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Casa de 269 m² desenvolve-se em três pavimentos sobre terreno acidentado

17/09/2011 10h00Atualizada em 22/04/2015 19h10

Da rua, a casa é praticamente invisível ao passante, enquanto que a bela vista do oceano e do continente é emoldurada pela pérgola de madeira, que funciona como um mirante do alto do morro. É do mar que essa casa de pedra e vidro se revela. "Ela é percebida como uma sequência de linhas curvas e retas que se relacionam em contraponto, umas valorizando as outras. Poesia e cartesianismo, natureza e construção", explica o arquiteto italiano radicado no Brasil, Enrico Benedetti, autor do projeto.

Foi com a percepção do terreno avistado do mar que o projeto desenhou-se na cabeça de Benedetti. Sua localização em área muito acidentada, com 38 graus de inclinação e declive de 50 metros entre a rua e o mar, não permitiu que Enrico se embrenhasse com segurança para a conferência da carta topográfica.

Ao acessá-lo pela estrada de terra, "vi uma maravilhosa linha do horizonte, delimitada por uma tênue linha azul onde mar e o céu se confundiam", lembra-se. Até então, o que ele possuía era o levantamento topográfico e algumas indicações do cliente.

Entender o terreno

Segundo ele, a carta topográfica expressa a morfologia do terreno em um suporte bidimensional (que é a folha), sendo fundamentais para o arquiteto entender o terreno e moldar a ideia do projeto. "Mas não se faz projeto sem ver, caminhar, tocar, olhar o sítio. Um bom projeto é aquele que se relaciona com harmonia ao lugar e com o mínimo de alteração da morfologia original", afirma.

Pela carta topográfica, Enrico já esperava encontrar um terreno íngrime. No entatno, quando chegou ao lugar indicado, simplesmente, não conseguiu ver o terreno. Era impossível descer, e tirar fotos que pudessem auxiliá-lo no projeto. Por isso, decidiu ver o terreno do mar.

"Do mar, abriu-se a meus olhos um espetáculo natural: lindas palmeiras, arbustos silvestres, bromélias e árvores nativas, em um terreno acidentado e repleto de grandes pedras nas quais as ondas do mar estouravam", descreve Benedetti, em um relato típico de um europeu, pouco acostumado a intervir em lugares cuja natureza é "poderosa".

Longe do agito

A construção deveria acontecer com poucas de alterações na paisagem, inserindo-se com delicadeza na inclinação natural do terreno. Com essa imagem na mente, Enrico adaptou a forma idealizada ao programa funcional dos clientes.

Os proprietários, um jovem casal com uma criança, adquiriu o terreno afastado do burburinho do centro da cidade praiana para curtir a tranquilidade da natureza e a bela paisagem, e desfrutar dos ventos locais, favoráveis ao hobby do marido, um grande apaixonado por windsurf.

Os clientes não tinham ideia precisa do que esperavam do aspecto formal da futura casa. Apenas imaginavam uma residência rústica, parecida com as da região, e tinham um programa bem detalhado com os espaços de que necessitavam.

O projeto apresentado surpreendeu por suas linhas contemporâneas e pela organização funcional, inversa em relação a um projeto tradicional (a entrada acontece pelo teto-jardim, o andar social fica um piso abaixo e, o dos quartos, sob este).

O resultado é uma residência com terraços generosos, aberta para o mar e que exigiu pouco movimento de terra, reduzindo o impacto de sua construção sobre o meio. A natureza agradece! (Silvana Maria Rosso em colaboração para o UOL)

Ficha técnica

Casa no Litoral Paulista, São Paulo

Projeto de Enrico Benedetti Arquitetura

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 1.000 m²
  • Área Construída 269 m² (casa) e 426 m² (terraços)
  • Projeto Enrico Benedetti
  • Colaboradores Marcos Woeltz, Roberta Villela, Wendell Ferreira
  • Projeto Estrutural - Concreto Bertuci & Garcia Engenheiros Associados
  • Construção Construtrora WJM (Wanderson José Moreira)
  • Projeto de Instalações Elétricas Bertuci & Garcia Engenheiros Associados