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Uso exagerado das 'telinhas' pode insensibilizar crianças

Estudo questiona uso excessivo de tablets e celulares por crianças - Thinkstock
Estudo questiona uso excessivo de tablets e celulares por crianças Imagem: Thinkstock

31/08/2014 12h32

Um estudo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, indica que o uso exagerado de equipamentos digitais pode atrapalhar a capacidade de crianças em reconhecer emoções de outras pessoas.

Pesquisadores do departamento de psicologia observaram 105 alunos de 11 e 12 anos, divididos em dois grupos, e perceberam que depois de cinco dias sem acesso às telas de celulares, tablets ou televisores, eles passaram a identificar emoções muito melhor.

No estudo publicado na revista especializada "Computers in Human Behaviour", os psicólogos afirmam que o efeito da mídia digital pode ser muito mais danoso que se imagina. "Muitos olham para os benefícios da mídia digital na educação, mas não há muitos que estudam o custo disso", afirmou uma das autoras da pesquisa, Patricia Greenfield. "Sensibilidade reduzida diante de sinais emocionais, ou uma certa perda da capacidade de entender as emoções dos outros, é um deles", disse. Ela diz ainda que a troca da interação interpessoal pela interação via telas parece estar reduzindo o "traquejo social".
 
Os alunos da rede pública californiana foram separados em dois grupos: 51 passaram cinco dias no Instituto Pali, um acampamento para ciência e natureza cerca de 110 km a leste de Los Angeles, enquanto os outros 54 continuaram em sua escola em Los Angeles (eles também passaram cinco dias no acampamento depois do estudo).
O acampamento não permite o uso de equipamentos eletrônicos, o que muitos alunos acharam difícil nos primeiros dias. No entanto, a maioria se adaptou à situação rapidamente.
 
No início do estudo, ambos os grupos tiveram avaliada a capacidade de reconhecer emoções em outras pessoas através de fotos e vídeos. Depois de cinco dias no Instituto Pali, os 51 alunos apresentaram uma melhora significativa nesta capacidade. Já os que continuaram imersos nas "telinhas" não tiveram grande melhora. "Não se pode aprender a ler sinais não-verbais a partir de uma tela da mesma forma que se aprende na comunicação cara a cara. Sem essa prática, perde-se importantes habilidades sociais", disse outra autora do estudo, Yalda Uhls.
 
O conselheiro do governo britânico para questões de infância, Reg Bailey, também recentemente criticou o uso excessivo de equipamentos eletrônicos. Para ele, os pais estão deixando as "telas assumirem o controle" e recomendou que as famílias passassem mais tempo conversando. Bailey afirmou que as famílias deveriam considerar "refeições sem-telinhas" para estimular o contato pessoal.