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Mendes da Rocha inspira casa em balanço construída com orçamento baixo

Do UOL, em São Paulo

28/07/2014 07h01Atualizada em 21/04/2015 17h48

Gastar pouco mais de R$ 100 mil na construção de uma casa. Fazê-la “levitar” através de uma solução estrutural ousada. E, ainda, desenhar uma arquitetura inspirada no modernismo de Paulo Mendes da Rocha. Parece uma equação improvável, mas o escritório paraguaio TDA Arquitetura, fez tal conta “fechar”.

A “Casa en el Aire”, ou “House in the Air” [Casa nos Ares], é pautada pela economia e pela funcionalidade e foi pensada para atender a um casal jovem que acabara de ter seu primeiro filho.  Sua forma também é condizente com as condições climáticas locais. O terreno tem, em sua face norte, uma reserva de vegetação alta e densa e apesar de exposto aos ventos frios rigorosos do sul, a média de temperatura no verão é de 35° C. Portanto a obra deveria tanto proteger os residentes dos ventos, quanto oferecer conforto térmico para os dias mais quentes.

A necessidade faz o engenho

“A escassez de recursos financeiros nos fez pensar em soluções que nem passariam por nossas cabeças se tivéssemos muito dinheiro para a obra”, revela o arquiteto Miguel Duarte, um dos autores do projeto.

Para alcançar a altura das copas das árvores e integrar os cômodos da casa ao entorno verde, salas de estar e jantar, dormitórios e cozinha concentraram-se num bloco único, suspenso a 2,8 m do solo, preso por dois pilares estruturais. Estes mesmos pilares fixam, a partir de elementos metálicos, duas outras caixas posteriores, também suspensas, a 0,8 m do chão, e que servem como contrapesos ao volume principal. Uma delas abriga a escadaria de entrada para a residência; a outra a área de serviços.

Sob a casa flutuante – um volume de concreto armado -, está área de convivência de 80 m², com piso de cimento queimado e sem a interferência de elementos estruturais. A área, ligada ao gramado circundante, revela um projeto completo e uma ocupação pífia do terreno: 99,58% dele permanece livre. Trocando em miúdos, a casa toca o solo no equivalente a 1,7 m², frente a um terreno de 420 m² totais e 180 m² construídos (em balanço). 

Com empenas cegas para leste e oeste e aberturas norte e sul, os vãos são tão compridos quanto as fachadas (16 metros), com janelas máximo-ar de vidro que proporcionam iluminação natural e ventilação cruzada abundantes.

Dentro da caixa

Internamente, para aumentar a sensação de integração e iluminar a caixa rústica de concreto aparente, a divisão dos ambientes foi executada em paredes de alvenaria simples que não chegam até o teto. Isso favorece, também, a livre circulação de ar entre os cômodos. 

Outro elemento que produz continuidade entre os espaços internos é o balcão (viga) de corte longitudinal que acompanha todo o comprimento do vão norte-sul, estabelecendo a escala da casa, e torna-se funcional ao ser usado como mesa de trabalho, apoio de cozinha e para refeições rápidas.

Entre o bloco principal da residência e seus contrapesos flutuantes, há uma espécie de mirante que pode ser entendido como uma “varanda fechada numa caixa de vidro”. Dali, ter o domínio sobre a área total do terreno e seu entorno duplica a percepção de escala da casa, e permite atingir horizontes muito mais amplos. 

Ficha técnica

House in the Air, Luque, Paraguai

Projeto de TDA Arquitetura

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 420 m²
  • Área Construída 180 m²
  • Início do Projeto 2008
  • Conclusão da Obra 2010
  • Projeto TDA Arquitetura
  • Equipe Sergio Fanego, Larissa Rojas e Miguel Duarte
  • Colaboradores Alberto Martinez, Silvio Vazquez, Gizella Alvarenga, Hugo Lopez, Antonio Noguera e Alfonzo Avalos
  • Projeto Estrutural - Concreto TDA e Enrique Granada
  • Construção TDA e Enrique Granada
  • Cálculo Estrutural Enrique Granada