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Envolver-se com 'ex' de amigos é traição? Tema gera confusões na novela e na vida real

Em "Avenida Brasil", Débora (Nathalia Dill) e Iran (Bruno Gissoni) começam a se interessar um pelo outro  - TV Globo
Em "Avenida Brasil", Débora (Nathalia Dill) e Iran (Bruno Gissoni) começam a se interessar um pelo outro Imagem: TV Globo

Andrezza Czech

Do UOL, em São Paulo

14/08/2012 07h37

Primeiro foi Olenka (Fabíula Nascimento) que se envolveu com Silas (Ailton Graça), logo depois de sua melhor amiga Monalisa (Heloísa Périssé) se separar dele. Agora, Iran (Bruno Gissoni) começa a se interessar por Débora (Nathalia Dill), ex-namorada de seu amigo e colega de apartamento Jorginho (Cauã Reymond). Assim como na novela “Avenida Brasil”, ninguém escapa de um dia ver seu antigo par nos braços de uma pessoa amiga. Mas o que motiva essa situação?

Segundo a psicóloga e terapeuta sexual Arlete Gavranic, do Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática (Isexp), a amizade de alguém próximo ao casal facilita a paixão pós-término. “Quando acontece a separação, a pessoa amiga, que conhece os dois lados do relacionamento, pode se sensibilizar com a tristeza de uma das partes”, diz ela. Daí para o envolvimento é apenas um passo. 

Traição versus sentimento de posse
Monalisa passou semanas acusando Olenka de ser uma traidora até finalmente perdoá-la. Mas a atitude de Olenka pode realmente ser considerada uma traição? Para o terapeuta e escritor Sergio Savian, não. "Tanto Silas quanto Débora foram rejeitados pelos parceiros que amavam e não tinham nada a dever. O problema está em esconder que estão saindo com os ‘ex’ de seus amigos, porque passam por traidores quando são descobertos”, diz ele. 

Há casos extremos em que especialistas concordam em considerar como uma traição, como quando uma pessoa já se interessava pelo parceiro do amigo ou amiga quando eles ainda estavam juntos. Ou, pior, incentivava a separação do casal, com segundas intenções. "A história de Olenka tem um aspecto complicado: ela sabia que Silas fingia estar doente para conquistar Monalisa e nem ao menos deu uma dica para que a amiga descobrisse a verdade. Ela acobertou a farsa, começou a alimentar um carinho especial por ele e, depois, veio a atração”, diz Arlete Gavranic.

  • TV Globo

    Monalisa (Heloísa Périssé, à dir.) flagrou sua melhor amiga, Olenka (Fabíula Nascimento) na cama com seu ex-marido Silas (Ailton Graça). Mesmo assim, as duas fizeram as pazes

Para a psicóloga e psicanalista Blenda de Oliveira, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBP-SP), o que acontece na novela se trata de um sentimento de posse. “É mais uma sensação de perder a exclusividade. O Jorginho não ama a Débora, mas quer ter a certeza de que ela estará disponível na hora em que ele precisar”, diz Blenda. “Quando a gente ama alguém, parece que essa pessoa nos pertencerá para o resto da vida, o que não é verdade. Ninguém é dono de ninguém”, afirma. Monalisa também passou por algo parecido. Ela terminou, depois passou a alimentar a esperança de voltar. “Já vi essa situação se repetir inúmeras vezes na vida real. Você decide que não quer mais alguém, mas quando o vê com outra pessoa, pira”, diz Sergio Savian. 

Para a psicóloga e psicodramatista Cecília Zylberstajn, pessoas como Silas e Débora, que se envolvem com amigos de seus “ex”, podem agir assim para despertar ciúme no antigo par ou porque não conseguiram de fato partir para outra. Iniciando uma relação com alguém próximo à pessoa amada, estará, inconscientemente, arrumando uma maneira de continuar por perto do seu amor.

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Propaganda é a alma do negócio
Para Arlete, a melhor dica para evitar que aconteça com você o mesmo que aconteceu com Monalisa ou Jorginho é não fazer propaganda demais. “Se você fala muito das qualidades do seu namorado ou namorada, elogia a performance na cama, enumera os presentes que ganhou e as viagens incríveis que fizeram juntos, acaba aguçando o interesse alheio e até tornando seu parceiro um objeto de desejo”, diz a psicóloga. Fazer alarde sobre a pessoa amada pode provocar ciúme e inveja em quem está próximo. “É importante ter a noção de quem são os amigos com quem você pode dividir tudo, aqueles que têm uma postura ética”, diz a terapeuta sexual.

Como agir se você se interessar pelo “ex” alheio
É consenso entre os especialistas que, se você realmente considera sua amizade importante, é preciso abrir o jogo. “Pergunte à pessoa se a relação dela realmente não tem mais nada a ver e fale sobre seu interesse”, diz Arlete Gavranic. A reação depende muito do equilíbrio emocional de cada um. Há quem lide bem com a situação, principalmente se o "ex" ou a "ex" não tem mais significado, e há quem não aceite, mesmo que não exista mais amor ou intenção de reenlace. “Se a relação terminou, mas ficou uma mágoa, é muito difícil superar. A amizade fica comprometida e pode acabar”, diz Arlete.

Para o terapeuta Sergio Savian, separação não é sinônimo de fim de amor. “É o caso de Leleco (Marcos Caruso) e Muricy (Eliane Giardini). Algumas pessoas ficam mal resolvidas por toda a vida. Podem até estar com outros parceiros, mas não param de pensar em seus antigos amores e até têm ciúme”, diz Savian.