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Seu par é seu melhor amigo? Pode ser bom se não esfriar o sexo

Agda Salles e o marido, Fábio Yamamoto, amigos desde antes do casamento - Arquivo Pessoal
Agda Salles e o marido, Fábio Yamamoto, amigos desde antes do casamento Imagem: Arquivo Pessoal

Yannik D´Elboux

Colaboração para o UOL

08/10/2015 07h15

 

“Morro de rir com meu marido e temos assunto para tudo, de futebol a banda de rock, passando por tatuagem e política”, afirma a administradora Agda Salles, 40 anos, de São Bernardo do Campo (SP), que considera o parceiro seu melhor amigo.

Segundo estudo publicado pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, dos Estados Unidos (conduzido por pesquisadores canadenses, a partir de dados da população britânica), em 2014, a amizade entre o casal aumenta a felicidade no relacionamento. O par  só não pode se comportar como amigos sob os lençóis.

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“Os efeitos de bem-estar do casamento são duas vezes maiores para aqueles que consideram o cônjuge ou parceiro como melhor amigo”, diz John Helliwell, responsável pelo estudo e professor da University of British Columbia, em Vancouver, no Canadá.

Para o psicólogo Álvaro Rebouças Fernandes, professor da Unifor (Universidade de Fortaleza), a amizade aproxima o casal e favorece o companheirismo. “O papel de amigo dá sustentação para o de cônjuge”, diz Fernandes.

Quando existe uma boa relação de amizade, os parceiros compartilham mais afinidades, constroem um forte laço de confiança e sabem se divertir melhor um com o outro.

Antes de ficarem juntos, Agda e o marido, Fábio Yamamoto, 41, conviveram por quase dois anos por causa de amigos em comum. Frequentavam os mesmos lugares e tinham interesses bastante parecidos. “Foi bom porque, quando começamos a namorar, ele já sabia quem eu era, conhecia minha história e meus objetivos”, fala.

Sem esquecer do sexo

Apesar de reconhecer a importância da amizade para o casamento, a psicóloga Maria Isabel Wendling, professora da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio Grande do Sul e supervisora do Cefi (Centro de Estudos da Família e do Indivíduo), diz que alguns limites devem ser respeitados para a sexualidade não ficar em segundo plano. “Ser amigo do outro é muito bom, mas se tornar o melhor amigo é um pouco demais.”
$escape.getHash()uolbr_quizEmbed('http://mulher.uol.com.br/comportamento/quiz/2015/08/11/que-tipo-de-casal-voce-e-seu-par-formam.htm')No dia a dia, o casal deve ficar atento ao afeto, aos pequenos gestos que diferenciam o amor romântico do fraterno. “Isso vai além da relação sexual, significa andar de mãos dadas, abraçados, não esquecer dos beijos”, declara a psicóloga.

Parceiros bastante cúmplices tendem a colaborar muito com o outro e a trabalhar em conjunto pelo bem-estar da família. Porém, Álvaro Fernandes enfatiza o cuidado para a rotina do casal não virar apenas um acordo de cooperação.

“Para existir uma relação conjugal é preciso haver uma ligação afetiva, sexual e ter projetos em comum, além da vida parental”, afirma.

Contar tudo ou não

Uma dúvida comum que aflige casais muito unidos é até onde ir e o que compartilhar para não perder a conotação romântica e sexual da relação.

Para a professora da PUC do Rio Grande do Sul, não existe uma delimitação clara, depende de como cada casal lida com a questão. “Alguns acham que têm de saber tudo um do outro e isso funciona bem, já outros preferem colocar algumas fronteiras”, diz Maria Isabel.

Se considerar o cônjuge como melhor amigo tem impacto positivo no casamento, segundo o estudo coordenado por Helliwell, casar com alguém que já ocupa esse papel aumentaria a chance de felicidade? Para o pesquisador, a conclusão não é bem essa.

“Pensamos o contrário. Mantenha todos seus melhores amigos, mas tenha certeza de tratar seu marido ou parceiro como se ele fosse seu melhor amigo”, diz.