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Saiba o que é mito e o que é verdade sobre o contato com animais durante a gravidez

Gestante deve ter alguns cuidados, mas não precisa se desesperar se tiver um cão ou gato em casa - Thinkstock
Gestante deve ter alguns cuidados, mas não precisa se desesperar se tiver um cão ou gato em casa Imagem: Thinkstock

Ivonete Lucirio

Do UOL, em São Paulo

22/06/2012 07h20

Pobres amigos de duas e quatro patas. Basta a mulher descobrir que está grávida para olhar com desconfiança para os animais. "Será que eles podem fazer mal para o meu bebê enquanto ele ainda está na barriga?", pergunta-se a futura mãe. A preocupação tem lógica. Algumas doenças especialmente graves na gestação podem ser transmitidas, principalmente, pelas fezes dos animais. Mas o risco não é tão grande quanto se pinta. Tomados os devidos cuidados, os animais podem ser bons companheiros durante os nove meses.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra, e divulgada em fevereiro passado, mostrou que gestantes que têm cachorro tendem a manter os níveis ideais de atividade física durante a gestação. Foram avaliadas 11 mil gestantes e observou-se que as proprietárias de cães são 50% mais propensas a alcançar os 30 minutos diários de atividades recomendadas. Isso sem falar no carinho que os animais têm a oferecer, bom em qualquer fase da vida.

Veja o que é verdade e o que é mito sobre ter animais durante a gestação:

Não posso conviver com gatos durante a gestação
Mito: as pessoas imaginam isso por conta da toxoplasmose, doença que pode ser transmitida pelas fezes do animal. Nelas pode estar o parasita transmissor da doença, contraída quando a pessoa entra em contato com o coco. Muitas pessoas têm toxoplasmose e sequer ficam sabendo, porque não apresentam sintomas. O problema é infectar-se pela primeira vez durante a gestação. Quando isso acontece, há uma chance de 50% de passar a doença para o feto. "Nesse caso, a doença pode causar sérios problemas como catarata, atraso no crescimento, aumento do fígado e do baço, hidrocefalia e retardo mental", explica o ginecologista Renato Ferrari, do Hospital Universitário Clementino Fraga, no Rio de Janeiro. 
Como resolver: "Não precisa se desfazer do animal, mas peça para outras pessoas limparem as fezes e lave as mãos constantemente", diz o obstetra Eduardo Zlotinik, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. "Às vezes, a mulher até é imune, porque já teve a doença", completa ele. As fezes não devem ficar expostas por muito tempo, pois ressecam e as partículas podem ser inaladas.

Hamsters podem causar infecção
Verdade: esses animais podem carregar um vírus chamado Lymphocytic choriomeningitis. A infecção se dá pelo contato com a urina, sangue ou saliva do roedor e pode causar defeitos congênitos no bebê ou aborto.
Como resolver: vale a mesma dica com relação aos gatos: deixe para outros a limpeza, principalmente da gaiola onde vive o animal. Nesse caso, é melhor evitar o contato com o bichinho durante a gestação, por causa da saliva. 
 

Cães podem transmitir doença
Mito: o melhor amigo do homem é o melhor companheiro da gestante no mundo animal. "Se o cachorro for conhecido e viver na casa há algum tempo, não há risco de provocar doenças que ofereçam risco ao bebê", diz o ginecologista Eduardo Zlotnik. O cuidado, principalmente com animais de grande porte, é evitar que eles pulem sobre o abdome ou provoquem a queda da dona, que fica com o ponto de equilíbrio deslocado por causa da barriga.

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Animais de rua podem oferecer perigo
Verdade: não se deve acolher em casa animais que estejam vivendo nas ruas, de origem desconhecida. "Eventuais mordidas e arranhões podem estar infectados por bactérias e fungos e é contra-indicado que a gestante tenha contato com algumas drogas usadas para tratá-los", diz a ginecologista Elizabete Dobao, da Clínica Curart, no Rio de Janeiro. É impossível saber se estão vacinados (e podem estar infectados com raiva).
Como resolver: se você realmente quiser dar abrigo ao animal,  peça a alguém que ajude a levá-lo ao veterinário para certificar-se de que ele é sadio. Também pode ser uma boa providência deixá-lo de quarentena com algum amigo antes de colocá-lo dentro de casa. Mas se é apenas um cachorro passeando com o dono que você gostaria de fazer carinho, não custa evitar. 

Répteis devem ser evitados
Verdade: embora não seja muito comum ter cobras, lagartos e tartarugas em casa, há quem goste. Esses animais podem ter uma infecção por bactéria, a salmonelose. Mesmo que o animal não esteja doente, há chances de carregar a bactéria, que é mais agressiva para o organismo humano que para o dele. A infecção provocada por salmonela provoca náuseas, vômitos, diarreia, dores abdominais, febre e dor no corpo. Como o sistema imunológico da gestante é mais frágil, as chances de infecção são ainda maiores.
Como resolver: deixar os animais no quintal, longe do contato direto com a gestante. Caso viva em apartamento ou em uma casa pequena, pode deixar o animal na casa de amigos ou procurar um hotelzinho para cuidar dele até o final da gestação.

Pássaros são totalmente seguros
Mito: alguns pássaros são reservatórios naturais de doenças, isso é, carregam o agente infeccioso sem adoecerem e podem transmitir o mal para os humanos. Uma dessas doenças é a psitacose, transmitida por papagaios, araras e periquitos, principalmente. A contaminação se dá ao aspirar as fezes ressecadas dos emplumados. A doença não causa mal ao feto, mas à gestante, que pode apresentar febre, tosse, dor de cabeça e prostração.
Como resolver: é bom lembrar que, embora possa ocorrer, o contágio é raro em adultos. Por isso, não há necessidade de se desfazer do animal. Basta pedir para que alguém limpe as gaiolas e mantê-las sempre higienizadas, evitando que as fezes ressequem e se espalhem pelo ar.