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Casa na Pampulha tem desenho escultural e terraços panorâmicos

Do UOL, em São Paulo

28/10/2013 07h02Atualizada em 21/04/2015 18h08

O arquiteto mineiro João Diniz enfrentou dois desafios ao projetar esta residência destinada a um editor de livros de arte, casado e com dois filhos. O primeiro se referia à estética exterior, dada a vizinhança povoada por obras de Oscar Niemeyer. O segundo foi organizar os interiores de acordo com as peculiaridades e limitações do lote com 1.243 m² e considerável aclive de 14 metros.

No conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), - que há cerca de 70 anos deu fama internacional à arquitetura brasileira – o projeto em nada se assemelha às consagradas curvas criadas por Niemeyer. Seu traçado baseia-se em linhas retas e superfícies planas, dominadas pelo dinamismo. Ou, como define seu autor, esta é “casa concebida com sobriedade modernista”.

A arquitetura que “evita” assentar-se no terreno – mesmo que apoiada pelos inevitáveis cortes e aterros, de grandes dimensões –, é convertida num dos pontos mais marcantes do projeto. Para o volume frontal, a sustentação foi dada por quatro pilares de concreto, em forma de pirâmide invertida, que conferem à casa uma sensação de leveza, algo como “um volume solto no ar, prestes a alçar voo”, segundo o arquiteto.

A Casa FP foi implantada à meia altura do terreno. Evitando assim as naturais dificuldades de acesso, se localizada no topo ou nos fundos; bem como, se situada na parte frontal, acabaria por privar seus usuários de desfrutar da vista da represa da Pampulha, muito próxima.

O conjunto compreende basicamente três pavimentos. O inferior tem formato em “L” e abriga a garagem e o estar com pé-direito duplo - voltados para a frente do lote -, além dos quatro dormitórios organizados em linha e direcionados à face Norte, bem iluminada e silenciosa.

O piso intermediário corresponde ao espaço que integra cozinha e sala de refeições e é dominado por dois grandes terraços: o frontal, sobre os dormitórios, e o lateral, sobre a garagem. Na residência, há uma particular atenção dada aos espaços abertos, com sacadas e terraços panorâmicos de generosas dimensões, encarados como mirantes.

Em continuidade a tais terraços, está a área de convívio social. Nela, um galpão assentado sobre o nível do terreno abre-se francamente para um novo terraço, com pequena piscina em forma de semicírculo, encostada em uma parede decorada por um painel de azulejo pintado, obra do artista Fernando Pacheco.

Dotado de sauna com vestiário, fogão à lenha e churrasqueira, o “varandão” procura resgatar as velhas tradições mineiras, tanto no seu uso quanto na linguagem arquitetônica. Assim, contrariamente às técnicas construtivas e à geometria do restante da casa, na ampla varanda é empregada uma cobertura inclinada e composta por telhas de barro. O espaço evoca o espírito próprio das casas coloniais mineiras, atendendo ao desejo do proprietário, que considera-se, segundo o autor do projeto, com “o pé na roça”.

Compõe também este espaço de convívio uma espécie de arquibancada: na verdade, um  deck escalonado de madeira, viabilizado pela cobertura mais elevada da sala de refeições e que proporciona fluidez entre esses dois terraços. Onde, o de cota mais elevada é utilizado como área de serviço, aberta.

Dele faz parte, ainda, uma espécie de torre de dimensões reduzidas: um corpo de base quadrada, ocupado por escada e elevador e com cobertura de desenho dinâmico, graças à utilização de coletor solar com ângulo de 30º, que funciona como aquecedor de água.

E nesse ziguzaguear de formas fluidas e intrincadas, a Casa FP foi incluída no “Roteiro Modernista”, criado para os turistas que visitarão a capital mineira quando da Copa do Mundo de 2014. 

Ficha técnica

Casa FP, Belo Horizonte (MG)

Projeto de João Diniz

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 1.243 m²
  • Início do Projeto 2007
  • Conclusão da Obra 2010
  • Projeto João Diniz Arquitetura
  • Equipe João Diniz (coordenador)
  • Colaboradores José Luis Baccarini, Pedro Guadalupe, João Pedro Torres, Isabel Diniz, Caio Guerra, Clarissa Bastos, Elena Vale, Monica Ogura e Priscila Garcia
  • Projeto de Arquitetura João Diniz
  • Projeto de Paisagismo Mercado Verde / Firmino Fiuza
  • Construção Construtora Geraes / José Maurício Menezes
  • Projeto de Instalações Elétricas Senog Ltda.
  • Cálculo Estrutural Marcello Cláudio e Sigefredo Fiuza
  • Projeto Luminotécnico Abajur de Arte / Adraiana Vasconcelos