Topo

Museu das Máquinas Sexuais em Praga faz "Cinquenta Tons de Cinza" parecer inocente

Melissa Lenz

Do UOL, em Praga (República Tcheca)

29/11/2012 16h12

Christian Grey, de "Cinquenta Tons de Cinza", que nos desculpe, mas seu temido, porém desejado, "quarto vermelho da dor" (lugar onde o personagem castiga sua amada na trilogia sadomasoquista) é fichinha comparado ao Sex Machines Museum (ou Museu das Máquinas Sexuais, em português), localizado em Praga, na República Tcheca.

Criado há dez anos pelo empreendedor italiano Oriano Bizzoch –mesmo dono do Museo delle Curiosità (Museu da Curiosidade), em São Marino–, o SMM é o primeiro museu do mundo dedicado exclusivamente a invenções relacionadas ao sexo. São três andares de lascividade que exibem, entre os 600 m² de paredes vermelhas, cerca de 250 aparatos sexuais (alguns dos séculos 15 e 16), tudo para dar –ou tirar– prazer. Bizzoch afirma que as peças levaram de 15 a 18 anos para serem coletadas em suas viagens pelo mundo. "E tem várias novidades no depósito que serão exibidas a partir de fevereiro de 2013", diz.

Por enquanto, o que já dá para encontrar lá são corsets originais do período vitoriano, máquinas movidas a vapor ou a manivela para facilitar posições insólitas durante o ato sexual, temerosos cintos de castidade e até roupas e aparelhos elétricos antimasturbação. O mais curioso destes foi inventado em 1920, na França. Com um anel acoplado ao pênis do rapaz, toda vez que o dispositivo acusava uma ereção, tocava um inconveniente sino no quarto da mãe, para que ela viesse correndo para a cama do filho lhe repreender.
 
O museu também abriga engenhocas usadas para fazer a alegria de grupos em bordéis, como a mesa para performance ou a cadeira do amor. Feita em Paris em 1890, a cadeira permitia que uma mulher se deitasse na parte superior, outra na inferior, e o homem ficasse em pé, para assim realizarem um ménage à trois (sexo a três).
 
Entre tantas relíquias eróticas estão ainda sapatos fálicos, sandálias usadas por prostitutas gregas que gravavam no solo "siga meus passos" (e assim atraíam seus clientes), irrigadores vaginais, vibradores de todos os tipos e tamanhos, máscaras e chicotes de couro, piercings genitais, penicos voyeurísticos, massageadores medievais e uma réplica da famosa gangorra da idade média, que tinha, em cada ponta, um pênis artificial. 
 
E como a proposta do local é suprir todos os fetiches –até mesmo os mais excêntricos–, tem também um trono com um buraco adaptado no meio, especialmente para a "chuva dourada" ou "banho marrom". Se não foi possível imaginar do que se trata, uma dica: a prática está associada às necessidades fisiológicas.
 
Um dos andares engloba uma antiga sala de cinema restaurada, The Old Erotic Cinema (O Velho Cinema Erótico), que exibe duas produções da pornografia espanhola: "The confessor of the friar’s blessings" (O confessionário das bençãos do frade) e "Ladies’s cabinet" (Gabinete das senhoras) –que apresenta uma das primeiras cenas de sexo a três da história cinematográfica. Na parede, a explicação de que os dois filmes teriam sido uma encomenda pessoal do então rei da Espanha, Afonso 13, em 1925. 

Há os que procuram ainda mais. Para estes, no último andar, a cereja do bolo: um espaço totalmente dedicado a fetiches sadomasoquistas e bondage. Roupas íntimas em couro, máscaras fetichistas, cintos de castidade masculinos, cadeira para dominação anal, falos em borracha inflável, irrigador anal e vaginal, aparatos mecânicos para práticas sadomasoquistas, correntes, algemas. Para completar, manequins com roupas de látex acorrentados foram presos à parede ou suspensos no teto do ambiente.
 
Para Bizzoch, todos seus objetos têm o mesmo valor: "Cada um tem a sua história, sua origem, seu significado. Diria que são como meus filhos: você não tem um preferido, não é?". Ele afirma que todos os anos mais de cem mil turistas do mundo inteiro, entre homens e mulheres, vão ver de perto suas parafernálias.

"É engraçado porque todos os que entram aqui sorriem naturalmente. As pessoas tendem a comentar o que veem e a dar sugestões sobre o uso de diferentes objetos. Elas estão se divertindo".
 
As autoridades de Praga, no entanto, nem sempre pensaram assim. "Tivemos algumas encrencas logo no início, em 2002. Ninguém sabia o que esperar. Mas os problemas logo desapareceram quando as próprias autoridades viram a coleção e entenderam que meu conceito não é mostrar pornografia, mas os engraçados e curiosos aspectos da sexualidade humana", conta Bizzoch.
 
Sex Machines Museum
Horário de funcionamento: das 10h às 23h
Informações: www.sexmachinesmuseum.com
Entrada: 250 coroas tchecas (cerca de 26 reais)
Classificação estária: 18 anos