Gestação

Blitz na casa do pediatra

Mamatraca

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  • Paola Saliby/UOL

    Queria ver se os pediatras fazem na prática tudo aquilo que aconselham nos consultórios, livros e palestras

    Queria ver se os pediatras fazem na prática tudo aquilo que aconselham nos consultórios, livros e palestras

Uma vez eu escrevi no meu blog que tinha vontade de fazer uma blitz na casa de todos os pediatras e educadores que têm filhos pequenos. Queria ver se eles conseguem fazer na prática tudo aquilo que aconselham nos consultórios, livros e palestras.

Colocar a criança para dormir no berço ainda acordada, por exemplo. Nunca consegui. Será que esses médicos conseguem botar os filhos acordados no berço para que eles durmam sozinhos? Será que todos que aconselham isso tiveram filhos e conseguiram? Duvido.

E dar comida com a criança sentadinha no cadeirão, todos os dias? Será que conseguem também? Sem brinquedinhos para distrair? Ahã, quero ver.

Mas o mais legal daquele post não foram os comentários das outras mães, que também queriam pegar seus doutores em flagrante, mas a resposta de um pediatra que apareceu para defender a categoria. Bem-humorado, ele captou o espírito da minha mensagem e deu essa ótima resposta, que funciona como um alívio no coração de qualquer família "normal".

Vejam só, ele respondeu que sim, os pediatras também têm filhos melequentos e birrentos!!! (isso aqui está parecendo aquelas seções de revistas femininas que mostram as celebridades no supermercado e dizem na legenda: a Juliana Paes também vai às compras, óóó!!!).

Aqui vai o comentário do doutor pediatra:

"Vou me apresentar rapidamente pra ninguém se sentir enganada: sou médico pediatra, sou pai de três e não, não tenho consultório. Mas gostei muito da ideia do post, porque, de vez em quando, isso é motivo de riso lá em casa. Claro que pediatras e educadores são gente como todo mundo e estão sujeitos a se defrontarem com situações difíceis, que não dependem só de conhecimento.

Também estão sujeitos às mesmas emoções de insegurança, culpa e prazer, que todos os clientes apresentam. Também têm background familiar e social, que nem sempre corresponde à literatura científica. Também têm filhos melequentos, birrentos, superdotados, filhos incapazes, filhos deficientes, sogras opressoras, cônjuges omissos, contas pra pagar, férias vencidas.

Cada criança tem um jeito diferente das demais, mesmo diferente dos irmãos, que se modifica ao longo do tempo. Os pais também. Imagina se algum profissional consegue, realmente, personalizar totalmente um conselho? Nem que morasse na casa do cliente.

E, em sua própria casa, o pediatra ou o educador não é o profissional do "office". É o pai, a mãe, cansado, querendo tomar banho. As crianças não são os filhos dos clientes, que ficam 40 minutos na consulta e vão embora. São seus filhos, que o conhecem, têm sentimentos e antagonismos com ele, e de quem ele só "se livra" quando vai para o trabalho. Hahahaha...

Então, acreditem, nós, profissionais donos da verdade, também somos humanos."

Blitz? Não faça isso. Você vai se arrepiar...

Roberta Lippi

Roberta Lippi, jornalista, é mãe da Luísa (6 anos) e da Rafaela (3 anos). É uma das blogueiras mais antigas na área de maternidade e está sempre antenada nas discussões sobre educação e comportamento. Vive uma mistura de fases em casa, e rebola para conseguir não deixar cair nenhum pratinho. Sente que se tornou uma mãe muito melhor por causa da internet, lugar onde encontrou a informação de qualidade e a verdade que não achou nos livros e nos consultórios de pediatra. Prefere a linha do "equilíbrio", ou do "meio termo" na maioria das vezes, mas também sabe rodar a baiana quando acha que deve. www.mamatraca.com.br

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