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Casa de praia quebra naturalidade da paisagem ao parecer com contêineres

Do UOL, em São Paulo

19/08/2014 07h01Atualizada em 21/04/2015 17h46

Uma das formas de se dizer “casulo”, em inglês, é “pod”. E por trás desta pequena palavra está a ideia de uma arquitetura que se constrói de dentro para fora. Nomeada "Pod", esta casa foi desenhada esculturalmente e pensada como um objeto de destaque na paisagem. É um "casulo" de fim de semana que assume uma estética visivelmente produzida pelo homem, aproveitando a praia, mas não se fundindo a ela. Assim, a residência projetada pelo escritório Whiting Architects tornou-se um refúgio alocado na cidade litorânea de Lorne, Austrália. 

Fugindo ao senso comum, “a proposta era obter um design que sublimasse os limites entre o produto imobiliário comercial e a obra de arte”, explica a arquiteta Carole Whiting. Portanto, o passo primordial do conceito arquitetônico foi retirar da casa todos os traços arquetípicos que remetessem aos elementos corriqueiros a uma residência beira mar, com vista aberta para a linha do horizonte. 

 
Do mar para a praia, quem avista a “Pod House” tem dúvidas sobre se aquilo é uma casa ou uma pilha de contêineres depositada sobre o terreno, que acabou de ser descarregada por um navio cargueiro.  
 
Carga ao mar
 
O projeto utilizou-se de luz, sombra, texturas, cores e volumes, quebrando o prédio em três componentes pequenos, como caixas empilhadas (três pavimentos), com total aproveitamento de uma topografia acidentada, para desenvolver residência vertical, com garagem e serviços no térreo, área social e de convivência com terraço no primeiro andar e dormitório no segundo. 
 
Para dar maior amplitude à vista, chegando a uma captação do entorno de mais de 180°, as caixas são sobrepostas (implantadas) a partir de um eixo de rotação, de forma que cada uma de suas imensas janelas de fachada se volte em uma direção. Isso amplia também o aproveitamento sol, em qualquer horário do dia. 
 
Esses “contêineres” são feitos de concreto pré-moldado revestido por chapas de fibrocimento comprimido, que dão ao acabamento aparência tridimensional, com a possibilidade de moldar artesanalmente seus cantos e bordas. A base da casa é de alvenaria estrutural em blocos de concreto e um sistema de vigas metálicas ajuda a sustentar o empilhamento. 
Parece, mas não é
 
A cor neutra e natural do concreto aparente (um cimento queimado espatulado) mescla-se à madeira dos decks e ganha toque especial pelo contraste criado com a implantação de um painel de aço corten (liga de aço, nióbio e cromo) que “aquece” a fachada, a partir de seu aspecto avermelhado “corroído” pela maresia. 
 
A opção pelo uso extensivo do concreto também levou em conta seu desempenho térmico e isolante, uma vez que colabora na moderação das temperaturas internas, em detrimento da grande captação de luz solar e calor por janelas e portas.  
 
Reservado, o espaço promete uso fácil, com pouca manutenção, e um bom lugar para o relaxamento, além do acesso à cidade através de uma curta caminhada através da areia da praia. Um refúgio não tão isolado assim, mas fiel a sua essência. 

Ficha técnica

Pod House, Lorne, Austrália

Projeto de Whiting Architects

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 1.000 m²
  • Conclusão da Obra 2012
  • Projeto Whiting Architects
  • Projeto de Arquitetura Whiting Architects
  • Projeto de Decoração Carole Whiting
  • Projeto Estrutural - Concreto Bruce McCraken
  • Construção Spinefex