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Não de Renan a Munik no "BBB" mostra que homem é refém do modelo garanhão

Thais Carvalho Diniz

Do UOL, em São Paulo

02/02/2016 19h18

Na festa do "Big Brother Brasil 16" (Globo) no dia 28, Renan deu um fora em Munik, que tentava uma investida amorosa com o modelo. Desde então, a internet deu seu veredicto: "o rapaz é gay!" GIFs (pequenas animações), memes (modinhas da internet) e outras montagens estão circulando pelas redes sociais a respeito do comportamento do participante.

Já destacaram que o modelo vai treinar na academia do reality de legging, deitou "de conchinha" com Alan, olhou atentamente para a sunga de Daniel e o principal: não quis ficar com a estudante, considerada uma das mulheres mais bonitas da casa. Será que só esses elementos falam por si sobre a orientação sexual de Renan? De acordo com os especialistas entrevistados pelo UOL, é claro que não. O jogador é vítima do pensamento machista que ainda predomina na sociedade.

O professor Luís Antonio Bitante Fernandes, da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) e autor da tese "Afinal o Que Querem os Homens? Uma Análise na Perspectiva de Gênero e Sexualidade", diz que o modelo de masculinidade definido a partir do comportamento "garanhão" e bem-sucedido ainda é visto como norma, apesar dos avanços da sociedade em busca de pluralidade.

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"Somos regidos pela ‘heteronormatividade’. Dizer não a uma investida do sexo oposto não necessariamente quer dizer que você está fora do modelo considerado ideal", afirma. Para ele, o fato de as pessoas julgarem as atitudes de Renan reforça que "insistimos em revalidar valores ultrapassados e preconceituosos".

Segundo Eliane Maio, sexóloga e professora-doutora em psicologia da UEM (Universidade Estadual de Maringá), o fato de o modelo estar exposto em um programa de televisão deixa-o vulnerável a esse tipo de avaliação preconceituosa, apesar de o próprio já ter declarado estar "ficando a fim de Munik".

"Ele é modelo, bonito, sarado e o que se espera dele é que não deixe a 'presa' passar e se mostre viril, afinal, o 'BBB' é estimulado por brigas e romances. Falta entendimento sobre o que é desejo sexual para um povo que ainda é guiado pela educação machista e misógina", fala Eliane.

Para Ana Gabriela Andriani, psicoterapeuta e doutora em psicologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a insistência pela cultura “heteronormativa” é resultado de um estranhamento das novas posições, tanto do homem quanto da mulher.

"Com os avanços femininos, tanto na vida pessoal quanto na profissional, existe um novo homem, que se sente livre para se cuidar esteticamente e dispensar uma mulher. É como se antes os homens não pudessem escolher e tivessem de estar a postos sexualmente para evitar julgamentos. Porém, a conquista de liberdade para ambos os gêneros ainda é confusa para alguns."