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Poupar deixa profissional livre para dar guinada na carreira

A falta de uma poupança pode fazer com que o profissional tome decisões erradas - Getty Images
A falta de uma poupança pode fazer com que o profissional tome decisões erradas Imagem: Getty Images

Andrezza Czech

Do UOL, em São Paulo

24/06/2015 07h15

Que poupar é importante, todo mundo sabe. Mas nem todos percebem que quem consegue economizar e guardar parte do salário tem vantagens também na vida profissional. A principal delas é ter maior liberdade ao conduzir a própria carreira.

“Ter planejamento financeiro e disciplina são estratégias para sermos mais livres”, diz a consultora de carreira e negócios Janaina Ferreira Alves, professora de gestão de pessoas da faculdade Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), no Rio de Janeiro. Segundo ela, é essencial começar a poupar desde o primeiro salário.

Para o especialista em finanças pessoais e educação financeira André Massaro, professor do Instituto Educacional BM&F Bovespa e autor do livro “Dinheiro É um Santo Remédio” (Editora Gente), o principal investimento de uma pessoa deve ser sempre na vida profissional.

“O que efetivamente nos traz dinheiro é o trabalho. Muitos se esquecem disso e compram um carro ou uma casa por meio de financiamento, passam a vida com uma dívida de longo prazo e sacrificam o investimento na vida profissional”, fala.

Veja, a seguir, quais as vantagens que poupar pode trazer para a carreira.

1 - Possibilidade de se aperfeiçoar

"Quanto mais qualificada e talentosa, mais a pessoa será disputada e maior será seu salário. Além disso, ela poderá escolher a empresa na qual deseja trabalhar", fala a consultora Janaina. E, recebendo um bom salário, será bem mais fácil continuar a seguir o planejamento financeiro e aumentar a reserva.

“Guardar dinheiro dá a oportunidade de realizar os projetos que você vislumbrar, como fazer um MBA ou contar com o auxílio de um ‘coach’ (profissional responsável por orientar e estimular o desenvolvimento) de carreira”, afirma Ana Cristina Limongi-França, professora do departamento de administração da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), coordenadora da FIA-USP (Fundação Instituto de Administração) e do Núcleo de Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho.

2 - Postura mais firme no trabalho

Segundo Tania Casado, professora da FEA-USP e coordenadora da FIA, quem tem condições de se manter se perder o emprego costuma ter uma postura diferente no trabalho. "Se a pessoa não pode nem pensar em ficar um dia sem trabalhar, acaba não tendo voz na empresa", afirma.

Quem tem uma quantia guardada não é tão dependente e pode ter uma atitude um pouco mais questionadora diante de algumas situações. "O profissional sente-se mais seguro e não tem medo de tomar decisões. Não fica em cima do muro", fala Janaina, do Ibmec.

3- Mudar de área

De acordo com a consultora Janaina, qualquer mudança tem um grau de risco e, para minimizá-lo, é importante traçar um plano de carreira que englobe o aspecto financeiro. “Quem não tem dinheiro guardado não pode ficar três meses sem salário, por isso permanece insatisfeito em um emprego. Não ter uma reserva é uma prisão”, diz.

Para Tania, ter uma boa quantia poupada é importante para qualquer alteração, seja de empresa ou de área de atuação. ”Depois de feita a transição, você não sabe quanto tempo vai levar até tudo se consolidar. Às vezes, a mudança de área dá certo, mas você entra em uma posição inexperiente e com uma remuneração menor”, diz.

4 - Tirar um período sabático

Se a vida e a carreira parecem não fazer mais sentido, pode ser uma boa ideia tirar um período sabático para respirar e conhecer novas culturas ou trabalhar como voluntário. "Até pessoas mais experientes estão fazendo isso, não apenas os jovens. Elas encontram as respostas que procuram ao se afastar desse ritmo de trabalho que não nos deixa pensar", afirma Janaina.

5 – Empreender

Quem não sonha em criar um empreendimento de sucesso e ser seu próprio chefe? “Muitas pessoas estão saturadas da pressão do mundo corporativo e querem mais qualidade de vida, por isso sonham com empreender. Mas não basta apenas ter qualificação, é preciso guardar dinheiro por um bom tempo”, afirma Janaina. A reserva servirá para o investimento inicial e para manter o novo empresário até que o negócio engrene.

6 - Dá a volta por cima com mais facilidade se for demitido

De acordo com Ana Cristina, professora da FEA-USP, quem poupa pode se dar mais tempo para voltar ao mercado de trabalho, além de ter a possibilidade de contratar um profissional para ajudá-lo nessa fase, como um “headhunter” (expressão inglesa para caçador de talentos).

O desespero por estar desempregado pode fazer com que o profissional tome decisões erradas. Com dinheiro guardado, ele não precisa ficar na posição passiva de ser selecionado. “A pessoa pode avaliar se a empresa oferece desafios, se o ambiente é bom, se investe em funcionários. Se está no vermelho, há uma pressão muito maior, e ela pode aceitar um cargo qualquer”, diz Janaina.

A reserva também proporciona mais tranquilidade para encarar os processos seletivos que surgirem. “A vida profissional tem seus riscos. A pessoa pode passar por um período sem emprego e, se não tiver segurança financeira, acaba trabalhando com algo que odeia só para dar conta das despesas, o que traz danos não só para a carreira, como para a vida pessoal”, afirma o especialista em finanças pessoais André Massaro.

7 - Pode até pedir demissão

Quem poupa tem a possibilidade de sair da empresa, caso sinta que não tem mais para onde crescer. “Se o profissional não se preparou para o período sem emprego, uma hora percebe que a reserva vai acabar, pega o primeiro emprego que aparece e replica a situação anterior de descontentamento”, diz Tania Casado. Mas se houver dinheiro guardado, ele pode ter calma para conseguir encontrar uma nova posição que o faça mais feliz.