Dez respostas desvendam os segredos do sexo tântrico

FERNANDA JUNQUEIRA
Colaboração para o UOL

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    O sexo tântrico, mais do que proporcionar momentos de prazer, tem por objetivo o desenvolvimento integral do ser humano nos seus aspectos físico, mental e espiritual

    O sexo tântrico, mais do que proporcionar momentos de prazer, tem por objetivo o desenvolvimento integral do ser humano nos seus aspectos físico, mental e espiritual

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1 Quais os principais fundamentos do sexo tântrico?
“Respeito, amor e busca pela espiritualidade”, diz a pompoarista e dançarina do ventre Lu Riva, de São Paulo. Segundo ela o Tantra, mais do que uma filosofia ou uma religião, é um estilo de vida. “Meu mestre tântrico costuma dizer que o Tantra é para todos, mas nem todos são para o Tantra”, comenta. A prática, mais do que proporcionar momentos de prazer, tem por objetivo o desenvolvimento integral do ser humano nos seus aspectos físico, mental e espiritual – e as pessoas têm de estar predispostas a isso. Para quem gosta de saber um pouco de história, o Guia dos Curiosos – Sexo (Cia. das Letras), de Marcelo Duarte e Jairo Bouer, conta que tudo começou quando os drádivas, um povo que vivia na região do norte da Índia há cerca de 8 mil anos atrás, desenvolveram uma técnica própria para alcançar a máxima satisfação sexual. O ritual foi batizado de Tantra, palavra que vem do sânscrito “tantori”, que significa “atingir o êxtase”.

 

2 Quantas lições são necessárias?
É difícil falar em quantidade de lições, já que tantra é basicamente formado por vivências, e o “estar preparado” depende muito do que cada pessoa experimentou, viveu, buscou e sentiu. “Para que o casal se torne praticante do sexo tântrico, eu indico um caminho: treinamento da ginástica íntima para aumentar fisicamente a capacidade orgástica pelo fortalecimento da musculatura genital. Homens e mulheres podem praticar a ginástica”, aconselha a pompoarista e professora Regina Racco, de São Paulo.

 

3 Há um curso específico? A pessoa pode aprender sozinha ou tem de ser a dois?
Existem várias escolas tântricas e formadores de grupos tântricos. Como Tantra é vivência, mesmo se a pessoa estiver sozinha, os mestres tântricos e o grupo irão compartilhar o conhecimento e as vivências, mas é claro que tudo que é a dois é mais gostoso, já que uma das bases do tantra é compartilhar. Existem também algumas vertentes do Tantra intituladas NeoTantra, que têm uma visão mais moderna e acreditam que uma pessoa pode desenvolver-se sozinha nos caminhos do Tantra. Para Regina Racco, no entanto, a leitura de manuais já ajuda bastante. “Para um casal, querer conhecer um ao outro, ao mesmo tempo em que os dois ampliam o próprio conhecimento de seus mecanismos de prazer, é o primeiro passo. É a prática que os transformará em praticantes tantristas cada vez mais cientes de suas capacidades orgásticas, caminhando para o comando de sua energia sexual.”

 

4 Quanto tempo dura, em média, a relação sexual com o sexo tântrico?
O “Maithuna” (sexo tântrico) para um tântrico é muito mais que uma relação, é algo que transcende o ser, que envolve um verdadeiro ritual, em que o homem (Shiva) e a mulher (Shakti) se tornam um, desde que respeitados os rituais e a preparação para o “Maithuna”, o sexo sagrado. “Sua prática exige toda uma preparação por parte do casal, caso contrário o sexo não será tântrico, mas apenas sexo. Esses rituais podem levar de, no mínimo, duas horas até rituais completos de 21 dias, segundo algumas de escolas tântricas”, informa Lu Riva.

