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Poupando a partir de R$ 154 por mês desde cedo, pais garantem a universidade dos filhos

Quanto mais cedo você começar a poupar pensando no futuro dos filhos, mais fácil será ter bons resultados -
Quanto mais cedo você começar a poupar pensando no futuro dos filhos, mais fácil será ter bons resultados

Márcia Pereira

Do UOL, em São Paulo

07/03/2012 12h19

Assim que seu filho nasce, começar a poupar pode garantir que ele consiga estudar no futuro. Mas, se você iniciar a economia um pouco mais tarde, tudo bem. O importante é não adiar mais o início da reserva. Nomes como PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), que parecem estranhos e ininteligíveis, assim como bolsa de valores, deveriam estar na cabeça dos pais que se preocupam com a vida adulta de seus filhos e pensam em fazer uma reserva financeira que garanta a formação educacional deles. Todas essas modalidades de investimentos, principalmente as duas primeiras —na verdade, seguros previdência (a diferença básica entre os dois é a tributação)—, proporcionam rendimentos, que, em 5, 10 ou 18 anos, permitirão o pagamento de uma mensalidade de um curso de graduação ou pós-graduação, em faculdades particulares, sem desfalcar a renda mensal da família.

Os pais devem pagar?

O educador financeiro Roberto Navarro, do Rio, acredita que o estudante deve arcar com seus estudos, não os pais. “Se ele não tem condições disso, com seu trabalho, indico o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), um programa do Ministério da Educação que financia a graduação de alunos em faculdades privadas. A principal vantagem é fazer com que o jovem crie uma responsabilidade financeira, desde o inicio da sua vida adulta”, diz Navarro, que tem uma filha na faculdade, mantida pelo programa do ministério.

Ele acredita que o pai que paga tudo leva o jovem a uma situação perigosa. “A obrigação de pagar o financiamento pós-formação faz com que o jovem encare a vida profissional de outra maneira, mais madura", afirma o consultor e educador. "Eu paguei por todo meu estudo e conquistei minha independência financeira com 21 anos. Hoje, minha filha faz faculdade de Relações Internacionais com os recursos do Fies e trabalha em um shopping, para bancar as baladas e seu transporte. Acredito que estou fazendo o melhor para ela."


Quanto mais cedo os responsáveis começarem a programar essa reserva de dinheiro, maior será a certeza de que o valor a ser pago pela graduação do filho estará garantido. Esta é a opinião unânime de quem trabalha no mercado financeiro, como Zuleica Vieira Pinto Araújo, gerente de atendimento da superintendência regional da Caixa Econômica Federal, em São Paulo (SP). "Para que a preocupação com o futuro do filho diminua, além de poupar, também é indicado investir parte dos recursos e, assim, fazer o dinheiro crescer", diz Zuleica. “Nesse caso, o ideal é investir esses recursos em produtos que menos sofram influência da inflação."

Poupança e previdência
Para quem pensa em ir além da velha e boa poupança, considerada uma aplicação segura —normalmente, seus rendimentos estão entre as menores taxas do mercado—, o indicado são os planos de previdência privada, pecúlios oferecidos por instituições bancárias e seguradoras. "Esses produtos visam a concessão de uma renda temporária mensal, com a contratação de benefícios de proteção que garantam a segurança do participante e de seus beneficiários, se ocorrer alguma eventualidade. É um investimento de médio a longo prazo", diz Zuleica. Daí a importância de se começar o quanto antes.

Na contratação desses seguros, o interessado sempre será atendido por especialistas que irão identificar o perfil do poupador e traçar um plano condizente com o seu objetivo e recursos. Inclusive, em caso de desemprego da pessoa que mantém o plano, existe a possibilidade de suspender as contribuições mensais, até que a situação financeira da família se normalize. "Neste período, os valores investidos na previdência, poupança ou fundos continuarão tendo seus rendimentos", afirma Zuleica.

