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Artigo de estudante abre debate sobre 'encantos' dos homens barrigudos

O "dad bod" se transformou em uma tendência popular nas redes sociais - BBC
O 'dad bod' se transformou em uma tendência popular nas redes sociais Imagem: BBC

Do BBC Trending

22/05/2015 16h12

Depois de tanto tempo de idealização do corpo masculino esculpido com exercícios em academias, um artigo de uma estudante americana parece apontar para uma mudança de comportamento.

A tendência do "dad bod" ou, em tradução literal, corpo de pai de família - um físico menos desenvolvido e até barrigudo -, vem crescendo, a ponto de muitas mulheres afirmarem na internet que não querem mais saber dos sarados e musculosos.

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Outras defendem também apoio semelhante ao "mom bod", ou corpo de mãe, para que as mulheres não sejam mais submetidas à pressão do padrão extremo de beleza atual.

Os homens assíduos de academias, por sua vez, protestam e dizem que um homem com uma barriguinha de cerveja jamais será sexy - mas sim preguiçoso.

A polêmica começou com um artigo para uma revista escrito por uma universitária americana de 19 anos, Mackenzie Pearson, elogiando as virtudes dos homens que estão um pouco fora de forma.

"Caso você não tenha notado, ultimamente as garotas estão loucas pelo 'dad bod'. Quando eu estava na biblioteca, olhei para os caras da universidade e aos caras à minha volta e comecei a descrever o tipo físico em um artigo", escreveu a estudante.

"O 'dad bod' é um equilíbrio legal entre a barriga de cerveja e a malhação. (O biotipo) diz: 'vou à academia de vez em quando, mas também bebo muito no fim de semana e como oito pedaços de pizza de uma vez'."

Popularidade

Esse corpo mais relaxado é uma ideia que está por aí há algum tempo, mas agora é oficialmente popular e cada vez mais discutido nas redes sociais.

No entanto, alguns questionam se o sucesso dessa tendência evidencia mais uma vez as diferenças de padrões para homens e para mulheres.

"A tendência do 'dad bod' é uma faceta interessante de nossas exigências bem menos rigorosas para o corpo masculino", afirmou Caryn Franklin, ativista de moda e analista.

"Claro que eu e muitas outras mulheres queríamos que houvesse o equivalente (para mulheres), o 'mom bod', com mais tolerância para que os corpos de mulheres tenham um espectro mais amplo de formas, tamanhos e idades."

Para alguns, porém, a tendência pró-barriguinha e falta de músculos é vista com desdém.

"E agora tem esta coisa nova, de mulheres atraídas por homens que são mais moles e só vão à academia de vez em quando", exclamou o fisiculturista Marc Lobliner em um vídeo do em seu canal no YouTube. "(O 'dad bod') É apenas uma desculpa para complacência. Por mim tudo bem, mas não saia por aí dizendo que você é mais sexy do que eu", acrescentou.

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Teste

Outros questionam se tudo isso não passa de piada e se mulheres realmente preferem o corpo de pai de pai de família.

Para descobrir, o BBC Trending realizou uma pequena experiência informal nas ruas de Londres.

Nick Edgerton, que trabalha para uma companhia chamada Butlers in the Buff, na qual jovens com corpos perfeitos são contratados para servir como garçons uniformizados com pouca roupa, foi para a rua sem camisa exibindo os músculos e o abdômen esculpidos.

Ao lado dele e também sem camisa estava o blogueiro Mike Wendling, exibindo um seu "dad bod".

Em um questionamento aleatório às mulheres que passavam nas ruas, houve um empate nos votos. Duas preferiram o corpo perfeito de Nick e duas escolheram Mike.

Notando a polêmica sobre a maior rigidez de padrões para mulheres, a estudante Mackenzie Pearson escreveu um novo artigo. Desta vez, sobre o "mom bod".

"Minha mãe tem seis grandes marcas de estria que cruzam o abdômen, meu pai chama de listras de tigre. (...) Minha mãe é uma das mulheres mais bonitas que eu conheço", escreveu a universitária.

"É interessante, o 'dad bod' foi celebrado e elogiado por uma escritora feminina. Se nós pudéssemos também fazer isso por nós mesmas, talvez pudéssemos conseguir ajuda e apoio de mais homens que notam a pressão (sofrida) pelas parceiras e filhas. Isso pode ser uma coisa boa", disse Caryn Franklin.