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Escada cênica, tijolos aparentes e concreto dão ar cosmopolita à casa em SP

Do UOL, em São Paulo

09/09/2013 07h03Atualizada em 21/04/2015 18h13

“Que tivesse assegurada a privacidade necessária ao bem viver numa cidade como São Paulo”. Esse era o principal desejo do casal que proprietários dessa residência situada no Jardim América, bairro tradicional da capital paulista. O projeto, entregue à arquiteta Paula Bittar, atende às expectativas dos moradores - ele administrador e ela estilista e seus dois filhos pequenos -, que desejavam “uma morada tipicamente urbana”. Por isso,“criei uma casa que fica bem em qualquer lugar do mundo, como um oásis dentro da cidade”, conta Bittar.

Alguns desafios, como as proporções do lote estreito e comprido – são dez metros de frente e 36,5 m de comprimento - e os recuos obrigatórios pela legislação implicaram num volume longilíneo. O recuo frontal de sete metros foi aproveitado para o abrigo dos carros, cujo portão é executado em madeira cumaru, já o lateral da face norte (1,9 m), dada sua franca insolação, é para onde se voltam as dependências sociais (living, refeições e lavabo, no piso térreo) e íntimas (três suítes, no piso superior).

A sala de estar com pé-direito duplo – outra exigência dos proprietários –, é o espaço de articulação entre os dois pavimentos e fica nos fundos, voltada para um jardim com deck incomum, dado o sistema de trilhos que possibilita o deslizamento do tablado de madeira. Assim, quando a piscina com hidromassagem está fora de uso, esse elemento pode cobri-la e, de quebra, revelar um gramado sob si. 

Sem janelas para a rua

A exigência de privacidade foi atendida com o emprego de paredes cegas na fachada. O depósito, normalmente instalado nos fundos, ficou na frente da construção e, no piso superior, o terraço foi fechado com parede de alvenaria, tendo abertura somente na parte de cima.

A face sul da residência, por sua vez, é uma empena cega, construída junto à divisa. Em razão disto, voltam-se para ela as dependências de serviço (depósito, quarto e banheiro de empregada, cozinha e lavanderia), acessíveis através de estreito corredor (1,50m).

A lavanderia, porém, recebe luz extra através da cobertura envidraçada, enquanto a cozinha é inteiramente ligada à sala de refeições. Sobre esses espaços estão o banheiro do casal com hidromassagem, iluminado através de jardim com pergolado, sendo a sala de TV e a rouparia iluminadas através de claraboias situadas no solarium. Por fim, uma edícula de dois pavimentos (80 m²), construída junto às divisas laterais e de fundos, abriga ambiente de estar, escritórios e sala de ginástica.

Escada, um destaque

Destaque particular no conjunto arquitetônico tem o desenho da escada principal. Foi intenção da arquiteta “resolvê-la com um só lance, para não perder espaço útil no living e oferecer passagem confortável por baixo da estrutura”, como afirma Bittar. Porém, o ambiente muito estreito inviabilizava a “virada” da escada e complicava o intento.

Tal dificuldade acabou por ser contornada com a colocação do patamar na área do recuo lateral, envolto por uma caixa de vidro iluminada intensamente. O recurso inusitado indiretamente criou uma assinatura e deu ainda mais identidade à casa.

Contraste de materiais

Os proprietários propuseram o uso do concreto deixado aparente que, depois de retirada a forma, foi lixado e resinado. O material aparece com destaque no pilar da fachada frontal e compõe as prateleiras da sala de estar.  Por sua vez, a arquiteta especificou o tijolo à vista e o uso intensivo da madeira, com o propósito, segundo ela, de “quebrar a frieza do concreto”.

Os tijolos são originários de demolição, por isso, bastante rústicos e com tamanho maior do que usados habitualmente. As paredes - por se estruturarem como uma superfície muito porosa pela falta de argamassa de revestimento - receberam também tratamento com resina protetora.

O piso interno é feito de limestone natural na cor cinza e o externo é composto por pedras portuguesas na cor preta. As portas são em nogueira, enquanto os degraus da escada cênica alternam peroba e canela. “Com essa mescla de materiais, os ambientes ganharam uma atmosfera harmoniosa e moderna, referências de uma casa urbana”, ressalta Bittar.

Ficha técnica

Casa Urbana, São Paulo (SP)

Projeto de Paula Bittar

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 365 m²
  • Área Construída 340 m²
  • Início do Projeto julho de 2009
  • Conclusão da Obra abril de 2012
  • Projeto Paula Bittar
  • Equipe Paula Bittar e Adriana Medeiros
  • Projeto de Arquitetura Paula Bittar
  • Projeto de Decoração Paula Bittar
  • Projeto de Paisagismo Marcelo Faisal Paisagismo
  • Projeto Estrutural - Concreto Francisco Inácio Rocha De Assis Moura
  • Construção Vibia Engenharia (Construção) e Aggo Engenharia (acabamentos)
  • Projeto de Instalações Elétricas Ativa Projetos e Instalações Elétricas Ltda.
  • Projeto Luminotécnico Paula Bittar