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Três razões pelas quais ser impaciente pode ser prejudicial à saúde

Impaciência pode gerar problemas de saúde - Thinkstock
Impaciência pode gerar problemas de saúde Imagem: Thinkstock

30/03/2016 10h43

Em uma sociedade em que o tempo livre está cada vez mais escasso, a impaciência é uma característica que tem se tornado bastante comum.

A espera pelo ônibus atrasado, aquele choro interminável de um bebê e a fila eterna no supermercado são situações cotidianas, mas, até diante dessas pequenas coisas, nossa paciência não dura muito.

Aprender a esperar realmente nunca foi fácil, porém fazer isso pode ser muito importante. Pelo bem-estar diário e também para evitar problemas de saúde.

Quando ficamos irritados e impacientes, os níveis de estresse e adrenalina aumentam. Existem outros perigos vinculados à falta de paciência, que, ao menos à primeira vista, não parecem tão evidentes e podem ser preocupantes.

1) Obesidade

Especialistas apontam que pessoas impacientes têm mais probabilidade de serem obesas do que aquelas que sabem esperar. Isso porque elas tendem a não se alimentar da maneira mais correta e a consumir maiores quantidades de alimentos –especialmente daquelas comidas rápidas, congeladas ou instantâneas.

Segundo os economistas Charles Courtemanche, Garth Heutel e Patrick McAlvanah, que publicaram o estudo "Impaciência, Incentivos e Obesidade" no "Economic Journal", em 2015, o acesso fácil a alimentos pouco saudáveis é uma das causas principais que afeta especialmente quem tem "pavio curto".

De acordo com o estudo, "as pessoas mais impacientes se veem mais afetadas pela disponibilidade desses alimentos rápidos a preços acessíveis, que levam ao aumento da obesidade dessa parte da população".

"Poderíamos pensar que talvez agora pelo fato de termos mais acesso a diferentes tipos de alimentos, acabamos comendo mais e consequentemente ganhamos peso", disse Courtemanche ao "Washington Post". "Mas é mais complicado do que isso; o barateamento da comida só altera o comportamento de um tipo determinado de pessoas", acrescentou o especialista.

Além disso, a impaciência constante –e a consequente ira e tensão que vêm com ela– faz com que nosso organismo libere adrenalina e cortisol, hormônios que podem gerar um aumento de peso.

A gordura acaba sendo aderida às paredes das nossas artérias, aumentando ao mesmo tempo a possibilidade de sofrer um ataque do coração.

2) Hipertensão

A Associação Médica Americana (JAMA, na sigla em inglês) inclui a impaciência como um fator de risco para hipertensão entre adultos jovens.

Um estudo feito na Escola Freinberg de Medicina da Universidade do Nordeste de Chicago, com análises de 3,3 mil casos ao longo de 15 anos, observou que o tipo de personalidade A (aquele que corresponde a pessoas impacientes e hostis) tem um risco 84% maior de sofrer de hipertensão em comparação a quem tem uma personalidade mais tranquila.

O motivo, apontam os especialistas, é o estresse associado à impaciência, que pode tornar os vasos sanguíneos mais estreitos, aumentando a pressão arterial.

"A ideia de que o padrão de conduta tipo A é ruim para a saúde existe há muitos anos", declarou Barbara Alving, da Escola de Saúde Pública de Maryland, nos Estados Unidos. "Esse estudo nos ajudou a compreender quais aspectos desse tipo de comportamento prejudicam nossa saúde."

Para Alving, a hipertensão arterial "é uma condição complexa, que implica fatores biológicos e alimentares", ainda que o estudo demonstre que "o comportamento e o estilo de vida podem ter um papel fundamental na prevenção e no tratamento da doença".

A hipertensão é um fator de risco importante para doenças do coração, fígado e de acidentes cardiovasculares.

3) Envelhecimento

Por último, um estudo da Universidade Nacional de Singapura e das universidades americanas de Berkeley e da Pensilvânia, recentemente divulgado na publicação "Proceeding of the National Academy of Science", revelou que ser impaciente também pode acelerar o envelhecimento. É que os telômeros (extremos dos cromossomos do DNA) são mais curtos em pessoas impacientes.

Essas estruturas, que protegem o DNA de sua degradação, estão associadas à longevidade, e os cientistas acreditam que quanto mais rápido desaparecem, mais rápido essas pessoas envelhecem.

Segundo os pesquisadores (que só observaram esse fenômeno nas mulheres) falta ainda verificar se é a impaciência que acelera o envelhecimento ou se, ao contrário, as pessoas com telômeros mais curtos "sabem" de alguma forma que vão envelhecer antes e desenvolvem uma personalidade mais impaciente.

No fim, assim como diz o ditado popular, "a paciência é a mãe de todas as ciências".