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Modernização extingue paredes e revela estruturas metálicas de loft de 100 m²

05/03/2011 07h00Atualizada em 22/04/2015 20h03

O loft antigo, localizado no bairro Morumbi, em São Paulo, parece ter sido construído recentemente, após uma reforma comandada pelo arquiteto Diego Revollo. Muitas divisões e acabamentos antiquados deixavam o imóvel de 100 m² ultrapassado, o que não combinava com o perfil do morador, um homem solteiro de um pouco mais de 30 anos.

O apartamento era revestido de tijolos aparentes, vermelhos. Para modernizar o acabamento sem perder o efeito original da parede, a solução foi o cimento queimado. “Usamos uma argamassa bem fluida, aplicada com uma broxa. Assim, o formato dos tijolos continuaram visíveis, porém, mais atuais”, conta Revollo.

Estar

No primeiro pavimento do loft, havia uma lareira –onde, agora, está o sofá. De alvenaria e com chaminé, ela comprometia uma grande área do living. "Era um despropósito. Se você tem um espaço grande onde a lareira não te incomoda, tudo bem. Mas em um imóvel pequeno, uma lareira é muito limitadora, pois acaba tomando uma parede inteira”, explica o arquiteto. “Parecia um forno de pizza no meio da sala”, resume.

A área envidraçada, que vai até o teto, curva-se gradativamente conforme atinge o topo, pois o loft está no último andar do prédio. “O apartamento tem muita incidência solar. Portanto, é quente. Um sistema de ar-condicionado era necessário”. E foi instalado. Assim como telas solares com comando elétrico, devido à altura das janelas. “A cortina pode ser toda aberta e, dos dois pavimentos, é possível enxergar o céu.”

Todo o primeiro pavimento do loft, incluindo a cozinha, tem assoalho feito de madeira de demolição ebanizada (técnica que escurece o material). O revestimento também foi utilizado nos degraus da escada metálica. “As pisadas de madeira fazem menos barulho. Além disso, a intenção era dar continuidade ao piso térreo, evitando, assim, a mistura de diferentes superfícies.”

As vigas de aço que sustentam o mezanino e compõem a escada estavam disfarçadas com gesso. Na obra, as estruturas foram reveladas e ganharam destaque após serem pintadas de preto. Para acompanhar esse conceito, todos os conduítes também foram deixados em evidência.

Cozinha

TÉRREO

  • Arte UOL

Integrada ao estar, a cozinha recebeu o mesmo piso de madeira ebanizada. “O revestimento suporta perfeitamente a rotina de uma cozinha, por ser de madeira de demolição, que é resistente e rústica”, e, portanto, não estraga se for molhada, segundo Diego Revollo.

A parede dos fundos do apartamento foi tomada por um projeto minimamente calculado de marcenaria, com acabamento laqueado na cor preta. Além dos armários, a estrutura abriga eletrodomésticos e até um tanque de lavar roupas.

“Como o apartamento não tem área de serviço, pois o prédio tem uma lavanderia, fizemos um espaço de apoio para os serviços domésticos, que fica  escondido atrás de uma porta-camarão [à direita dos eletrodomésticos embutidos].” Atrás dessa porta, além do tanque, há espaço para organizar vassouras e outros utensílios de limpeza.

A bancada ligada à mesa cria uma divisão entre estar e cozinha e sustenta a pia e o fogão.  Sua base de inox é ligada à mesa de jantar que, na outra extremidade, é erguida por uma estrutura metálica simples e vazada, para não criar uma barreira visual ou ocultar um dos protagonistas do projeto, o piso preto.

Próximo à mesa de jantar, o arquiteto instalou nichos abertos de alumínio natural, que expõem a louça usada no dia a dia e reúne objetos decorativos. “Como a cozinha está dentro da sala, se tivesse muitos armários, o projeto ficaria pesado. As prateleiras deixam o ambiente mais leve e é prático.

Quarto

MEZANINO

  • Arte UOL

Subindo as escadas, o quarto. O ambiente que tinha closet e banheiro isolados foi totalmente integrado. “Como não há janelas, esses dois cômodos eram, além de apertados, escuros. Por ser um loft, onde não combina ter muitas divisões, retiramos as paredes e unimos tudo”, conta Revollo, que admite ter sido uma ideia audaciosa deixar até o vaso sanitário completamente exposto.

“Achamos que essa ideia era viável por se tratar de uma pessoa que mora só. Além disso, caso o morador precise de privacidade, há o lavabo [no primeiro pavimento, ao lado da porta de entrada]”, explica. E, por se tratar de um apartamento pequeno, ter menos paredes faz bastante diferença. “Eliminando-as, você pode ter uma cama mais larga, um banheiro mais espaçoso, um closet maior”, exemplifica o arquiteto.  

No mezanino, o cimento queimado foi usado também no chão. Na área molhada, próxima à banheira e à pia, foi aplicada uma resina impermeabilizante. O revestimento chega até o teto do banho, onde está instalado o chuveiro.

Entre banheiro e dormitório, há uma bancada de carvalho ebanizado que, intencionalmente, é vazada. Ela está presa à parede em uma das extremidades e, na outra, ao volume de espelhos que forma a cuba -tudo desenhado pelo escritório de arquitetura de Diego Revollo. Um espelho suspenso, fixado por um suporte de inox polido, vem do teto, mas não toca a bancada, mantendo, assim, o conceito de não criar barreiras.

O closet, por fim, também detalhado pelo escritório, é acabado com laca preta brilhante. Os armários dividem uma única porta, cuja função principal é a de espelho. O painel de correr oculta apenas um dos lados do armário, a critério do dono, que, certamente, vai preferir esconder o que estiver mais bagunçado na hora de receber as visitas. (Vladimir Maluf, da Redação)

Ficha técnica

Loft no Morumbi, São Paulo

Projeto de Diego Revollo

Detalhes do projeto
  • Área Construída 100 m²
  • Início do Projeto Junho de 2009
  • Conclusão da Obra Agosto de 2010
  • Projeto Diego Revollo
  • Equipe Bruno Mattos, Marcela Guerreiro, Marcelo Herrera e Laís Minatel
  • Gerenciamento da Obra J.D.S. Reformas
  • Projeto Luminotécnico Diego Revollo Arquitetura