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Conheça os 10 piores erros que os chefes cometem e como prejudicam a equipe

Criticar um funcionário em alto e bom som e elogiá-lo aos sussurros é um dos erros mais frequentes - Thinkstock
Criticar um funcionário em alto e bom som e elogiá-lo aos sussurros é um dos erros mais frequentes Imagem: Thinkstock

Heloísa Noronha

Do UOL, em São Paulo

04/06/2012 07h00

Habilidades e competências técnicas nem sempre andam de mãos dadas com a inteligência emocional. Por isso, é comum ver pessoas promovidas a cargos de chefia meterem os pés pelas mãos. Atitudes egoístas, mesquinhas, contraditórias e até arrogantes podem comprometer não só o rendimento entre os membros da equipe, como o do novo líder na empresa. Confira, a seguir, quais os erros mais nocivos que os chefes comentem e descubra por que são tão prejudiciais.

1. Não defender os subordinados para se exibir para os superiores

“Se por um lado o gestor pensa que agrada o chefe, por outro ele passa uma visão muito distorcida do seu papel de líder, que é defender e proteger sua equipe”, diz Vera Lucia Cavalcanti, coordenadora do Núcleo de Liderança do FGV in company, programa da Fundação Getúlio Vargas. Para a consultora, diante do nível hierárquico superior é importante se posicionar e admitir que houve erros, mas não fazer isso o tempo todo. Para Luciene Oliveira, consultora de RH da Catho Online, antes de tomar qualquer decisão sobre uma crítica, é importante que o gestor converse com o seu funcionário para que ele possa dar a sua versão dos fatos. “Isso propicia um clima de respeito e confiança em toda a equipe”, comenta.

2. Não delegar tarefas

Na opinião da consultora Luciene Oliveira, da Catho Online, a dificuldade de distribuir tarefas é um erro comum entre novos gestores que ainda não conhecem detalhadamente sua equipe. “Há o medo de que não executem a função corretamente”, afirma. Ela sugere travar conhecimento com as pessoas aos poucos, ao mesmo tempo em que se delega determinadas funções. “Essa atitude passa segurança e credibilidade aos funcionários”. Quem nunca delegou tarefas certamente vai sentir dificuldade em fazer isso de uma hora para outra. “Provavelmente, terá vergonha de cobrar prazos ou a execução bem feita de uma tarefa. Tenderá a tomar decisões sozinho e se isolar, pois se sente mais seguro”, diz o consultor Eduardo Ferraz, especialista em gestão de pessoas. Ele aponta como um segundo problema a falta de preparo e treinamento, típicos de promoções repentinas. “Sem treinamentos adequados de gestão e liderança, as pessoas atuam sem métodos e os resultados serão pouco consistentes”, diz.

3. Favorecer colegas

"O receio de perder a amizade de seus antigos colegas de trabalho pode levar o novo chefe a não efetuar cobranças e pontuações necessárias”, diz a consultora Luciene Oliveira, da Catho Online. É importante que haja um equilíbrio entre o comprometimento assumido com a organização e com seus subordinados para evitar futuros conflitos. Também é indispensável separar profissionalismo e relacionamento pessoal, pois o favorecimento de um determinado funcionário poderá prejudicar o clima organizacional e os processos que impactam no negócio, além de abalar o respeito entre a equipe. “A meritocracia deve ser realmente colocada em prática, acima de qualquer empatia”, diz.

4. Boicotar funcionários

O receio de uma futura concorrência faz com que gestores boicotem e até demitam funcionários que se destaquem demais. Segundo o consultor Eduardo Ferraz, esse comportamento é típico do profissional que não tem preparo e segurança para gerenciar talentos. “Como não consegue comandar, nem se impor, começa a perseguir os mais talentosos. Isso vai ser um tiro no próprio pé, porque pode eliminar os bons profissionais e criar uma equipe medíocre”, afirma.

