"Ser mãe é superproteger", diz Luiza Tomé; faça o teste e saiba se você é como ela
“Eu tive uma mãe superprotetora e, quando pensei em ter filhos, decidi que não seria assim", conta a atriz Luiza Tomé, que, em seguida, admite que isso não passou da teoria. "Na prática, é outra coisa. Ser mãe é superproteger, não tem jeito. É instinto, é animal. Até hoje, minha mãe às vezes me trata como uma adolescente, perguntando se estou agindo certo em relação a isso ou aquilo”, brinca ela.
Educar é uma tarefa complicada. E não exagerar na proteção também. “É difícil uma mãe reconhecer que é superprotetora, já que não percebe o exagero de seus cuidados em relação ao filho: os atribui sempre a alguma causa externa, em um pretexto para continuar cuidando de seu filho como se ele fosse muito indefeso ou imaturo para a idade”, explica Maria Irene Maluf, especialista em psicopedagogia e educação especial.
A atriz Luiza Tomé, que gosta de estar por dentro de tudo o que se passa com os filhos
Mãe de Bruno, de 13 anos, e dos gêmeos Luidi e Adriana, de 7 anos, Luiza confessa que superproteger, muitas vezes, é ruim, já que inibe o crescimento das crianças. “Procuro estar presente, sou muito carinhosa e quero saber tudo da vida deles. Onde estão, com quem, até por conta da violência. O correto é dar a varinha para que eles aprendam a pescar... Mas quando a gente é mãe quer sempre dar o peixe frito e temperadinho na boca”, diverte-se.
Maria Irene diz que, geralmente, a mãe acaba percebendo que é ou foi superprotetora da forma mais desastrosa, quando o filho passa a ser alvo de brincadeiras maliciosas dos colegas, por exemplo. Com isso, ele se distancia dos amigos da mesma idade, não apenas porque a mãe o impede de sair com eles, mas porque, ao longo dos anos, torna-se muito diferente de seus pares. Segundo ela, o filho pode acabar sendo mais despreparado, inseguro, antissocial, mandão ou agressivo, por exemplo.
Antes que isso ocorra, reflita se o carinho e a proteção que você dispensa aos filhos não está além daquela que eles precisam. “Experimentar o erro, o fracasso, as perdas e aprender a superá-las, com orientação dos pais, é essencial. Isso é importante para que se fortaleçam e se preparem para serem autônomos, independentes e fortes. Aprender a viver exige alguns tombos”, ensina a terapeuta.
A empresária paulistana Adriana Brunelli sentiu na pele a diferença entre ser ou não ser superprotetora. Mãe de dois filhos, Bruno, de 13 anos, e Pietra, de um, ela diz que mudou sua conduta, depois que percebeu alguns sinais da personalidade do menino. “Tive o Bruno aos 23 anos. Como queria fazer tudo certo, li todos os livros, falei com terapeutas e fiquei muito em cima", relembra a mãe. Ela conta que percebeu que isso refletiu de forma negativa no garoto.
Adriana Brunelli, com seus filhos Bruno, de 13 anos, e Pietra, de 1
"Apesar de ser bem responsável para a idade que tem, ele não relaxa. Até hoje, quando vai fazer coisas simples, percebo que ele olha para mim procurando aprovação...", relata. Com Pietra, a filha mais nova, Adriana conta preferiu não exagerar. "Aprendi que não adianta enlouquecer, colocar a criança em cursos de inglês com um ano e na natação com poucos meses. Isso tudo é besteira. As coisas vão acontecendo conforme eles vão crescendo. Tento curtir mais ao invés de ser tão preocupada ou sufocar as crianças”, conta.
Para a psicopedagoga Irene, com o objetivo de tentar equilibrar a situação, o melhor é conversar com outras mães, de crianças e jovens da mesma idade e até mais velhos, para falar de seus receios. “Desta forma você vai perceber que todas elas têm um medo enorme de que algo aconteça aos filhos, mas, justamente por amor e respeito à vida que lhe deram, e sabendo que não estarão eternamente presentes, os deixam que saiam de casa sem casaco por uma manhã e sintam frio. Com isso, aprendem a lição e nunca mais esquecerão o agasalho”, exemplifica a especialista.
Todas as crianças correm alguns riscos durante seu crescimento e superá-los as torna competentes e fortes. “Analisar esses riscos com objetividade significa reconhecer a capacidade mental e emocional do filho, perante a sociedade e a família. A autoestima da criança precisa ser alimentada pelo olhar confiante da mãe. Só assim ela se sentirá capaz de tornar-se, gradativamente, independente”. Faça o teste abaixo e depois veja as dicas da especialista para não exagerar nos cuidados.
ESPECIALISTA DÁ QUATRO RAZÕES PARA NÃO EXAGERAR
1. Se o filho não tiver oportunidade de fazer algo sozinho, não aprenderá por falta de motivação, de treino ou mesmo por perceber que seu crescimento não agrada à mãe, que prefere vê-lo imaturo e dependente |
2. Se algo parece muito difícil para uma criança e sua mãe o incentivar, ela começará a aprender como fazer para superar essa dificuldade. Se a mãe resolve tudo em seu lugar, o filho não aprenderá nada que seus amiguinhos já sabem (ou saberão fazer em breve) e ficará para trás |
3. A dependência dos filhos não os faz amar mais ou menos os pais. E eles também não se sentirão mais amados se forem superprotegidos. Serão, apenas, mais dependentes |
4. As dificuldades de aprendizado estão entre as consequências imediatas do excesso de zelo materno. Essas crianças demoram para se adaptar à escola e, em casos mais graves, não conseguem estabelecer relações sociais. Aprender exige esforço próprio, resistência à frustração e motivação, atitudes impossíveis para uma criança excessivamente protegida |
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