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Você se preocupa com a opinião dos outros? Teste-se

Precisar demais da opinião alheia para tomar decisões indica medo de assumir responsabilidades  - Getty Images
Precisar demais da opinião alheia para tomar decisões indica medo de assumir responsabilidades Imagem: Getty Images

Heloísa Noronha

Do UOL, em São Paulo

06/12/2013 07h09

Pedir a opinião de alguém sobre um conflito, um problema ou uma decisão importante pode ser esclarecedor, pois ajuda a encarar a questão sob um ângulo diferente. Às vezes, até um palpite não solicitado tem sua utilidade, porque nos leva a refletir.

Todo mundo dá alguma importância à opinião alheia: uns mais e outros, menos. Há pessoas que valorizam tanto o que os outros pensam que acabam se tornando reféns dos pontos de vista alheios, o que paralisa o poder de tomar decisões e inibe a realização de desejos.

Se você faz parte do time que sente que está perdendo o controle sobre a própria vida por se importar demais com julgamentos, entenda o que faz você se sentir assim para poder mudar isso.

O modo de reagir aos palpites de amigos, parentes e colegas está ligado à personalidade, é claro. "Indivíduos tímidos, introvertidos e inseguros costumam ser mais influenciáveis e têm maior necessidade de aceitação. Ao se direcionarem por aquilo que dizem os outros, se sentem mais confiantes", afirma o psiquiatra Joel Rennó, da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

O psiquiatra Cyro Masci explica que nascemos condicionados a concordar com os demais. "É uma questão de sobrevivência que facilita o convívio social. A imitação é a base da empatia e nos ajuda a entramos em sintonia uns com os outros. Afinal, vivemos em sociedade e o sentimento de pertencer a um grupo e a sensação de acolhimento são fundamentais para o bem-estar", declara.

Para o médico, no entanto, é o medo do conflito que faz com que algumas pessoas sigam a opinião dos outros –às vezes, até de quem não gostam ou não têm afinidade. "Existem momentos em que bancar a "Maria vai com as outras" pode ser mais interessante do que nadar contra a corrente. A questão se complica quando acatar decisões de um grupo significa ir contra os próprios princípios ou quando o comportamento se torna constante", diz.
 
As opiniões, em especial a das pessoas confiáveis e que querem o seu bem, devem servir como parâmetro. Porém, como muitas são baseadas em experiências estritamente pessoais, que não têm nada a ver com você, o segredo é filtrar aquilo que acha que vai ser útil para sua vida. "Evite permitir que o outro determine o que é bom para você. Só você vai arcar com os ganhos e as consequências”, declara Cyro.
 

Desejo de responsabilizar o outro


Também é por receio das consequências que muita gente acata os palpites: se a decisão for uma roubada, a culpa será de fulano que deu a sugestão. É uma maneira torta de não assumir responsabilidades.

"Quem age assim é perfeccionista e não se permite errar. Dessa forma, quem erra é o outro. No fundo, são pessoas com baixa autoestima que não acreditam no poder que têm, então o colocam nas mãos alheias", comenta Renata Maransaldi, psicóloga da Associação Viver Bem e do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Controle do Impulso do IPq HC (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo).
 
O autoconhecimento é fundamental para aprender a lidar com as opiniões e não se deixar sugestionar por elas. Quem sabe quais são os próprios defeitos e qualidades também consegue prever as consequências de suas decisões. E vai se sentir bem dirigindo um carro amarelo-ovo, por exemplo, mesmo que as pessoas digam que será difícil de vendê-lo depois, por causa da cor. A segurança em relação à própria escolha e a felicidade de seguir os instintos não são atingidos pelo olhar dos demais. 

Não liga ou finge que não liga para opiniões?

 
Fingir que não liga para o que os outros dizem não resolve, apenas traz mais sofrimento, porque a pessoa fica remoendo o que escutou. E apelar para a intransigência e ignorar o mundo também não dá certo.

"Quando o palpite chatear, tente refletir sobre as dúvidas que você tem a respeito da decisão que pretende tomar. Às vezes, o que o outro aponta é justamente aquilo que está lhe incomodando e você se irrita porque não quer enxergar isso, e muito menos que o façam em seu lugar", conta a psicóloga Marta Rita Leopoldo,

A psicóloga, que é especialista em neuropsicologia, aconselha a exercitar a flexibilidade. "E daí se sua mãe ou seu colega de trabalho têm mesmo razão? Às vezes, ceder é a atitude mais sensata".
 
Para driblar os intrometidos, aqueles que opinam sem serem solicitados, uma estratégica eficaz é agradecer e dizer simplesmente que vai pensar no que escutou. E mudar de assunto rapidamente, sem dar espaço para novas colocações.

Na contramão, aqueles que rechaçam toda e qualquer opinião são egocêntricos e se acham onipotentes. E também costumam ser pessoas inflexíveis e avessas às críticas, o que as tornam de difícil convívio, principalmente em ambientes profissionais. Equilíbrio é a palavra de ordem.