Para o dinheiro crescer
O mercado de ações, que ultimamente tem sido mais procurado pelo investidor comum —muito por conta das ações tomadas pelas bolsas de valores no sentido de divulgar mais e melhor seus serviços e benefícios—, também é uma opção para fazer o dinheiro guardado girar ou crescer. “Mas não é todo investidor que vai se dar bem com essa opção de investimento”, diz Daniel Veraldi, sócio-diretor do escritório de Guarulhos (SP) da corretora Um Investimentos. “É preciso traçar um perfil bem delineado, para identificar o grau de exposição ao risco desse cliente, bem como por quanto tempo ele deixará o dinheiro aplicado”, afirma Veraldi. “Essa modalidade é indicada, em geral, para as pessoas mais arrojadas.”

 

Entre os muitos tipos de negócios feitos nas Bolsas de Valores, os mais indicados para quem quer investir em papéis, mas tem um perfil mais contido, são as carteiras de dividendos e a compra de ações chamadas de primeira linha, segundo especialistas. “Entre as empresas boas pagadoras de lucros líquidos estão as elétricas e tabagistas. Entre as que classificamos como empresas com papéis de primeira linha estão a Petrobras, a Vale e os grandes bancos”, declara Veraldi. Já para os mais arrojados, o empresário explica que empresas que estão começando, mas têm um projeto sólido para o setor no qual atuam, são opções de compra interessantes. Antes, porém, de qualquer decisão sobre que papéis comprar, ele alerta para a importância da escolha da corretora de valores. “É primordial que o interessado em entrar nesse mundo busque um escritório certificado pela Comissão de Valores Mobiliários, para evitar dores de cabeça no futuro.” Além do site da CVM, ele indica os sites do Procon e do Reclame Aqui como boas fontes para identificar corretoras idôneas ou não. 

Como e quanto poupar
Para quem acha ser praticamente impossível reservar uma pequena quantidade de recursos por mês, para destinar à poupança-educação dos filhos, Veraldi, que tem uma filha adolescente, aconselha o uso de uma tabela com todos os gastos da família, para ajudar a identificar onde a família gasta todo o seu dinheiro. Acrescente tudo: desde as contas fixas aos gastos com o cafezinho. “Acredito que assim é mais fácil visualizar os gastos com supérfluos e desviá-los para essa poupança e/ou investimento”, afirma o empresário.

Saiba quanto você deve poupar ou investir por mês para garantir a mensalidade de faculdade particular, por quatro anos, para seu filho. A simulação abaixo foi feita pela gerente de atendimento Zuleica Pinto Vieira Araújo, da superintendência regional da Caixa Econômica Federal, em São Paulo (SP), considerando dois tipos de produtos financeiros, a poupança e um plano de previdência.

Entenda a tabela
Os cálculos foram feitos imaginando que a poupança começará a ser feita com a idade atual da criança. No cálculo, foram consideradas crianças com 1, 5, 10 ou 13 anos. Os valores de ambos os cálculos foram baseados supondo que o jovem ingresse na faculdade com 18 anos.

Poupança: o valor se refere à contribuição mensal para valor acumulado de R$ 100 mil.

Previdência: o valor inicial da tabela se refere à contribuição mensal que os pais podem fazer. O número que está entre parênteses se refere ao resgate que o jovem poderá fazer mensalmente quando atingir os 18 anos durante um período de quatro anos.

 

IDADE DA CRIANÇA1 ano5 anos10 anos13 anos
POUPANÇA**R$ 154R$ 301R$ 561R$ 1.377
PREVIDÊNCIA***R$ 200
(R$ 1.717)
R$ 320
(R$ 1.706)
R$ 730
(R$ 1.900)
R$ 1.350
(R$ 1.989)


**Considerando a TR de 16/02/2012
***Rendimentos de 9% a 12% ao ano
Fonte: Caixa Econômica Federal