcic e aos módulos suspensos em tom de rosa.

Compondo com cores

A cor, mais intensa e diversa, pontua também o piso superior e reservado – onde estão os quartos. Nele, os móveis da linha Caruaru, assinados pelo designer, se conjugam com os tons vivos de portas, objetos e paredes e com a coleção de "toy art" disposta sobre uma comprida prateleira na sala de TV.

Matizes aplicados sem medo dão personalidade aos revestimentos, objetos e móveis distribuídos pela casa. Na piscina, o mosaico que a reveste é combinado ao ladrilho Bandeirinha que segue até a churrasqueira, ambos desenhados por Rosenbaum. Nas citadas madeiras de demolição, toques sutis de cor, muito diferentes dos painéis chamativos e luzidios do home theater.

Clique e veja alguns designs
de Marcelo Rosenbaum

  • Divulgação

As cores estão também nas plantas tropicais com “cara de mato”, como define o designer, e que emprestam a vasos e canteiro porções de verdes voluptuosos em costelas-de-adão, samambaias, espadas-de-são-jorge, bromélias. “Sou fã confesso de samambaias, elas estão nas minhas lembranças de infância”, argumenta o designer em favor das plantas, tachadas de brega nos anos 1980. Um dos destaques do paisagismo, com projeto de André Paoliello, é o jardim vertical estruturado em tijolos ecológicos e que enfatiza as paulistinhas, plantinhas que não precisam de enraizamento.

Pontuando de maneira emotiva, Marcelo Rosenbaum estabeleceu para si e para sua família um lar delicado em technicolor, onde há espaço para brincadeiras e festas. Uma casa que se aproxima do trabalho de seu autor, mas se distantancia de um, quem sabe, esperado showroom. Na morada há respeito pelas memórias – tidas e a serem construídas – e lugar para experimentos destemidos e simbióticos, tipicamente brasileiros.designer

Ficha técnica

Casa do Arquiteto, São Paulo (SP)

Projeto de Rosenbaum

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 457 m²
  • Área Construída 400 m²
  • Início do Projeto 2009
  • Conclusão da Obra 2010
  • Projeto Rosenbaum
  • Equipe Adriana Benguela, Ana Galli, Bruno Dias, Henrique Pinheiro, Jefferson Baba, Rodrigo Martins e Ludmilla Bueno
  • Projeto de Arquitetura Marcelo Rosenbaum (reforma)
  • Projeto de Paisagismo André Paoliello
  • Projeto Luminotécnico La Lampe