Topo

Foto de ativista negra desafiando neonazistas se torna símbolo de luta contra racismo

Ativista de 42 anos protestou sozinha contra centenas de neonazistas - PA
Ativista de 42 anos protestou sozinha contra centenas de neonazistas Imagem: PA

06/05/2016 09h46

Sozinha, com o punho em riste, uma mulher enfrenta um grupo de 300 neonazistas durante uma manifestação em uma cidade no interior da Suécia.

Registrado no domingo passado, o ato logo viralizou na internet e transformou sua protagonista, Maria-Teresa Tess Asplund em um símbolo involuntário da luta contra o racismo.

Naquele dia, militantes de um partido de extrema direita, o Movimento de Resistência Nórdico, marchavam pelas ruas do vilarejo de Borlänge, no centro do país. Eles pediam a expulsão de imigrantes e insultavam políticos por "trair" o povo.

Em dado momento, a ativista, de 42 anos --dos quais 26 dedicados ao combate ao racismo--, decidiu protestar contra o ato. "Foi de impulso. Estava com raiva", diz Asplund, que nasceu na Colômbia e, aos sete meses, foi adotada por uma família sueca.

"Como podiam ter obtido permissão para se manifestarem, como se a rua fosse deles? Um deles me olhou e devolvi o olhar. Ele não falou nada, e eu também não. Depois, a polícia me tirou dali."

David Lagerlöf, um dos fotógrafos que registrou o protesto da ativista, conta que a situação foi "muito emotiva". "Ela fez aquilo sozinha, em uma situação de vulnerabilidade. Não podia fazer nada contra eles, que têm um histórico de violência e crime", afirma.

Racismo e liberdade de expressão

A decisão de permitir a marcha neonazista em 1º de maio gerou uma grande polêmica nos dias anteriores em Borlänge, mas as autoridades defenderam sua decisão. "Uma lei constitucional na Suécia garante a liberdade de expressão e de reunião", disse Stefan Dangardt, porta-voz da polícia do vilarejo, à Sveriges Radio.

No mesmo domingo, o Partido SocialDemocrata, o Partido de Esquerda e a organização sem fins lucrativos Dalarna se manifestaram contra o racismo e, segundo a imprensa local, reuniram mais pessoas que o grupo neonazista.

Mas grupos de extrema-direita têm crescido e se multiplicado na Suécia e em outros países europeus como reflexo da crise de imigração. Mesmo em Borlänge, um tradicional reduto de políticos de esquerda, tem aumentado o apoio à extrema direita.

A Suécia é um dos principais destinos de refugiados e imigrantes que tentam deixar regiões com conflitos rumo à Europa. No país, a legenda anti-imigrantes Partido dos Democratas Suecos é a terceira força política do país.

O gesto de Aslund repercutiu bastante dentro e fora por país, com milhares de elogios e comentários favoráveis publicados nas redes sociais, uma reação que surpreendeu à própria ativista, que diz estar "emocionada".

Também afirma ter orgulho da foto, porque acredita que ela servirá para que mais pessoas prestem atenção à luta contra o racismo e a xenofobia. Mas pensa que, a partir de agora, precisará ter mais cuidado.

"Estou um pouco assustada e preocupada. Sou uma ativista muito conhecida. Se os neonazistas não gostavam de mim, agora, me odeiam."