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Com vista panorâmica e muitas janelas, casa moderna se integra às planícies argentinas

Do UOL, em São Paulo

09/01/2013 07h01Atualizada em 21/04/2015 18h34

A View House é uma casa que se completa pelo horizonte. Situada na região de Rosario, Argentina, a construção assinada pelos arquitetos Diego Arraigada, Mark Lee e Sharon Johnston é cercada por planícies verdejantes e matas de eucaliptos e, com ousadia, equilibra o peso da estrutura e a fluidez de suas linhas. 

Ao observar a geometria do volume construído, fica fácil entender porque a percepção do entorno é total, em 360 º. Difícil, porém, é falar em perímetro edificado, quando a fachada se divide em planos lineares e curvas, buscando a rotação em torno de si mesma, mas sem perder ângulos retos necessários.

Para criar a peculiar residência, a estratégia da arquitetura foi desenvolver uma massa compacta pensada para a utilização de placas de concreto pré-moldadas e que aceitassem recortes curvilíneos. Trata-se de um monolito pesado, cujo pavimento térreo se apresenta um pouco mais elevado em relação ao terreno pelo uso de sapatas que dão sustentação à estrutura. Assim a aparência do volume torna-se delicada e o assento sobre o solo, leve.

Diferente e concisa

Apesar do formato arredondado e compacto, era preciso manter a qualidade funcional do "layout" interno da casa. Nela a circulação foi pensada em espiral ascendente, trazendo para dentro toda a geometria do conceito arquitetônico exterior. Portanto, se por fora os recortes remetem a triângulos, retângulos e elipses (ou semiesferas), os interiores acabam por revelar essa mistura de maneira mais sutil, com pontos de forro curvos e rebaixados terminando em vigas horizontais ou pés-direitos altos e duplos, modelados com vãos fechados em caixilharia de alumínio e vidro.

A caixilharia, por sua vez, só não excessiva porque o grande número de aberturas se justifica na busca da harmonia imposta pela própria miscelânea de formas e linhas. Em todos os cantos, e de todos os ângulos, o olho encontra uma janela ou uma porta de correr que se abre para a paisagem externa. A integração é total e é quase impossível deixar de notar que os pontos de iluminação artificial são poucos.

VEJA PROJETO DE RUY OHTAKE, COM CONCRETO E MUITAS CURVAS

  • Daniel Ducci/ UOL

Um dos focos de luz direta mais chamativos, porém, é o que se projeta sobre a mesa de jantar: a partir de um grande rasgo no forro de gesso, a luminotécnica faz surgir o facho em forma de cone sobre a parede atrás da mesa, o que dramatiza o ambiente.

No quarto principal – assim como no resto da residência - também não há exagero nas peças de decoração ou mobília. O essencial é par de uma arquitetura simples, eficiente e impressionante: a própria incidência da luz que entra pela lateral fechada em imenso caixilho com vidro se projeta sobre a cama, formando triângulo-retângulo que “decora” o ambiente. O verde dos eucaliptos, do lado de fora, torna-se, através da vidraça, uma pintura-viva.

Muito aberto, mas exclusivo

A circulação espiralada parte da cozinha, jantar e estar principal - áreas sociais e, portanto, mais abertas, inclusive quanto ao número, dimensão e disposição dos vãos transparentes e fechados apenas com vidros.

A medida que se sobe para o pavimento intermediário, o grau de privacidade dos interiores (e da família) aumenta. No mezanino, com área de convivência dos moradores, leitura, trabalho e relaxamento, a grande janela é tão alta que não permite a visão de fora para dentro. A partir do interior, no entanto, o que se vê é o céu azul.

Do pavimento superior, onde ficam os dormitórios distribuídos a partir de um corredor, a privacidade ainda é maior. Este nível, no entanto, se abre novamente ao exterior, por uma porta que dá passagem à cobertura, através da escada de concreto para amplo deck de madeira, em ipê roxo. Para contemplar a vida, a natureza e as vantagens da boa arquitetura.

Ficha técnica

View House, Kentucky Country Club, Rosario, Argentina

Projeto de Johnston MarkLee & Diego Arraigada Arquitecto

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 2.113 m²
  • Área Construída 361 m²
  • Início do Projeto 2004
  • Conclusão da Obra 2009
  • Projeto Johnston MarkLee & Diego Arraigada Arquitecto
  • Equipe Diego Arraigada, Mark Lee e Sharon Johnston
  • Colaboradores Juliana Esposito, Jeff Adams, Paul Gamba, Nazarena Infante, Nadia Carassai, Anne Rosenberg e Anton Schneider
  • Projeto de Fundação Gonzalo Garibay
  • Construção MECSA (Gustavo Micheletti)