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Sem vista privilegiada, casa traz paisagem para dentro do quintal

Do UOL, em São Paulo

13/12/2013 07h00Atualizada em 21/04/2015 18h05

Uma sucessão de espaços cheios e vazios em que interior e exterior se fundem numa comunhão harmônica. Este é o conceito que rege a Casa Bacopari (nome derivado da árvore frutífera Bacupari (Garcinia brasiliensis)), projetada pelo Grupo Una. A ideia era levar os jardins do bairro para dentro do terreno plano com 14 m x 50 m, que não gozava de visuais privilegiados. Por isso paus-ferro foram plantados no início da obra, a fim de que a copa das árvores se equiparasse à altura do piso superior e inundassem de verde os ambientes.
 
Aproveitando a profundidade do lote, os arquitetos criaram uma sequência de espaços alternando pátios ajardinados e construção, todos abertos e integrados, evitando volumes e apoios que constituíssem barreiras visuais e, assegurando assim, a transparência de um extremo a outro da edificação.
 
Na Casa Bacopari, os espaços vão se definindo através do pátio com espelho d'água, do living com pé-direito duplo, da varanda voltada para um segundo pátio com piscina, além do bloco com sala de jogos no piso térreo e espaço para hóspedes no superior. O segundo pavimento no volume principal abriga a ala íntima, com dois dormitórios de solteiro e a suíte do casal com dois banheiros e closet. A galeria de circulação com 25 m, aberta para o jardim com espelho d'água e para o pé-direito duplo do estar, foi ocupada pela biblioteca da família, disposta em um móvel comprido e geométrico.
 
Princípio construtivo
 
Duas paredes de concreto aparente - distantes dez metros entre si e afastadas em dois metros de cada uma das divisas laterais - percorrem os 50 metros de comprimento do lote e servem de sustentação para as vigas metálicas nos níveis do pavimento superior e da cobertura. Sobre elas repousam lajes pré-fabricadas, sendo o forro constituído por placas de compensado naval. Todas as instalações foram deixadas aparentes e acessíveis para manutenção.
 
Fechamentos
 
Foram empregados painéis de aço nos fechamentos da face do pavilhão de hóspedes, voltada para a piscina, e na do dormitório do casal, orientada em relação a parte interna e social (sala com pé-direito duplo). Quanto aos fechamentos em vidro, além de sua característica própria, que é a transparência, foi explorada sua capacidade reflexiva, “porque reforça a ideia de diluição dos ambientes internos e externos”, ressalta o arquiteto Fernando Viegas.
 
Os dormitórios estão direcionados para os fundos do terreno, orientados para nordeste e são protegidos por persianas de enrolar feitas de alumínio. Para delimitar a circulação de acesso aos quartos, "aberta" para rua, foi empregado vidro autoportante translúcido, com perfil em "U". "Através dos vidros é possível ver apenas os vultos das pessoas e dos objetos – é uma forma particular de comunicação da casa com a cidade", ressalta o arquiteto.    
 
Por fim, os componentes metálicos estruturais e as superfícies de vedação podem ser classificadas como peças industriais: “Os elementos da construção vão se aglutinando quase de forma independente e o resultado final é a casa”, conclui o Viegas.

Ficha técnica

Casa Bacopari, São Paulo (SP)

Projeto de Grupo UNA

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 724 m²
  • Área Construída 504 m²
  • Início do Projeto 2010
  • Conclusão da Obra 2012
  • Projeto Grupo UNA
  • Equipe Cristiane Muniz, Fábio Valentim, Fernanda Barbara e Fernando Viégas
  • Colaboradores Ana Paula de Castro, Carolina Klocker, Eduardo Martorelli, Fabiana Cyon, Gabriela Gurgel, Enk te Winkel, Igor Cortinove, Marta Onofre, Miguel Muralha e Sílio Almeida
  • Projeto de Arquitetura Cristiane Muniz, Fábio Valentim, Fernanda Barbara e Fernando Viégas
  • Projeto de Paisagismo Soma
  • Projeto Estrutural - Concreto Cia. de Projetos
  • Construção Pecprana + F2
  • Projeto de Instalações Elétricas Pessoa e Zamaro
  • Projeto Luminotécnico Ricardo Heder