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Série de TV aborda obsessão por acumular objetos; entenda o distúrbio

Na casa de Michelle (foto), há objetos espalhados por todo o chão. A história da moça que sofre de colecionismo será contado na série "Acumuladores", do Discovery Home & Health, que estreia quinta (24) - Divulgação
Na casa de Michelle (foto), há objetos espalhados por todo o chão. A história da moça que sofre de colecionismo será contado na série "Acumuladores", do Discovery Home & Health, que estreia quinta (24) Imagem: Divulgação

VLADIMIR MALUF

Da Redação

24/03/2011 07h00

Nesta quinta-feira (24), estreia a série de TV "Acumuladores” –às 22h, no canal pago Discovery Home & Health. O programa reúne casos de pessoas que sofrem de colecionismo, uma variedade do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), cuja principal característica é a necessidade incontrolável de armazenar objetos (e até animais).

O TOC tem muitas manifestações –talvez incontáveis. Algumas são mais conhecidas, como a obsessão por limpeza.  Outras, mais peculiares, quando pessoas associam ações a consequências, sem nenhuma lógica. “Conheço o caso de um paciente que, de repente, sentia que precisava atravessar a rua várias vezes seguidas, com a justificativa de que, se não o fizesse, seu pai morreria”, conta a psicóloga Marina Vasconcellos.

Além do desejo de juntar objetos, o colecionador não consegue se desfazer de nada, sequer do lixo. As vítimas do transtorno têm a sensação de que tudo aquilo terá uma serventia um dia. O armazenamento excessivo acaba comprometendo a vida da pessoa que tem o distúrbio e de quem a rodeia.

“O acúmulo de objetos começa a interferir nos compromissos, nas atividades cotidianas e os familiares passam a se incomodar com o excesso de coisas amontoadas em casa”, diz a psicóloga Miriam Barros, relatando as características que podem denunciar um colecionador patológico. “Outro ponto importante é perceber que a pessoa perdeu a liberdade de escolha. Ela sente uma imposição interna que a obriga a guardar tudo, mesmo não sendo mais útil.”

Marina explica que o problema é causado por um distúrbio químico, que precisa ser tratado com medicação e terapia. O paciente pode nascer com propensão ao TOC ou desenvolvê-lo ao longo da vida. “O transtorno é causado por fatores hereditários, mas há a influência do ambiente onde a pessoa vive ou de traumas sofridos por ela”.

Em caso severo, irmãos morrem no meio do lixo

A psicóloga Marina Vasconcellos diz que a doença tem muitos níveis, entre leves e severos. A história dos irmãos Langley e Homer Collyer é um exemplo grave. Em 1947, a polícia de Nova Iorque foi chamada para investigar o caso de um cadáver encontrado em um prédio.

O imóvel pertencia aos irmãos, já idosos. Lá, a polícia encontrou montanhas de lixo que atingiam o teto, 14 pianos, um automóvel, restos de um feto de duas cabeças e os cadáveres dos dois: um esmagado pelo lixo e o outro morto de inanição.


Conhece um colecionador?

Não adianta brigar, procurar razões ou fazer uma faxina forçada na casa de um colecionador. O que resolve é ajudá-lo a perceber que precisa de tratamento. Explique que o comportamento precisa ser avaliado por um profissional e que, com isso, a vida poderá ser melhor.

"A terapia ajuda a descobrir a causa do distúrbio, mas, principalmente, ensina a conviver com ele. Os sintomas têm a ver com a dinâmica da vida da pessoa, que precisa ser observada”, explica a Marina. 

O apoio para chegar ao tratamento é necessário, pois a pessoa não nota que suas atitudes são doentias. “Elas sentem muita ansiedade. Vivem uma dúvida constante. Receiam sofrer algum prejuízo, caso joguem fora algo que possam se arrepender”,diz Miriam.

Marina encerra explicando que jogar no lixo traria um sofrimento atroz ao colecionador, pois ele vive preso a rituais. "O paciente fica escravo da doença. Quem está de fora nunca entenderia, pois não tem lógica.”