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Veja situações que geram estresse para os pais no fim do ano e saiba como lidar

Chegar um pouco mais cedo ou levar o filho para o escritório pode ajudar quando as férias não coincidem - Thinkstock
Chegar um pouco mais cedo ou levar o filho para o escritório pode ajudar quando as férias não coincidem Imagem: Thinkstock

Eduardo Zanelato

Do UOL, em São Paulo

19/12/2012 08h05

Sinônimo de alegria para muitos, as festas de fim de ano implicam em uma série de compromissos a serem cumpridos e situações que podem deixar os pais ansiosos e preocupados. Para ajudar as famílias a desfrutarem o período sem estresse, o UOL Gravidez e Filhos reuniu dicas de especialistas. Confira a seguir.

Crianças de férias, adultos, não

Os pais devem procurar se revezar para passar seu tempo livre com a garotada e planejar brincadeiras e passeios nos finais de semana. “Eles podem tentar almoçar em casa ou chegar mais cedo do trabalho”, afirma José Martins Filho, professor titular emérito de pediatria da Unicamp e autor de “Quem Cuidará das Crianças? A Difícil Tarefa de Educar os Filhos Hoje” (Papirus Editora), entre outros livros.

Outra ideia é combinar visitas a parentes. “É muito bom conviver com outros arranjos familiares em uma casa com um funcionamento diferente”, diz Elizabeth Brandão, psicóloga clínica e professora da PUC de São Paulo.

Segundo Ricardo Monezi, psicobiólogo e pesquisador do Instituto de Medicina Comportamental da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), levar os filhos para acompanhar um dia de trabalho, se for viável e seguro, pode ser um programa interessante para as férias.

Marisol Montero Sendin, coordenadora da Brinquedoteca Terapêutica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, afirma que os programas de verão das escolas e os acampamentos podem ser alternativas para o período.

A psicóloga Elizabeth ainda sugere que pais de crianças da mesma turma se juntem para contratar uma auxiliar da escola para brincar com elas em uma praça, parque ou na área de lazer do condomínio de alguma das famílias. “Para caracterizar as férias, é importante deixar que os filhos decidam as brincadeiras e como vão realizá-las.” A especialista diz que os adultos não devem se guiar pela culpa por não estarem 100% disponíveis. “Ela é uma péssima conselheira e nos leva a abrir mão de princípios importantes.”

Os filhos querem dar presentes para todo mundo

Que tal sugerir que eles produzam lembrancinhas com as próprias mãos e auxiliá-los nessa tarefa? “A ideia é criar cartões, desenhos e colagens para oferecer aos professores, por exemplo”, diz Marisol.

Monezi, da Unifesp, afirma que, além de diminuir o impacto no orçamento familiar em um período tão cheio de gastos como o final do ano, presentes artesanais ainda contribuem com o desenvolvimento infantil ao estimular o interesse pelas artes.

Outra saída é comprar opções prontas mais em conta, respeitando o interesse de cada faixa etária. Na tradicional brincadeira de amigo-secreto, livros de colorir são um ótimo presente para as crianças de três a seis anos e jogos tradicionais –como dominó, damas e quebra-cabeças– para aquelas de sete a 11.

É imprescindível estabelecer um limite de gasto para o filho e deixá-lo claro. “Se o pai ou a mãe cede à pressão da criança, vai se irritar e cobrá-la depois”, afirma Elizabeth.

Sobram eventos para as crianças, falta tempo para os pais

A organização é fundamental para cumprir a agenda e evitar frustrações. “Caso dois compromissos ocorram no mesmo dia, proponha dividir o tempo e demonstre que, se houver planejamento, é possível se divertir um pouco em cada lugar”, diz Monezi. Se for inviável participar de todos, a solução é escolher em qual evento ir e explicar para a criança.

Escute o que seu filho tem a dizer, mas não se deixe enrolar por ele. “As crianças devem ser ensinadas a opinar, a saber ouvir e a respeitar as decisões do grupo, porém não podem controlar a programação da família”, declara o psicobiólogo da Unifesp.

