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Por que os machos existem? A ciência explica

A disputa pela fêmea melhora a saúde e a proteção contra a extinção - Getty Images
A disputa pela fêmea melhora a saúde e a proteção contra a extinção Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

19/05/2015 18h39

A existência dos machos é um mero capricho da natureza? A resposta para a pergunta era incerta para os cientistas, mas uma nova pesquisa feita pela UEA (Universidade de East Anglia), no Reino Unido, encontrou uma razão. Segundo os pesquisadores, a seleção sexual --processo teorizado por Charles Darwin, no qual machos competem pela chance de se reproduzirem com uma fêmea-- desempenha papel fundamental na melhoria da saúde da população e na proteção contra a extinção.

O estudo, publicado na revista científica "Nature", buscou entender por que a maioria dos organismos multicelulares depende de sexo para se reproduzir. Sob condições controladas de laboratório, os pesquisadores estudaram 50 gerações de besouros, por um período de dez anos, e testaram o impacto da chamada seleção sexual.

"Quase todas as espécies multicelulares da Terra se reproduzem por meio de sexo, mas o fato não é fácil de explicar porque o sexo traz várias desvantagens. A mais óbvia é que apenas metade dos seus descendentes vão gerar novos filhos, no caso, as fêmeas", disse o pesquisador Matt Gage, professor da Escola de Ciências Biológicas da UEA, por meio de um comunicado, para a "Nature".

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Os autores do estudo descobriram que, quando os besouros foram agrupados em casais monogâmicos --e não havia mais competição entre machos por fêmeas--, a saúde da população declinou rapidamente. O fato levou a concluir que os que disputavam fêmeas eram mais resistentes à extinção.

"Nossos resultados fornecem a ideia de que o sexo persiste como um modo dominante de reprodução, pois permite que a seleção sexual proporcione os benefícios genéticos", falou Gage à "Nature".

O estudo sugere que a competição pelo par sexual desempenha um papel crucial para remover mutações genéticas nocivas, pois a concorrência deixa as fêmeas menos propensas a acasalar com indivíduos geneticamente inferiores. Mesmo após 20 gerações, os pesquisadores constataram que as populações em que havia disputa de machos por fêmeas tinham aptidão superior e foram capazes de manter a saúde e evitar a extinção.