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Suaves aclives definem a topografia da nova Praça na Pampulha, em Belo Horizonte

14/02/2010 17h53Atualizada em 29/02/2016 17h24

O bairro da Pampulha, que se desenvolveu no início dos anos 1940 em torno da lagoa artificial criada pelo então prefeito Juscelino Kubitschek, ficou internacionalmente conhecido pela beleza do conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer para sua orla. Vários equipamentos ligados à cultura, lazer e esportes pontuam hoje a orla da Lagoa da Pampulha: além das obras projetadas por Niemeyer e tombadas pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), como o Museu de Arte da Pampulha, a Igreja de São Francisco de Assis, a Casa do Baile e a Casa Kubitschek (restaurada e aberta à visitação pública), a região conta ainda com os estádios Mineirão e Mineirinho, o Zoológico Municipal e o Parque Ecológico da Pampulha.

Recentemente, como parte de uma série de medidas para a revalorização da área, o escritório Arquitetos Associados foi contratado para projetar a execução de uma praça para eventos e lazer em uma área de 16 mil m² situada de frente para a orla, próxima à Igreja de São Francisco e na divisa entre os bairros de Ouro Preto, Bandeirantes e São Luiz.

O projeto da Praça na Pampulha, assinado pelos arquitetos Alexandre Brasil, André Prado, Bruno Santa Cecília e Carlos Alberto Maciel, partiu das premissas de respeito ao ambiente construído, no sentido de preservar a escala do lugar, suas pré-existências urbanas, históricas e ambientais, e também de integrar a praça à orla, mantendo a vista aberta para a lagoa. A idéia era organizar o vazio urbano já configurado, definindo novas diretrizes de ocupação, que preservassem o local e reforçassem seu caráter de uso aberto ao grande público. Desde os primeiros estudos, ficou clara a necessidade de separar um espaço para eventos, com toda a infra-estrutura necessária, da área do lazer cotidiano, destinada aos usuários da orla e moradores da região. O desafio, segundo os arquitetos, foi conformar, ao mesmo tempo, o espaço maior para eventos, com palco, arquibancadas, depósito, banheiros públicos e lanchonete -, e o outro menor, na porção posterior do terreno, arborizado e mais gramado, com bancos de descanso para o uso diário.

Para comportar o espaço para eventos - que antes ocorriam em outras pontos da orla, com menos infra-estrutura -, optou-se pelo trecho frontal da lagoa, mais largo e com características de esplanada. O projeto previu a implantação do palco e de uma sequência de seis torres de concreto para os refletores. As torres, com cerca de 14m de altura, são vazadas para reduzir o impacto de sua presença e foram deslocadas para a lateral, de modo a deixar a esplanada livre. Cada uma delas comporta um painel de azulejos doado pelo artista plástico Alexandre Mancini. Do lado oposto ao do palco foi acomodada a arquibancada, em rampas suaves, de inclinações diferentes.

Completam a infra-estrutura para eventos as instalações sanitárias e uma área de estacionamento que aproveita uma das faixas de rolamento da rua, com capacidade para abrigar 210 veículos. Os elementos de apoio - dez banheiros (em boxes individuais, abertos diretamente para o exterior), a lanchonete, caixas d'água (de concreto) e ainda um depósito para material de manutenção da praça são acessados por guia rebaixada, por rampas com declividade de 6%, para possibilitar acessibilidade universal.

Para manter livres de interferências as vistas para a lagoa, as construções foram executadas em planos inclinados, o que lhes garantiu também uma presença discreta, reforçada pelo uso do tijolo requeimado. De grande resistência e custo reduzido, esse material foi usado não só nas edificações de apoio, palco, arquibancadas e planos inclinados, mas também nas áreas pavimentadas. Sua aplicação na pavimentação foi variada tanto no que diz respeito à paginação, em faixas alternadas por grama ou colocação em forma de espinha de peixe, quanto no assentamento do piso contínuo do tijolo moído na esplanada de eventos, para garantir ao terreno uma maior permeabilidade. (Éride Moura, colaboração para o UOL)

Ficha técnica

Praça na Pampulha, Belo Horizonte (MG)

Projeto de Arquitetos Associados

Detalhes do projeto
  • Cliente Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
  • Área Construída 16.000 m²
  • Início do Projeto 2007
  • Conclusão da Obra 2008
  • Projeto Alexandre Brasil, André Prado, Bruno Santa Cecília e Carlos Alberto Maciel
  • Colaboradores Michelle Andrade, Enara Paiva, Henrique Boabaid e Plínio de Mendonça (estagiário)
  • Projeto Estrutural - Concreto Alexandre Caram
  • Construção Total Engenharia
  • Projeto de Instalações Elétricas BH Luz
  • Comunicação Visual Janaína Amorim Dias e Poliana Silva de Oliveira