Pais recém-separados precisam declarar trégua

O casamento acabou, mas o bem-estar das crianças tem de ser prioridade. “Além de ser metade de um casal separado, você é pai ou mãe e vai ter de fazer um esforço consciente para não provocar nem dar o troco e garantir que tudo transcorra de maneira no mínimo civilizada”, afirma a psicóloga da PUC.

Para Monezi, nesse momento, é importante dar voz aos filhos. “Os desentendimentos, o orgulho e as questões pessoais devem ser deixados de lado. A opinião e a vontade deles também devem ser respeitadas.”

Com as emoções em ordem, a solução é dividir quem fica com as crianças no Natal e quem fica no Ano Novo, revezamento que pode ser aplicado nas férias.

O bom senso também tem de prevalecer para que nenhum dos adultos envolvidos empurre para o outro a responsabilidade total de ficar com os filhos nesse período. “Pior é quando os pais querem viajar sozinhos, retomar suas vidas e começa um jogo de empurra-empurra. É uma situação extremamente dolorosa para as crianças”, afirma Elizabeth.

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    Se não vai conseguir comprar o presente que seu filho quer, não invente desculpas

Não foi possível comprar o presente prometido

Nem pense em mentir. “É preciso conversar e não ter vergonha de falar abertamente. Não há outra maneira de resolver”, fala o pediatra José Martins Filho.

De acordo com Monezi, o caminho é conversar deixando claro que você teve a intenção de atender, mas não conseguiu, seja por motivo financeiro ou por não ter encontrado o que a criança queria.

“O que não vale é achar o presente caro e fingir que não o encontrou. Mentir dá mais trabalho e é um péssimo exemplo. Diga que mudou de ideia e explique o porquê”, diz Elizabeth.

Uma viagem muito desejada pelos filhos foi cancelada

Procure pensar em um plano B, planejando outra viagem, mesmo que seja para um lugar mais próximo. “Se os pais ficam frustrados, não querem fazer mais nada, como podem esperar que a criança tenha maturidade e seja capaz de lidar com a situação?”, questiona Elizabeth. O improviso pode acabar proporcionando memórias inesquecíveis.

A família enfrenta uma crise e não há clima para festas

Seja em função da morte de um familiar ou de um problema financeiro, o diálogo é a melhor saída para superar a situação. “Muitas vezes, pais e filhos passam por provações nesta época e nada mais humano do que estar próximo, conversar, ouvir e deixar que os sentimentos venham à tona. Mas é responsabilidade dos adultos ajudar a trocar a tristeza pela saudade e pelas boas lembranças, e ensinar que esses momentos estimulam nosso crescimento”, declara Monezi.

Adultos e crianças reagem de forma diferente aos problemas, por isso, se o filho não está tão desanimado quanto os pais, pode ser liberado para comemorar na casa de um parente ou de um amigo. “No caso de dificuldades financeiras, pode-se realizar uma comemoração possível e que talvez seja muito gratificante para todos”, fala Marisol.

A criança adoeceu justamente no fim do ano

Reveja os planos e aproveite as festas como puder. “Dependendo da doença e de sua gravidade, é possível desfrutar as festividades. Basta criar um clima apropriado e demonstrar para a criança que a felicidade e a esperança podem contribuir para sua recuperação”, afirma o especialista da Unifesp.

Para uma comemoração viável e segura, os pais devem ficar atentos às restrições médicas, sejam elas alimentares ou físicas. “Use a criatividade no cardápio, na decoração e nas brincadeiras. Não permita que a criança se sinta sozinha ou culpada por atrapalhar a programação da família.”

Castigar ou não, eis a questão

Quem foi mal na escola perde o presente ou a viagem de fim de ano? A psicóloga Elizabeth, da PUC de São Paulo, discorda de condicionar as férias ao desempenho escolar porque a família toda acaba sendo punida. “É mais fácil atrelar a presentes, o que deve ser combinado previamente, no começo do ano.”

Para o pediatra José Martins Filho, antes de punir, os pais precisam entender a razão de o filho ter se saído mal nos estudos e avaliar o papel que eles próprios tiveram nesse desfecho. “Os pais o acompanharam adequadamente? Falaram com os professores?" Segundo Monezi, a família deve tomar uma atitude para que o filho perceba que o maior prejudicado na situação foi ele.