Projeto de casa sobre pilotis em mata valoriza as características naturais do local

A casa foi implantada em terreno de 1.100 m², dentro de um condomínio que ocupa parte da mata do Jambreiro, reserva ambiental de mata atlântica em transição para o cerrado, no município de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte. Essa mata, uma das mais importantes reservas ecológicas da região, está situada entre serras e conta com flora e fauna ricas e diversificadas. Por essa razão, no desenvolvimento do projeto, os arquitetos partiram da premissa de valorizar o lugar, preservando ao máximo sua topografia original e árvores de grande porte. A opção de construir a casa sobre pilotis favoreceu a idéia de intervenção mínima no terreno, e permitiu o uso do espaço sob a edificação, resultando em uma casa de dois pavimentos. Além disso, reduziu o problema de umidade, comum no local, uma vez que o volume principal da casa não entra em contato com o solo.

A discreta fachada frontal da casa abre-se para um platô amplo e elevado em relação ao terreno, e nela se destacam duas linhas de janelas horizontais tipo fita: uma no alto, sob a laje de cobertura, e outra embaixo, junto à laje de piso, levando luz ao piso inferior. O acesso pode ser feito tanto por uma pequena escadaria, que chega ao hall do piso principal, quanto pela entrada de veículos, na lateral. Os ambientes do pavimento de acesso, que totalizam 190 m², são dotados de generosas vidraças que proporcionam belas visuais das serras e da mata do entorno, e ainda oferecem boas condições de conforto térmico, com ventilação e iluminação naturais e adequadas. Nesse piso estão concentrados os principais itens do programa, como salas de estar e jantar, cozinha, suíte, dois quartos, sala de televisão, banheiros, e ainda um pátio interno fechado, com piso em deck, protegido no alto por uma grande cobertura retrátil de vidro. A circulação fica concentrada nesse pátio interno central, que funciona como elemento de ambientação e articulação entre o nível principal da casa, a área de estacionamento, jardins, e o nível inferior, com 176 m², que reúne as dependências de serviços, garagem e lazer.

A respeito da cobertura retrátil, a arquiteta Paula Zasnicoff Cardoso explica que a peça foi executada em vidro laminado de 12 mm de espessura, medindo 7,80 m por 4,20 m, e dividida em dois vãos: o primeiro, de 4,70 m x 4,20 m, e o segundo, de 3 m x 4,20 m. “Para tornar a cobertura economicamente viável – explica a arquiteta - utilizamos um motor convencional de portão para o acionamento automático de abertura e fechamento. A cobertura recebeu uma inclinação de 2% para escoamento de água pluvial, e o vidro foi fixado em quadros de metalon (tubos de ferro) de 15 x 5 cm. Esses quadros correm sobre rodízios (tipo portão de correr), e para seu funcionamento automático, basta acionar o motor através do controle remoto”.

A casa foi estruturada em concreto armado aparente, com fechamentos em alvenaria, janelas de vidro temperado e esquadrias de alumínio. Para ampliar o isolamento térmico da laje de cobertura, foram utilizadas placas de isopor sob brita. Segundo a arquiteta, o uso destes materiais permite uma sobrecarga adequada e um custo mais baixo do que as soluções convencionais (como argila expandida, por exemplo). Para o aquecimento da água, foi utilizado um sistema de aquecimento solar. O escritório já havia desenvolvido, há alguns anos, o projeto de uma casa para os mesmos clientes, no mesmo terreno, com um programa bem mais extenso, e que não chegou a ser executado devido ao alto custo do orçamento. Em 2006, os clientes retomaram a idéia, desta vez com um programa mais compacto e chegou-se finalmente a casa inaugurada em 2008. (Éride Moura, colaboração para o UOL)