Itens de beleza podem ser inimigos da saúde infantil

Colaboração para o UOL

  • Brainpix

    Suri, filha de Tom Cruise e Katie Holmes, sempre é vista de sapato de saltinho (21/09/09)

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Que menininha, ao observar a mãe aplicando batom diante do espelho, não quer fazer o mesmo? A imitação faz parte do processo de crescimento, mas é preciso tomar cuidado com o que os pequenos podem ou não experimentar. Isso porque o uso de cosméticos adultos em crianças pode gerar uma série de complicações. “Alguns produtos contêm ácidos ou precursores de ácidos, que, em contato com a pele mais sensível e fina da criança, pode levar a irritações locais”, avisa a dermatologista Fabiana Simões Pietro, de São Paulo, e professora da Sociedade Brasileira de Medicina Estética. “Outro detalhe é que uma parte da população infantil tem um grau importante de ressecamento da pele. O uso de cosméticos inadequados pode agravar este problema, além de propiciar a instalação de quadros alérgicos”, completa.

 

Fabiana recomenda o uso de batom, sombras e blushes, mesmo nas versões mirins, somente a partir dos 7 anos de idade, e com moderação. “Esmalte, para crianças, somente de vez em quando, e com o cuidado de não aplicá-lo sobre a pele, apenas nas unhas mesmo”, diz. Perfumes, somente sobre as roupas, nunca diretamente na pele, e deve-se dar preferência aos xampus e condicionadores específicos para o público infantil. Para os meninos, que adoram imitar os pais e passar gel no cabelo, a médica aconselha as versões livres de álcool. Os que contêm álcool, assim como os coloridos, que contêm corantes, podem desencadear alergias.

 

“É necessário ter bom senso na hora de dar à criança um cosmético, pois ela poderá exagerar na aplicação sem supervisão”, alerta a dermatologista Fabiana Simões Pietro. Uma sugestão é permitir que a criança brinque com produtos específicos, como se estivesse no teatro. Brincou, lavou. Para ir à escola ou passear, usar o que é adequado (um protetor solar para o corpo e lábios, por exemplo). Na dúvida, vale conversar com o pediatra.

 

De salto alto

Os sapatinhos de salto também são inimigos da saúde infantil. “Existe um risco imediato de traumas, como torções. E em longo prazo, podem ocorrer deformidades e dor, pois nessa fase os pés estão em desenvolvimento”, alerta a ortopedista pediátrica Dulce Egydio de Carvalho, do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo. É fundamental, segundo a especialista, dar liberdade para os pés se desenvolverem, ou seja, manter as crianças descalças a maior parte do tempo. “Para atividades sociais e esportivas, o melhor calçado é o tênis. Sapatilhas arredondadas e sem salto para as meninas são uma alternativa confortável e mais estética”, sugere.

 

A fisioterapeuta Cíntia Jonhston, do quadro clínico do mesmo hospital, comenta que o saltinho na infância pode causar encurtamento da musculatura posterior da perna e encurtamento da musculatura posterior da coxa. “Tudo isso acaba interferindo na marcha. Na questão postural, ocorre alteração lombar e assimetria do quadril, aumentando as chances de lordose, por exemplo”, ressalta. “Com o salto alto, a criança projeta o corpo para frente, alterando assim o centro de gravidade. Como até os 9 anos, a criança ainda está em crescimento e desenvolvimento, com o salto é mais comum ter problemas de equilíbrio, o que aumenta as chances de quedas”, completa.

 

Segundo especialistas, o calçado ideal para a criança até os 12 anos de idade é o tênis. A partir dos 12 anos podem usar calçados com pequeno salto de até dois centímetros. É importante que as mães estejam atentas às restrições que acompanham os calçados quando estiverem comprando sapatos infantis com salto alto. “O ideal é que uma garota utilize estes sapatos apenas em eventos especiais a partir dos 14 ou 15 anos.

 

Vale lembrar que os limites dos pais são diretamente proporcionais aos limites que os filhos internalizam”, aponta Ana Lúcia Gomes Castello, psicóloga colaboradora do Hospital Infantil Sabará, que atenta ao fato de que o uso de salto alto faz parte do desejo de as meninas quererem parecer mais velhas e maduras e se mostrarem diferentes do que são. “O uso contínuo pode provocar danos psicológicos, resultado da passagem muito rápida da criança pela primeira e pela segunda fase da infância, quando ela está estruturando a sua identidade emocional. Desta forma, ela pula um degrau deste desenvolvimento tentando assumir uma postura de adulta e sem experimentar peculiaridades que a infância oferece”, diz. (FERNANDA JUNQUEIRA)


 

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