Conheça a casa galpão, criada para ser um refúgio de tranquilidade em MG
Um refúgio na serra do Curral, em Belo Horizonte (MG), foi criado pelo arquiteto Allen Roscoe. A casa foi pensada para ele mesmo, um apaixonado colecionador de jipes, e apresenta uma linguagem característica dos galpões, tipo de construção com a qual o arquiteto trabalhou durante muitos anos de sua vida profissional.
A fim de abrigar a coleção de peças nada compactas, a casa Mangabeiras é constituída por um único volume, implantado em terreno com 469 m² e acentuado desnível de 18 metros. Para vencer tal inclinação, o arquiteto utilizou uma série de contenções escalonadas feitas com pedras obtidas pela movimentação manual de terra do próprio lote.
Quase industrial, o sistema estrutural é constituído por lajes moldadas "in loco", apoiadas em pilares e vigas de idênticas seções, compostos por tubos circulares unidos por treliças planas em chapa dobrada formando uma malha de 12 m². Os pilares, porém, têm alturas variadas, determinadas pela topografia, o que permite o assentamento natural e em escala.
Tanto as paredes quanto a cobertura foram executadas com peças inteiriças de telhas galvanizadas, de modo a evitar emendas. O necessário isolamento térmico é assegurado nas paredes pelo emprego de colchões de ar e alvenaria fina, enquanto sob a superfície da cobertura foi utilizada lã de vidro.
Uma das faces do galpão de 24 m x 36 m apresenta um chanfro em 45°, decorrência do ângulo agudo do terreno, por onde se faz o acesso à residência. Na fachada, o franco predomínio das superfícies cegas permite apenas a redutora presença de um portão multiuso (6,5 m), executado em tela de aço e uma longa janela de esquina, com comprimentos de 12 m e 24 m, elevada do solo de modo a garantir segurança e privacidade e, ao mesmo tempo, proporcionar uma vista privilegiada da capital mineira.
Era uma casa
Com 350 m² de área construída, a casa Mangabeiras ganhou a seguinte distribuição: térreo com estar, lavabo e espaço para oito jipes; mezanino com dormitório do casal e banheiro e subsolo com depósito, adega e cozinha, cuja ventilação se dá por um vão de apenas cinco centímetros entre a alvenaria e a laje.
A reciclagem e o reaproveitamento de materiais de demolição são uma constante na residência do arquiteto Allen Roscoe. É o caso do lavabo, cujas paredes foram revestidas com chapas litográficas usadas e onde o porta-toalhas e o porta-papel são feitos com peças de corrimãos de ônibus; e, do mezanino, com o piso do banheiro em chapas de aço revestido por borracha e paredes metálicas constituídas de embalagens utilizadas. O sistema hidráulico é todo aparente e possui algumas partes com mangueiras flexíveis que permitem a movimentação da pia da cozinha, por exemplo.
A casa Mangabeiras traduz com perfeição o que se chama de personalização de espaços: “Tudo aqui está associado ao meu estilo de vida”, afirma o arquiteto. No mezanino, por exemplo, a cama do casal tem rodízios e, ao ser deslocada, deixa aparecer a banheira que está embaixo dela. Assim, tanto durante o repouso quanto na hora do banho, é possível admirar a paisagem. Ainda no dormitório, destaque para o guarda-corpo que nada mais é do que armário para as roupas e objetos do casal.
Porém, as peculiaridades da residência atingem o auge na grande sala do térreo que foi reservada ao estar e para abrigas os jipes. Ou seja, visitas e carros convivendo em harmonia, assistindo a prática do principal hobby do proprietário: recuperar e colecionar esses carros robustos e antigos.
Ficha técnica
Casa Mangabeiras, Belo Horizonte (MG)
Projeto de Allen Roscoe
Detalhes do projeto- Área do Terreno 469 m²
- Área Construída 350 m²
- Início do Projeto 1991
- Conclusão da Obra 1992
- Projeto Allen Roscoe da Cunha
- Projeto de Arquitetura Allen Roscoe da Cunha
- Projeto de Fundação Sérgio Velloso
- Projeto Estrutural - Aço MIL Montagem de Indústrias Ltda.