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Especialistas indicam idade ideal para dar mais liberdade aos filhos

Antes de acrescentar atividades à rotina das crianças, leve em consideração o grau de maturidade delas - Thikstock
Antes de acrescentar atividades à rotina das crianças, leve em consideração o grau de maturidade delas Imagem: Thikstock

HELOÍSA NORONHA

Colaboração para o UOL

27/04/2011 16h32

Quem convive com crianças e adolescentes sabe que cada grupo, de acordo com a sua faixa etária, possui necessidades, vontades e características específicas. Por isso, escolher o momento certo para dar mais liberdade aos jovens pode ser algo muito difícil para os pais.

Antes de definir quando acrescentar atividades à rotina, falar sobre assuntos delicados e permitir o uso de maquiagem ou idas à balada, é importante levar em consideração o grau de maturidade dos filhos.

Segundo a psicóloga e psicoterapeuta Triana Portal, de São Paulo (SP), jovens a partir de 15 anos já podem ir à escola sozinhos (a pé ou de ônibus), pois nessa idade têm mais consciência dos perigos.  “Se entrar no ônibus errado, por exemplo, saberá como parar em outro ponto e pegar a condução certa”, diz.  Já uma criança com menos de dez anos não deve nem atravessar a rua sozinha.

O transporte escolar pode ser uma alternativa para crianças com quatro anos ou mais, mas é importante analisar se o trajeto "casa-escola" é longo. “Grandes distâncias devem ser evitadas com menores de dez anos, pois a criança chega à escola estressada, cansada, irritada e pode ter seu desempenho e comportamento afetados”, explica a psicóloga.

Também por volta dos quatro anos a criança já consegue prestar atenção em filmes e desenhos por mais tempo, então ir ao cinema é um programa que pode fazer parte da rotina dos mais novos. “Vale lembrar que o ambiente escuro e o som alto podem deixá-los ansiosos, pedindo para sair da sala o tempo todo ou até mesmo para ir embora antes do término do filme”, alerta a Triana Portal.

Conversamos com alguns especialistas, que elaboraram uma lista que indica a idade ideal para iniciar dez hábitos ou atividades.
 

Ir ao teatro

Esse programa é mais dinâmico e interessante para as crianças do que ir ao cinema, pois os deixam mais tempo atentos. “Mas como envolve uma maior interação, é melhor levar o filho para assistir a uma peça a partir dos cinco anos, idade em que a criança já entende que não pode atrapalhar as outras pessoas”, ensina Tadeu Fernando Fernandes, vice-presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Aprender outro idioma

Quanto mais cedo a criança aprender outra língua, menos sotaque vai ter ao falar. “De um a quatro anos existe maior capacidade de assimilação e aprendizado simultâneo de mais de uma língua. As crianças aprendem com facilidade e tornam-se adultos capazes de mudar de assunto sem dificuldades”, assegura a psicóloga Triana Portal. A partir dos 12 anos fica mais difícil aprender e lidar com a fonética. Além disso, a pronúncia das palavras já não se apresenta de forma tão nítida.
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    Use o bom senso para decidir
    se seu filho pode ir à balada

Ir à balada

Vale o bom senso. Os pais devem levar em conta onde será a festa, quem são os frequentadores e se há adultos supervisionando o local. Se todos os amigos do seu filho costumam ir, deixá-lo de fora pode trazer frustração e problemas de identificação grupal. “Fique de olho, mas não proíba”, orienta Triana Portal.

Viajar com os amigos

“Pelo que acompanho das crianças, a vontade de dormir na casa de amigos surge por volta dos seis anos. E de viajar por volta dos nove”, conta a terapeuta infantil Daniella Freixo, de São Paulo (SP). A partir dos quatro anos, os pequenos já podem frequentar acampamentos na companhia de monitores e outras crianças (como irmãos e colegas de escola). Realizar viagens longas pode ser muito cansativo para os mais novos, então o ideal é esperar eles completarem 13 ou 14 anos. Antes de autorizar seu filho a viajar, é fundamental se informar sobre o destino, a estrutura do local e os amigos que o acompanharão no passeio.

Falar sobre sexo

Até os seis anos as crianças ainda não têm conceitos específicos sobre sexualidade, mas já fazem perguntas e são curiosas. Responda de forma simples e objetiva, sem rodeios e muitos detalhes. Quanto mais velha e madura a criança for, maior a capacidade de compreensão e, assim, pode-se aprofundar nas explicações. Mantenha o canal aberto para a comunicação e nunca deixe uma pergunta sem resposta. Caso seja pego de surpresa e não saiba o que dizer, seja honesto: diga que não sabe, mas que vai se informar a respeito e que lhe dará retorno.

Conversar sobre a morte

De acordo com a psicóloga Triana Portal, só a partir dos 12 anos a criança é capaz de entender conceitos subjetivos sobre o tema, mas a curiosidade vem antes disso. O adulto deve usar situações do cotidiano para explicar de forma concreta como a morte acontece. Evite explicações abstratas de cunho religioso ou fantasioso. A criança leva tudo ao pé da letra, e dizer coisas como “vovó foi viajar” ou “fulano está no hospital” pode confundi-la e levá-la a crer que todos aqueles que forem viajar nunca mais voltarão ou então que o seu cãozinho de estimação poderá voltar algum dia.

Aprender a tocar um instrumento

“É importante avaliar a motivação e a maturidade em primeiro lugar”, alerta Triana. Normalmente, espera-se que a criança esteja alfabetizada, mas existem métodos de ensino de piano e violino a partir dos três anos. Para grande parte dos instrumentos, o ensino começa a partir dos sete anos. Instrumentos de sopro, como a flauta, requerem maior capacidade pulmonar, enquanto que os de cordas, como o violão, exigem maior controle motor.
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    A maquiagem deve ser usada com cautela até a adolescência

Usar maquiagem

Garotinhas de quatro anos já são fascinadas por batom, gloss, sombras e blush. Para evitar exageros e danos à saúde, é importante verificar se o produto é hipoalergênico, se é usado de forma lúdica e se o uso é diário. “O segredo é o equilíbrio. Incentivar a brincadeira é positivo para o desenvolvimento, mas o excesso é prejudicial”, explica a psicóloga Triana Portal. O uso frequente só deve ser liberado no início da adolescência.

Usar salto alto

Segundo o pediatra Tadeu Fernandes, da Sociedade de Pediatria de São Paulo, o uso regular de salto na infância e até mesmo na adolescência é extremamente prejudicial, pois o corpo ainda está moldando a postura. “O hábito provoca o encurtamento dos músculos da parte de trás da perna, danos à coluna, dores no joelho, calosidades, joanetes e unhas encravadas, entre tantos outros possíveis problemas”, afirma. A regra, é bom ressaltar, se aplica à utilização constante. É claro que uma menina não estará submetida à “erotização precoce” porque usa um sapatinho de princesa de vez em quando.

Frequentar a academia

A natação é indicada até para bebês. Aos quatro anos, a criança adora atividades físicas grupais, por isso, é importante que os pais estimulem a prática de esportes para evitar que o filho se torne um adulto sedentário. Jogos com muitas regras são indicados para crianças com seis anos ou mais. Adolescentes devem evitar praticar musculação, pois o corpo ainda está em desenvolvimento.