Casa no Guarujá preserva mata nativa e ocupa o mínimo possível do terreno

Uma vista de quase 360º para a mata atlântica (exceto a fachada, que fica de frente para a rua do condomínio), com direito ao frescor do bosque e o cheiro típico do mato. Apesar de parecer campo, o cenário está a poucos quilômetros do mar, no Guarujá, litoral de São Paulo. Ao observar a maneira como casa foi construída, enfronhada na vegetação, fica fácil entender porque os proprietários – um casal de São Paulo, com três filhos adolescentes – foram enfáticos ao recomendar a derrubada do mínimo necessário de árvores para a construção. E assim foi feito. A casa ocupa uma área 554m² do terreno, incluindo lajes e varandas, preservando ao máximo a mata nativa no lote de 1220m². “Esse desejo correspondeu com que a gente acreditava também. É uma vegetação muito bonita, diversificada”, conta a arquiteta Lua Nitsche, da Nitsche Arquitetos Associados, de São Paulo, uma das autoras do projeto, que foi desenvolvido em parceria com seu sócio, Pedro Nitsche.

Uma casa prática e funcional era outra exigência dos moradores, além de um orçamento controlado. A dupla de arquitetos resolveu o desafio atuando em duas frentes. Primeiro, na criação de uma planta objetiva, sem tantos desenhos e recortes, apesar de ter dois pavimentos, para priorizar o aproveitamento dos espaços. Depois, o trabalho de Lua e Pedro contribuiu para a etapa dos acabamentos, quando fizeram uma seleção básica de materiais de revestimento, piso, louças e metais e trabalharam todos os ambientes equivalentes da mesma forma. “Escolhemos itens simples e de baixo custo. Nada é lançamento, são linhas médias, mas de marcas boas. Por exemplo, todos os banheiros das suítes são iguais, com a mesma linha e modelo de louças, metais, piso, portas e revestimentos” conta Lua Nitsche. No pavimento térreo foi aplicado um único piso, tanto dentro como fora da casa. No piso superior, quartos e áreas de circulação também receberam o mesmo piso, assoalho de madeira. “Dessa maneira mantivemos os gastos sob controle e preservamos qualidade e conforto. Não dependemos de um acabamento top de linha para ter um bom resultado. Dá para gastar um terço desse valor e obter a mesma qualidade”, diz a arquiteta.

Detalhes que fizeram a diferença

Transparência e grandes espaços livres predominam no projeto. Quem está na sala ou na cozinha tem a sensação de estar ao ar livre, tamanha é a proximidade com as árvores. E os vidros evidenciam isso. “Priorizamos a entrada de luz natural através dos vidros e espaços abertos, sem muita interferência”, resume Lua. A integração da sala e da cozinha no piso térreo, em um espaço de 120m², traz conforto e amplitude, o que é ideal para quem tem três filhos adolescentes e está com a casa sempre cheia. Em frente à cozinha, que também é um dos acessos de entrada, há uma enorme laje, que faz as vezes de um terraço, ligando a área social com a de lazer - o deck da piscina, incrustado na mata.

No piso superior ficam cinco suítes, que têm exatamente o mesmo tamanho e uma varanda de um lado ao outro. Os quartos com vista para a mata têm acesso tanto pela área interna da casa quanto pela externa, através da escada do deck. Há ainda um piso inferior, abaixo do nível da rua, que dá acesso ao jardim, onde, embaixo da casa, foi construída a área de serviço, um depósito e a casa do caseiro. (Isabela Leal, colaboração para o UOL)