 

5 É verdade que os orgasmos são mais poderosos? Tanto para homens quanto para mulheres?
“Sim, o ‘Maithuna’ eleva a sensibilidade a tal modo que é impossível descrevê-la. O homem assume o papel de Shiva e a mulher de Shakti, na busca da transcendência do eu pela força máxima do universo dos mistérios sexuais. No caso masculino, para manter a energia sexual, em virtude o formato de lança de seu órgão sexual, é sugerido que ele evite atingir o orgasmo, que prolongue ao máximo o ato, chegando ao chamado hiper-orgasmo, ou seja, um estado de prazer indescritível, que ele mantém pelo tempo desejado, sem necessariamente ter tido um orgasmo, ou um orgasmo múltiplo”, conta Lu Riva. “Meu marido, como detém os conhecimentos e técnicas necessárias para a prática, usa seu autocontrole para prolongar o ato sexual. Além do enorme prazer envolvido na extensão do ato, que pode durar várias horas, o respeito pela parceira, colocando-a em primeiro plano é um fator enriquecedor do relacionamento”, relata a professora de São Paulo.


6 O sexo tântrico exige roupas, música, iluminação, aromas, rituais específicos? Quais?
Sim. Transar no escuro, por exemplo, é proibido. O ideal é fazer amor com a luz acesa, sob a luz de velas ou de um abajur. Quanto mais decorado o ambiente, melhor. A expert Lu Riva sugere cortinas, ornamentos, imagens de Shiva e Ganesha, utilização de aromas estimulantes e de cores que estimulam a sexualidade, como vermelho e violeta. “A escolha da música é fundamental, pois ajuda a atuar no carinho e na erotização. Vale a pena ainda usar roupas com tecidos que proporcionam prazer ao toque da pele, como seda ou cetim”, recomenda Lu, que aconselha ainda a escolha de perfumes como sândalo (estimula os chakras), jasmim e rosas (ativam a energia amorosa). O sexo tântrico envolve também Pranayamas (respirações específicas), meditação com Mudras (posições de mão), mantras, veneração do ser amado tal qual como um deus ou deusa, “Lellas” (preliminares), jogos lúdicos e sedutores como toques sensuais, carícias, beijos. Antes da prática, o ideal é fazer uma refeição leve.


7 Quais as principais posições?
Existem várias posições sexuais, mas no “Maithuna” é a Shakti (mulher) que na maioria das posições fica por cima ou na frente de Shiva (homem). No Tantra entende-se que é a mulher (Shakti) que possui o homem (Shiva). Segundo os praticantes, assim o homem pode controlar melhor a ejaculação, o pênis tem mais chances de tocar em um ponto conhecido como Svadhisthana Chackra, o equivalente tântrico ao ponto G. A penetração por trás, com a mulher deitada de bruços ou de quatro, também é indicada para alcançar esse ponto mágico. O “tesão” deve ser mantido até o limite do gozo várias vezes.

 

8 O sexo tântrico traz benefícios para a saúde, a forma física e a autoestima?
“Quem pratica um bom sexo tem o corpo mais flexível, mais magro e seus órgãos trabalham melhor, o que garante saúde. Ter prazer aumenta a liberação de endorfinas, o que garante o bem-estar e a alegria”, acredita a pompoarista Regina Racco. Sim, porque o tântrico tem preocupação com a alimentação, respiração, meditação e posturas de yoga para fazer as posições sexuais, tornando assim a autoestima mais elevada. No caso da alimentação, por exemplo, os seguidores são vegetarianos; já os mais tradicionais são, em geral, frugivoristas, que não só rejeitam a carne, como evitam machucar ou matar vegetais. Por isso, comem apenas aquilo que as plantas “querem” que seja comido como frutas e castanhas. Consideram o consumo de folhas, caules e raízes uma violência. Desta forma, acreditam que todo hábito não saudável deve ser substituído por um hábito saudável.

 

9 O sexo tântrico só pode/deve ser praticado por casais com "relacionamento estável"? Existe sexo tântrico "casual"?
Existem escolas tântricas diferenciadas. Algumas indicam que o “Maithuna” deve ser praticado com a parceira fixa; outra linha de escola já indica que o “Maithuna”, como vivência, deve ser realizado com pessoas estranhas, pois assim haverá um maior potencial de erotização e um maior enriquecimento da experiência.

 

10 Quais as desvantagens do sexo tântrico?
É uma prática que não deve ser feita por pessoas imediatistas ou que se concentrem só no prazer sexual, já que envolve preliminares longas e uma conexão espiritual.

 



 

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