5. Desmerecer o desempenho do chefe anterior

Esse é um comportamento típico de disputa pelo poder. “O importante do trabalho é ter continuidade”, afirma Vera Cavalcanti, do FGV in company. “Mesmo que o perfil seja diferente, o trabalho do outro não pode ser desmerecido. Essa postura demonstra insegurança e falta de ética na busca de espaço. A consequência é a insegurança da própria equipe, que não vê o gestor como um exemplo”. É comum que um líder assuma uma nova responsabilidade justamente por causa de uma ou mais falhas na atuação de seu antecessor. “O chefe anterior teve méritos em levar a equipe e os resultados até aquele momento, e independentemente do motivo de sua saída, nada deve ser desmerecido nesse momento”, diz Augusto Puliti, diretor de marketing da Michael Page, empresa especializada em recrutamento de executivos. O novo líder deve ter tato e maturidade para entender o ambiente em que está entrando, separar o que é bom e o que pode ser melhorado.

6. Querer mostrar resultados às custas do esforço da equipe

Para Sergio Sabino, diretor de marketing da Michael Page, a consciência de que o todo é maior que a soma das partes é fundamental. “Pressionar a equipe de maneira desmedida, trazer para si todos os méritos pelos bons resultados e culpar os subordinados pelos resultados negativos irá criar um grupo desmotivado e operacional, que não faz nada além do que é solicitado”, diz. Para ele, isso torna a equipe medíocre, assim como seus resultados. “O nível de desconfiança se torna insustentável e bons talentos serão perdidos, provavelmente para a sua concorrência direta”.

7. Levar as questões com a equipe para o lado pessoal

Segundo o consultor Eduardo Ferraz, esse é o caso clássico do profissional que teve pouco preparo e, provavelmente, nenhum tipo de treinamento para assumir um cargo de comando. “A tendência será agir e pensar como se ainda estivesse na função anterior. Ele evitará ser chefe, tentará manter os relacionamentos pessoais e procurará ser mais querido que respeitado”, diz.

8. Criticar em alto e bom som e fazer elogios aos sussurros

“O grupo deve ter acesso às questões positivas, enquanto os pontos a serem melhorados precisam ser discutidos com cada uma das pessoas envolvidas com eles”, diz Carlos Cruz, diretor do IBVendas (Instituto Brasileiro de Vendas). Quando quiser falar de algo que deu errado durante uma reunião de "feedback", o ideal é que o chefe utilize um discurso generalizado em vez de apontar os culpados. Mais do que respeitar a integridade dos profissionais, essa postura irá criar um cenário em que cada uma das pessoas pode se enxergar e, assim, tirar ensinamentos importantes sobre suas próprias condutas. “Quando um funcionário é criticado na frente de dez pessoas, essa crítica se multiplicará por dez. O profissional se sentirá humilhado e não encorajado a melhorar. Infelizmente, isso acontece com frequência”, diz Eduardo Ferraz.

9. Querer se vingar

É comum ouvir colegas de trabalho dizendo algo como “quando eu for chefe, não vou fazer isso dessa forma”. Contudo, a rotina acaba se mostrando mais forte do que a ideia inicial e muitos passam a repetir padrões de comportamento, inclusive se vingando de questões surgidas no passado, como supostas injustiças ou relacionamentos tumultuados com colegas. “Quando uma pessoa se torna líder, precisa aumentar a capacidade de ouvir e analisar as situações com um olhar generoso e que leve ao resultado. É importante chegar ao novo cargo com atitudes grandiosas, deixando para trás pensamentos mesquinhos e dando lugar a decisões transparentes e compartilhadas”, afirma o consultor organizacional Eduardo Shinyashiki. A psicóloga Izabel Failde, especialista em desenvolvimento de carreiras, diz que a vingança leva à falta de integração, união e confiança. “O novo chefe precisa fazer um exercício de autoconhecimento e compreender os motivos que o levam a querer ser vingativo. Isso é essencial para mudar sua atitude”, diz.

10. Adotar outro estilo de vida, priorizando o status

Há mistura entre o “ser” e o “ter”, calcada no entusiasmo com a conta bancária turbinada devido à promoção e ao poder recém-conquistado. “Não raro tanto o novo status quanto a posição financeira são irreais”, diz a psicóloga Izabel Failde. Para ela, o recomendado é se manter dentro da realidade tanto em relação à carga de trabalho –há quem se transforme em "workaholic" com medo de perder o que conquistou – quanto à movimentação financeira, que pode ser passageira.