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Modernista e ampla, casa se integra a pedacinho de reserva natural

12/04/2011 07h00Atualizada em 22/04/2015 19h58

Aparentemente exposta demais, a casa modernista em Mogi das Cruzes projetada pelo escritório de Frederico Zanelato guarda segredos por trás de seus vidros. Encravada em um terreno com acentuado aclive, a residência engana quem observa a fachada composta por um bloco envidraçado sustentado por pilotis e ao qual se tem acesso por uma ampla porta em peroba de demolição.

Parece ao observador que a casa se basta naquele volume e sua extensão apoiada sobre o solo, mesmo que no desnível, é pouco expressiva. Porém, a casa “SALC”, como é chamada, ganha quase o dobro da proporção de seu volume suspenso ao tomar assento sobre terra firme. Além disso, os vidros apenas deixam transparecer nuances da área social composta pelas salas de estar, jantar e cozinha concebidas em plena integração, sem paredes.

Com 250 m², o comedimento no uso dos materiais e a sustentabilidade regeu a construção datada de 2009. “Trabalhamos com economia de meios e de maneira sustentável, por isso o projeto estrutural foi pensado para ser executado no limite, sem exageros”, conta o arquiteto Frederico Zanelato.

Construída sobre fundação de estacas perfuradas manualmente e concretadas, a estrutura recebeu o número exato de vergalhões que o engenheiro civil determinou. Sem complicações, toda a composição íntima e social foi acomodada em um só piso (veja o corte), sendo que a garagem e as dependências de serviço ocupam o espaço inferior, antes do aclive.

No meio da mata
Em um condomínio de Mogi, a casa foi construída em meio a uma reserva natural. A bela paisagem determinou, portanto, as aberturas da residência garantindo belas vistas e arejamento adequado aos ambientes. “A casa foi pensada levando em conta a direção dos ventos de maneira a resolver a questão do conforto térmico. Os amplos vãos das portas e janelas proporcionam a ventilação desejada”, diz Zanelato.

A paisagem também orientou algo inusitado nessa construção projetada para uma família de quatro pessoas: a Lareira. A gás, a caixa de fogo tem sua parede de fundo substituída por um vidro que permite a integração da lareira com o exterior. “A ideia era acender o fogo e ver a mata”, salienta o arquiteto.

Detalhes e contenções de custo
Na parte dos fundos, os dormitórios, o escritório e os banheiros dividem espaço com um pátio mais reservado. O único plano de telhado da residência cobre parte dessa porção da casa, sendo que a volumetria “suspensa” e uma parcela da porção traseira da construção são recobertas por lages curadas (impermeabilizadas).

Como alternativa aos rebocos e tintas convencionais aplicou-se o emboço sarrafeado e a caiação, mais econômicos e criadores de um efeito rústico. Apenas os dormitórios tiveram as paredes revestidas com gesso liso e látex PVA. As paredes, quase sempre brancas, só ganharam cor no volume dos dormitórios voltado para a área social. Nesse ponto, foi aplicada tinta lavável para piso em tom acinzentado que ajuda na manutenção por ser resistente.

Outra solução de custo mais palatável são os cobogós que constituem uma das paredes do escritório. Os elementos vazados substituem os onerosos vidros e criam um efeito de luz filtrada.

Na casa em Mogi das Cruzes, portanto, o que se vê é a união harmoniosa e possível entre o belo, as opções de menor preço, o concreto e o verde. (DAIANA DALFITO, Da Redação)

Ficha técnica

Casa SALC, Mogi das Cruzes (SP)

Projeto de Frederico Zanelato Arquitetos

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 360m²
  • Área Construída 250m²
  • Início do Projeto 2008
  • Conclusão da Obra 2009
  • Projeto Frederico Zanelato, Fernanda Kano e Regina Sesoko
  • Equipe Guilherme Bravin e Nayara Mendes (estagiários)
  • Colaboradores Regina Santos
  • Projeto Estrutural - Concreto Wagner Garcia de Oliveira
  • Projeto de Instalações Elétricas Pleno Arquitetura e Engenharia