Continuar uma relação por pena faz mal para você e seu par
A advogada mineira Juliana*, de 28 anos, namorava um colega de faculdade há três anos quando percebeu que a paixão havia acabado. A vontade de curtir com as amigas era cada vez maior e o grude do namorado, antes bem-vindo, passou a ser sufocante. "Parecia que a gente era um só: ele usava o meu e-mail para mandar e receber os artigos que precisava e ainda ia para a minha casa no fim de semana para estudar porque, lógico, estava tudo salvo no meu computador".
Ela estava decidida a terminar, mas havia um problema. O namorado estava prestes a enfrentar uma banca difícil para a apresentação do trabalho final da graduação. "Ele estava quase surtando de medo", conta a advogada. "E, como os arquivos dele estavam salvos na minha máquina, essa parte prática também me assustava: como é que eu ia deixar o menino sem namorada, sem e-mail e sem computador?", perguntava-se.
Pode parecer cruel, mas a atitude de Juliana é, em muitos casos, a mais aconselhada pelos especialistas. "Em um relacionamento por pena, você fica sem vontade e não oferece ao outro o carinho que ele merece. O resultado a médio prazo é mais dolorido", afirma Ailton Amélio, psicólogo da USP e autor de um blog sobre relacionamentos no UOL.
O psicólogo da PUC-SP Antônio Carlos Pereira lembra que a dor é tão parte do namoro quanto o prazer. Para ele, tudo bem esperar o momento crítico passar e adiar um pouco um término. Um pouco. "A pessoa pode até pensar: ‘não vou estragar a festa'. Mas depois da festa tem que falar", diz. Ele ressalta que, para fazer o outro feliz, é preciso pensar também na própria satisfação. "Se o namoro não está bom, é ruim para você e para o parceiro".
Para dar certo no final
A estudante de direito Laura*, de 22 anos, precisou viajar para conseguir terminar com um colega que namorava há um ano e dois meses. Ela arrastou o relacionamento por sete meses, porque sempre que tentava se afastar, o "ex" entrava em desespero. "Em uma das vezes, ele ameaçou se jogar do carro. Na outra, começou a bater a cabeça na parede", conta.
Quando precisou ficar duas semanas afastada e praticamente incomunicável, a estudante tomou coragem. O namorado chorou muito, mas finalmente procurou ajuda psicológica. Hoje, os dois estão em outros relacionamentos.
A estudante decidiu segurar o relacionamento porque, quando foi terminar o namoro de quase dois anos, ficou sabendo que o irmão do namorado havia sido preso. "Não quis deixá-lo sozinho, eu sabia que ele contava com meu apoio. A família dele era muito desestruturada", conta.
A ideia dela era ficar ao lado do namorado até que a situação do irmão se resolvesse. Cinco meses depois, porém, nada havia mudado e ela havia chegado ao limite. Resolveu terminar. "Foi horrível. Ele ameaçou se matar", conta. Flávia voltou atrás na hora mas, na manhã seguinte, confirmou o rompimento. O namorado foi embora transtornado, porém não cumpriu a ameaça que havia feito.
Para Ailton Amélio, o drama do término também pode ser um pouco de fantasia de quem quer por um ponto final na relação. "As pessoas exageram no que se imagina que vai ser o sofrimento do outro", diz.
Às vezes, é bom esperar
* Os sobrenomes não foram revelados a pedido das entrevistadas
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